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Estudantes de pós-graduação iniciam intercâmbio pelo Programa de Mobilidade Acadêmica Internacional Abdias Nascimento, da CAPES
Doze pós-granduandos brasileiros iniciam o intercâmbio com pesquisas do projeto Juventudes na Amazônia Oriental - educação e diversidade étnico-racial em contextos afrodiaspóricos
Teve início o processo de mobilidade acadêmica internacional no âmbito do Programa Abdias Nascimento, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Doze estudantes brasileiros foram selecionados no projeto interinstitucional e internacional “Juventudes na Amazônia Oriental: educação e diversidade étnico-racial em contextos afrodiaspóricos” , que reúne as instituições Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a University of Birmingham (Reino Unido) e a Universidad Externado de Colombia (Colômbia).
O Programa tem por foco ampliar a cooperação internacional entre as instituições de ensino superior, tanto brasileiras quanto estrangeiras, tendo o objetivo da formação acadêmica de estudantes indígenas, negros e quilombolas.
A primeira turma iniciou sua mobilidade em 13 de outubro de 2025, com doze bolsistas selecionados para atuar em projetos que envolvem temas como Hip-Hop e letramento político, ancestralidade genética e identidade, educação afrorreligiosa, encarceramento feminino sob a óptica do feminismo abolicionista, práticas culturais como o Bumba Meu Boi, e o uso de tecnologias digitais na educação de jovens negros, indígenas e quilombolas.
O projeto terá duração de três anos e está estruturado em três fases: a primeira consiste na produção de indicadores sociais sobre juventudes e acesso ao ensino médio; a segunda envolve a sistematização desses dados em uma plataforma interativa; e a terceira promove intercâmbios remotos e presenciais entre jovens dos países envolvidos, com o objetivo de registrar expressões de resistência estética, política e cultural. Ao integrar pesquisa, formação e internacionalização, o programa Abdias Nascimento contribui para a construção de políticas públicas mais inclusivas e para o fortalecimento de redes acadêmicas comprometidas com a equidade racial e social.
A UFMA tem bolsistas do Programa de Pós Graduação e Sociologia (PPGS), do Câmpus de Imperatriz e do Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade (PPGCULT), em São Luís.
A bolsista Vitória Sousa, mestranda do PPGS (UFMA Imperatriz), vai realizar o intercâmbio na Universidad Externado de Colômbia e destaca que esse projeto a ajudará em sua pesquisa nomeada “Mulheres em Movimento: uma análise etnográfica acerca da juventude feminina nas práticas skatistas da Amazônia Oriental”, que analisa o protagonismo de jovens mulheres que praticam skate em Imperatriz, no Maranhão. O estudo identifica as gerações de skatistas enquanto discute a visibilidade midiática de Rayssa Leal na redefinição da identidade urbana da cidade.
“O skate feminino em Imperatriz é um fenômeno sociocultural bastante complexo, que conecta questões relacionadas a gênero, juventude e território. Essa realidade oferece uma lente poderosa para compreender as transformações sociais que vêm acontecendo em cidades médias da região amazônica”, explica a pesquisadora.
A docente e vice-coordenadora do PPGS (UFMA - Imperatriz), Karina Almeida de Sousa, explica que o projeto ABDIAS Nascimento é fruto de um programa relançado pela Capes, contendo dois editais, o primeiro tendo como foco o fortalecimento de redes nacionais de pesquisa, enquanto que o segundo buscava fortalecer as redes internacionais de pesquisa. “Nós participamos pelo PPGS desses dois editais, mas esse projeto específico se trata da internacionalização, da construção de uma rede de internacionalização de pesquisa nos temas sobre questões raciais, indígenas e quilombolas.” relatou a professora.
A docente ainda destaca que esse programa é de suma importância por seu compromisso com a internacionalização, o qual atende a elaboração de um projeto de pesquisa que vai produzir dados sobre as juventudes amazônicas, juventudes na Amazônia Oriental e, em particular, as juventudes negras, indígenas e quilombolas. “Esses dados produzidos vão depois ser publicizados por meio de uma plataforma on-line, então que a gente vai poder ter um pouco o resultado desse mapeamento e também de trabalhos que nós faremos, de trabalhos de entrevistas focais, enfim, grupos focais com jovens nesses três países, envolvendo aí as cinco instituições.” frisa a doutora.
A professora acredita que essa oportunidade fortalece as redes de pesquisa, tanto para a Universidade, ampliando nossas possibilidades de pesquisa e convênios com outras instituições de nível superior, quanto para a formação dos discentes que terão a oportunidade de conhecer a realidade de outras universidades com possibilidade de acesso a documentos, base de dados e, para além disso, a própria experiência de estar integrado no âmbito internacional para conhecer novas realidades sociais, econômicas e culturais.
Por: Henry Adrian e Naomi Rodrigues
Fotos: acervo do projeto
Revisão: Jáder Cavalcante