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Evento de Comunicação da UFMA Imperatriz amplia debate sobre narrativas e resistência na Amazônia
Os painéis do SIMCOM 2025 reuniram pesquisadores e profissionais da comunicação para debater sobre acesso à informação e processos comunicacionais na Amazônia
As práticas comunicacionais no território amazônico foram o foco principal do 19º Simpósio de Comunicação da Região Tocantina (SIMCOM), realizado nos 10, 11 e 12 de dezembro, no Centro de Ciências de Imperatriz (CCIm). O evento é promovido pelo curso de Jornalismo em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), do Câmpus Imperatriz, da Universidade Federal do Maranhão.
A edição deste ano teve como tema “Amazônia em comunicação: identidades, narrativas e resistências”. A programação contou com minicursos, painéis, apresentação de trabalhos em Grupos de Trabalho (GTs), lançamento de livros e mostra de produtos na ExpoSimCom. O membro da comissão organizadora, professor Ricardo Alvarenga, destacou que o SIMCOM foi um sucesso devido à participação expressiva dos alunos, professores e convidados, que vieram de outras cidades e de outras instituições, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Tocantins (UFTO) e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). “Esse evento, para nós, é a coroação de um debate que foi acontecendo ao longo de todo o ano aqui na Universidade e em outros espaços, aproveitando, também, o debate nacional e mundial sobre a Amazônia, sobre o cuidado com a nossa casa, com o universo, com o nosso planeta, claro, todo o debate sobre mudanças climáticas e dignidade para as pessoas que vivem aqui na Amazônia e que querem ter as suas vozes efetivamente ouvidas”, pontuou.
O CEO da Insight Tech, mentor de comunicação e ex-repórter da TV Mirante, Sidney Pereira, ministrou o minicurso “Jornalismo na Amazônia: vozes locais, impactos reais” e participou do painel “Informação em disputa: jornalismo e resistência na Amazônia”. Em entrevista à Rádio SIMCOM, Sidney ressaltou que “parece que a gente ainda não entendeu que tem gente na Amazônia. E eu gostaria muito que eles [os participantes] entendessem que, quando se fala de Amazônia, a gente não está falando só da árvore ou de bicho. Nós também estamos falando de gente, de cultura e de vozes que precisam muito ser ouvidas, vozes que nunca devem ser esquecidas. Embora o jornalismo esteja passando por um processo profundo de confiabilidade, de desconfiança, pelos desafios das fake news, ele faz muito sentido na vida das pessoas. E o jornalismo é necessário porque tem vozes precisando ser ouvidas, e esse é o nosso papel”.

Em quase duas décadas, o SIMCOM tem se consolidado como evento nacional, atraindo estudantes e pesquisadores de instituições de outros estados, como Tocantins e Pará
O SIMCOM foi marcado pelos debates em torno da produção de informação dentro dos territórios amazônicos, evidenciando a atuação das comunidades tradicionais na luta contra o avanço do agronegócio, do desmatamento, da mineração e da crise climática. Raimundo Quilombola, comunicador popular e criador da Rádio e TV Quilombo, reforçou que a comunicação ancestral tem grande potencial para contribuir com o mundo moderno e digitalizado. “Ainda há uma barreira muito grande para esse meio aceitar as nossas formas de comunicação. A comunicação que a ancestralidade traz é uma potência e tem que ser vista como potência, como importante e necessária para a vida de um povo”, reiterou.
Ao longo de três dias passaram pelo evento mais de duzentos participantes, entre estudantes da graduação e da pós-graduação, docentes, pesquisadores e profissionais da comunicação. A egressa do curso de Jornalismo Keliane Costa participou da ExpoSIMCOM com a apresentação do produto experimental que ela desenvolveu para a conclusão do curso. “Poder voltar e reapresentar meu projeto é muito bom. Rever os professores e alguns amigos que vieram apresentar, também, é muito interessante para a gente. A troca com os outros profissionais é rica porque a gente pode pensar em outras ideias, em outros projetos e até em como levar o nosso próprio que está sendo apresentado naquele momento para a frente. Eu, como pesquisadora, fico muito feliz em poder voltar todas as vezes para essa casa, porque eu sou filha da UFMA”, assegurou.
A acadêmica do quinto período de Jornalismo Luiza Ribeiro compôs a monitoria da comissão de cultural e a de comunicação. “Esse SIMCOM foi muito diferente para mim. Eu gostava de participar como observadora, mas, agora, participando da organização, eu me senti parte do evento. O que eu mais gostei foi observar como os alunos se engajam nas atividades. Tudo ficou bem-feito porque trabalhamos juntos”, comentou Luiza.

Na ExpoSIMCOM, estudantes e pesquisadores apresentam suas produções comunicacionais e científicas em sete eixos competitivos
O simpósio ainda contou com atividades culturais, como a apresentação do espetáculo de teatro “Escorregou, foi na calçada!”, da Companhia Afro de Teatro Reinvent’arte (CIARTE), e a exposição “Entre Linhas e Lutas: a experiência de autonomia das mulheres de Piquiá através do bordado livre”, de Jordania Silva.
Ao término do evento, foi anunciado que “Inovação em mídias locais: desafios e experimentações” será o tema da vigésima edição, que ocorrerá em 2026. O SIMCOM é realizado desde 2007, ano em que o curso de Jornalismo foi implantado em Imperatriz, e, ao longo de 19 anos, tem abordado temáticas que estimulam os estudantes a investirem no desenvolvimento de pesquisas e aprimorarem a capacitação e atuação profissional.
Por: Sebastião Rocha - Núcleo de Comunicação CCIm
Fotos: SIMCOM
Revisão: Jáder Cavalcante