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Estudo de docentes de Oceanografia identifica presença de metais em peixes da região metropolitana de São Luís
Em estudo publicado recentemente na revista Marine Pollution Bulletin, professores do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão investigaram a presença de metais no tecido muscular de peixes capturados nas baías de São Marcos, São José e Arraial. Segundo o artigo intitulado “Determination of metals in estuarine fishes in a metropolitan region of the coastal zone of the Brazilian Amazon”, publicado em dezembro de 2022, as substâncias representam um risco tanto para a vida marinha quanto para a saúde da população.
O artigo é resultado de um dos capítulos da tese do professor Marcelo Henrique Lopes (foto à direita), egresso do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia, da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal Bionorte. Atualmente, o pesquisador compõe o corpo docente do Departamento de Oceanografia e Limnologia, no qual exerce o cargo de chefia.
Segundo o professor Lopes, a pesquisa avaliou os níveis de cádmio, cromo, cobre, ferro e manganês no tecido muscular de cinco espécies de peixes capturadas no Golfão Maranhense: Sciades herzbergii, bagre guribu, (onívora); Cetengraulis edentulus, sardinha verdadeira (herbívora); Macrodon ancylodon, pescadinha boca mole, (carnívora); Pseudauchenipterus nodosus, papista, (dentritívora) e; Stellifer rastrifer, cabeçudo vermelho, (carnívora). A escolha das espécies foi feita com base nas diferenças em hábitos alimentares, a fim de observar a presença das substâncias em diferentes níveis tróficos. “Investigamos a contaminação por metais na Baía de São Marcos, onde estão instalados os grandes empreendimentos da nossa região, e também nas áreas carentes de pesquisas e dados, como as baías de São José e Arraial”, explicou.
Os resultados obtidos indicaram presença desses metais acima dos limites estabelecidos por diferentes diretrizes nacionais e internacionais, nas três baías estudadas. Em todas as espécies analisadas, foram encontradas altas concentrações de ferro, bem como de manganês, que foi mais frequente em amostras da baía de São José.
A alta concentração desses elementos, ressaltou Lopes, pode ocasionar riscos aos peixes, como problemas fisiológicos e metabólicos, bem como à saúde dos seres humanos que consomem esses organismos. “A descarga fluvial é uma das principais fontes de ferro dissolvido, assim, os fortes aportes de água doce para o Golfo do Maranhão constituem fator determinante. Além disso, o porto recebe navios cargueiros que transportam ferro, o que pode explicar a alta concentração desse elemento nas amostras analisadas. Com relação ao manganês, a fonte mais comum deste elemento no sistema estuarino é a descarga de efluentes industriais e esgotos domésticos”, ponderou.
Além do professor Marcelo Lopes, assinaram o artigo o professor Jorge Luíz Silva Nunes, responsável pela orientação da pesquisa; a professora Marianna Jorge Basso, coorientadora do trabalho; e, como colaboradores, os professores Antônio Carlos Leal de Castro, Iranaldo Santos da Silva, James Werllen de Jesus Azevedo, Leonardo Silva Soares, Arkley Marques Bandeira e a pesquisadora Patrícia Fernanda Pereira Cabral.
Golfão Maranhense
O Golfão Maranhense é localizado na porção mais setentrional do Estado do Maranhão e é composto pelas baías de São Marcos, São José e Arraial, separadas pela Ilha de São Luís.
A Baía de São Marcos fica a oeste da ilha e constitui um estuário ativo onde convergem os rios Mearim e Pindaré. As marés mais intensas do golfo são registradas na foz dessa baía. A Baía de São José fica a leste da ilha, tem profundidades rasas e recebe águas dos rios Itapecuru e Munim. A baía de Arraial fica a sudeste da ilha e é formada por vários afluentes da Bacia do Rio Itapecuru. Também troca massas de água com a Baía de São Marcos através do estreito dos Mosquitos.
O Golfo do Maranhão é classificado como uma região de alta energia e está constantemente submetido aos efeitos combinados das correntes costeiras geradas por diferentes forças hidrodinâmicas, como marés, ondas e ventos alísios, bem como à descarga de vários rios, formando um grande complexo estuarino.
Saiba mais
Periódico científico internacional com conceito Qualis A1, o Marine Pollution Bulletin cobre os recursos marítimos e marinhos nos estuários, mares e oceanos, bem como a documentação da poluição marinha e a introdução de novas formas de medição e análise. Uma ampla gama de tópicos são discutidos como notícias, comentários, análises e relatórios de pesquisa, não apenas sobre descarte de efluentes e controle de poluição, mas também sobre gestão, aspectos econômicos e proteção do meio ambiente marinho em geral.
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Por: Orlando Ezon
Produção: Alan Veras
Revisão: Jáder Cavalcante