ENTREVISTA: Recém-graduada no curso de Educação Física pela UFMA recebe aprovação direta no seletivo do curso de doutorado da USP

Com o título “Efeitos da adição da estimulação elétrica nervosa transcutânea (Tens) durante um programa de caminhada para indivíduos com dor lombar crônica: ensaio clínico randomizado cego”, Jocassia Silva Pinheiro, recém-graduada no curso de Educação Física bacharelado e membra do grupo de pesquisa em Reabilitação, Exercício e Movimento (Removi) da Universidade Federal do Maranhão, recebeu aprovação direta no curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). Confira a entrevista que foi concedida à Diretoria de Comunicação (DCom) da Superintendência de Comunicação e Eventos (SCE) da UFMA, em que a pesquisadora aborda o processo de desenvolvimento da pesquisa e seu sentimento de ter alcançado essa etapa.

DCom: Como surgiu o interesse em submeter sua pesquisa em um programa de pós-graduação na USP?

Jocassia Pinheiro - Tudo começou no início de 2020, quando cheguei de uma viagem a São Paulo, onde participei de um curso de férias pela USP. O curso me proporcionou grandes vivências, conheci laboratórios e professores, e, diante disso, fiquei bastante entusiasmada com tudo que vi por lá. Então, meu orientador de graduação, o professor do Departamento de Educação Física da UFMA, Almir Vieira Dibai Filho, ao notar meu entusiasmo, sugeriu a proposta de submeter um projeto para o curso de mestrado na USP de Ribeirão Preto.

Em seguida, comecei o processo de escrita e, após a finalização, enviei o projeto e meu currículo lattes para o professor doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Rinaldo Guirro. Submetemos o projeto na plataforma Brasil, e, no dia 21 de outubro de 2020, o professor Rinaldo sugeriu a proposta ao doutorado direto, mas, para que isso ocorresse, teria que ser escrito um novo projeto, com a colaboração do professor Almir Dibai.

Tivemos que mudar a pesquisa, inicialmente seria apenas utilizada a impedância de pele em indivíduos com dor lombar e cervical com quadro agudo e crônico. Iriamos caracterizar a impedância nesses indivíduos. Já o projeto de doutorado direto tratou-se dos efeitos da adição da estimulação elétrica nervosa transcutânea (Tens) durante um programa de caminhada para indivíduos com dor lombar crônica, partindo de um ensaio clínico randomizado cego.

Dessa forma, escrevi um novo projeto e submeti novamente ao comitê de ética em pesquisa em seres humanos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. E obtivemos a aprovação no processo seletivo do doutorado direto.

DCom: Como sua pesquisa será desenvolvida?

JP - A dor lombar é uma das principais causas de anos vividos com incapacidade, afeta quase 80% dos indivíduos em algum momento da sua vida, é uma disfunção musculoesquelética prevalente, e apresenta uma etiologia multifatorial, com diagnóstico baseado no relato do paciente. De acordo com um estudo conduzido na população brasileira, a dor lombar está associada a uma grande perda de produtividade devido à ausência do indivíduo no trabalho, possuindo uma relação com elevados gastos com a saúde.

Por sua causa multifatorial, os recursos empregados na reabilitação desses pacientes são variados. Estudo recente destaca que o exercício é uma das ferramentas mais eficazes para a reabilitação desses indivíduos. Todavia uma das barreiras que dificultam a aderência e limitam a execução de exercícios nesses pacientes é a dor evocada pelo movimento.

Por esse motivo, vamos empregar a Tens, que promove uma analgesia pela liberação de neurotransmissores inibitórios e contribui para a redução da dor evocada pelo movimento. O objetivo do projeto é avaliar os efeitos clínicos da adição da Tens de alta frequência durante um programa de caminhada em voluntários com dor lombar crônica.

Dcom: Como foi sua trajetória acadêmica na UFMA?

JP – Ingressei em 2017.1 no curso de Educação Física bacharelado na Universidade Federal do Maranhão, colando grau no dia 23 de julho deste ano de 2021. Comecei a participar do grupo de pesquisa em Reabilitação, Exercício e Movimento no segundo período do curso e fui até o final da minha graduação. Fui aluna de Iniciação Científica por duas vezes, sempre com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Além disso, fui monitora na disciplina de Biomecânica e Cinesiologia.

Esses anos no grupo de pesquisa e sendo aluna de iniciação científica possibilitaram uma vivência extensa e significativa no meio científico e da pesquisa, o que rendeu cinco artigos publicados e quatro aceitos para publicação, e estou em dois deles como autora principal. Além disso, há também as minhas participações em congressos nacionais e internacionais, de forma presencial e on-line durante a pandemia. Apresentei meu trabalho de iniciação científica na Universidade Ceuma, onde ganhei o prêmio de melhor apresentação oral. E, por fim, realizei alguns cursos de capacitação na minha área de atuação ao longo da minha graduação.

DCom: Qual o sentimento de ter conseguido ingressar no doutorado direto logo após a conclusão da graduação?

JP – É um misto de sentimentos: emoção, satisfação, alegria, gratidão em ter conseguido almejar essa etapa. Foi um processo de muita dedicação e esforços. Por conta da minha trajetória acadêmica, tive muitas oportunidades na minha graduação que serviram de alicerce para o meu desenvolvimento no meio científico.

O meu orientador de graduação e de projeto, professor Almir Dibai, foi fundamental em todo esse processo, confiou no meu potencial (do qual muitas vezes eu duvidei) e me incentivou a me inscrever no programa de pós-graduação da USP. Foi um grande voto de confiança da parte dele. Agradeço a Deus por ter colocado em minha vida grandes professores, que me impulsionaram e me inspiraram, em especial, o meu orientador. E à minha família, por todo o apoio concedido. E sempre lembrando que coisas boas acontecem no caminho de quem está no caminho certo.

Por: Allan Potter

Revisão: Jáder Cavalcante