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Estudo de docentes de Oceanografia identifica presença de metais em peixes da região metropolitana de São Luís

publicado: 19/01/2023 13h26, última modificação: 20/01/2023 19h09

Em estudo publicado recentemente na revista Marine Pollution Bulletin, professores do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão investigaram a presença de metais no tecido muscular de peixes capturados nas baías de São Marcos, São José e Arraial. Segundo o artigo intitulado “Determination of metals in estuarine fishes in a metropolitan region of the coastal zone of the Brazilian Amazon”, publicado em dezembro de 2022, as substâncias representam um risco tanto para a vida marinha quanto para a saúde da população.

O artigo é resultado de um dos capítulos da tese do professor Marcelo Henrique Lopes (foto à direita), egresso do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia, da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal Bionorte. Atualmente, o pesquisador compõe o corpo docente do Departamento de Oceanografia e Limnologia, no qual exerce o cargo de chefia.

Segundo o professor Lopes, a pesquisa avaliou os níveis de cádmio, cromo, cobre, ferro e manganês no tecido muscular de cinco espécies de peixes capturadas no Golfão Maranhense: Sciades herzbergii, bagre guribu, (onívora); Cetengraulis edentulus, sardinha verdadeira (herbívora); Macrodon ancylodon, pescadinha boca mole, (carnívora); Pseudauchenipterus nodosus, papista, (dentritívora) e; Stellifer rastrifer, cabeçudo vermelho, (carnívora). A escolha das espécies foi feita com base nas diferenças em hábitos alimentares, a fim de observar a presença das substâncias em diferentes níveis tróficos. “Investigamos a contaminação por metais na Baía de São Marcos, onde estão instalados os grandes empreendimentos da nossa região, e também nas áreas carentes de pesquisas e dados, como as baías de São José e Arraial”, explicou.

Os resultados obtidos indicaram presença desses metais acima dos limites estabelecidos por diferentes diretrizes nacionais e internacionais, nas três baías estudadas. Em todas as espécies analisadas, foram encontradas altas concentrações de ferro, bem como de manganês, que foi mais frequente em amostras da baía de São José.

A alta concentração desses elementos, ressaltou Lopes, pode ocasionar riscos aos peixes, como problemas fisiológicos e metabólicos, bem como à saúde dos seres humanos que consomem esses organismos. “A descarga fluvial é uma das principais fontes de ferro dissolvido, assim, os fortes aportes de água doce para o Golfo do Maranhão constituem fator determinante. Além disso, o porto recebe navios cargueiros que transportam ferro, o que pode explicar a alta concentração desse elemento nas amostras analisadas. Com relação ao manganês, a fonte mais comum deste elemento no sistema estuarino é a descarga de efluentes industriais e esgotos domésticos”, ponderou.

Além do professor Marcelo Lopes, assinaram o artigo o professor Jorge Luíz Silva Nunes, responsável pela orientação da pesquisa; a professora Marianna Jorge Basso, coorientadora do trabalho; e, como colaboradores, os professores Antônio Carlos Leal de Castro, Iranaldo Santos da Silva, James Werllen de Jesus Azevedo, Leonardo Silva Soares, Arkley Marques Bandeira e a pesquisadora Patrícia Fernanda Pereira Cabral. 

Golfão Maranhense

O Golfão Maranhense é localizado na porção mais setentrional do Estado do Maranhão e é composto pelas baías de São Marcos, São José e Arraial, separadas pela Ilha de São Luís.

A Baía de São Marcos fica a oeste da ilha e constitui um estuário ativo onde convergem os rios Mearim e Pindaré. As marés mais intensas do golfo são registradas na foz dessa baía. A Baía de São José fica a leste da ilha, tem profundidades rasas e recebe águas dos rios Itapecuru e Munim. A baía de Arraial fica a sudeste da ilha e é formada por vários afluentes da Bacia do Rio Itapecuru. Também troca massas de água com a Baía de São Marcos através do estreito dos Mosquitos.

O Golfo do Maranhão é classificado como uma região de alta energia e está constantemente submetido aos efeitos combinados das correntes costeiras geradas por diferentes forças hidrodinâmicas, como marés, ondas e ventos alísios, bem como à descarga de vários rios, formando um grande complexo estuarino. 

Saiba mais

Periódico científico internacional com conceito Qualis A1, o Marine Pollution Bulletin cobre os recursos marítimos e marinhos nos estuários, mares e oceanos, bem como a documentação da poluição marinha e a introdução de novas formas de medição e análise. Uma ampla gama de tópicos são discutidos como notícias, comentários, análises e relatórios de pesquisa, não apenas sobre descarte de efluentes e controle de poluição, mas também sobre gestão, aspectos econômicos e proteção do meio ambiente marinho em geral.

Para acessar o artigo, clique aqui.

Por: Orlando Ezon

Produção: Alan Veras

Revisão: Jáder Cavalcante

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