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ENTREVISTA: Professora Nilma Lima, do curso de Relações Públicas, fala sobre a experiência prática de planejamento de eventos por alunos em disciplina

publicado: 26/07/2022 12h52, última modificação: 26/07/2022 18h22

Como parte da disciplina “Planejamento e Execução de Eventos Organizacionais”, da professora Nilma Regina Mendes Lima, foram elaborados quatro painéis por alunos de Comunicação Social – Relações Públicas que tratam sobre assuntos dos mais diversos da área de comunicação e que muitas vezes não são devidamente discutidos, nos temas “Comunicar é moda?”, “Soft Skills: o que são?”, “Comunicação para a indústria criativa” e “Dá um start: um painel sobre comunicação em Startups”, ocorrendo este último hoje, 26, a partir das 18h,  no Casarão Tech Renato Archer, localizado na Rua da Estrela, 386, Centro.

Para falar sobre a experiência e sobre a formação prática dos discentes — inclusive no contexto de volta das atividades presenciais e de forma híbrida — a professora Nilma Lima, que também ministra a disciplina “Cerimonial e Protocolo” no mesmo curso da UFMA, concedeu uma entrevista à Diretoria de Comunicação (DCom) da Superintendência de Comunicação e Eventos (SCE) da UFMA.

DCom: Como surgiu a ideia de realizar os painéis na sua disciplina “Planejamento e Execução de Eventos Organizacionais”?

Nilma Lima – Eu ministro duas disciplinas que são requisitos uma da outra, “Cerimonial e Protocolo” e “Planejamento e Execução de Evento”. A proposta da disciplina de cerimonial é eles aprenderem como trabalhar esses cerimoniais e protocolos em eventos institucionais, que não visam a vendas e que trabalham com a imagem, o conceito e a reputação das organizações. Eles lidam muito com a relação de autoridade, poder e rituais. Quando os estudantes fazem essa disciplina, por causa da carga horária, acabam não tendo como organizar eventos. A princípio, fazemos avaliações teóricas, execução de trabalho em cases para que possam avaliar e trabalhar a prática. Em seguida, quando começamos a disciplina “Planejamento e Execução de Evento”, aprendem a organizar um evento, a definir o evento como estratégia.

A gente defende que o evento é uma estratégia de comunicação como jornal, revista entre outros. Para nós, não é um produto fim, é um produto meio, sendo uma estratégia de comunicação aproximativa que serve pra atingirmos um objetivo maior de relações públicas, que é justamente o relacionamento entre a empresa e os públicos, a questão dessa imagem e desse conceito.

Na disciplina, eles são ensinados como fazer toda essa idealização, definir sobre o evento, e são ensinados a trabalhar todo o planejamento. Aqui temos a proposta de um trabalho prático que, quando a gente termina a disciplina, precisamos organizar um evento real e de mercado para a sociedade, isso é uma questão da ementa e objetivo da disciplina.

Fazemos a divisão das equipes, e, nesse período, a turma foi dividida em quatro equipes, e, coincidentemente, todos escolheram o painel como evento, mas temos opções de ciclos de palestras, diálogos e vários tipos de eventos que tenham plateia e passagem de discussões que são apresentadas aos discentes.

Foi assim que surgiu a ideia de realizar os painéis, que sempre tem quatro palestrantes e é um tipo de evento que consegue mostrar à plateia momentos diferentes de uma mesma discussão, então cada palestrante consegue mostrar e apresentar uma vertente daquilo que se quer discutir.

A ideia não é confrontar ninguém, mas, sim, que cada um vá somando com as informações que o outro passou. Talvez por essa característica, ser uma soma de informações, os alunos prefiram esse modelo, em que podem organizar, planejar e avaliar, porque, quando terminarem a disciplina, ainda me entregarão uma avaliação, com tabulação dos dados dos formulários, interpretação e entrega de um relatório completo, desde o momento que idealizaram o evento até o planejamento, o projeto e o script do mestre de cerimonial, em que este conhecimento foi adquirido pela disciplina de “cerimonial e protocolo” que viram no semestre passado. Por isso elas são disciplinas que se complementam.

DCom: De que forma os temas de cada painel foram pensados e escolhidos?

NL – Muito livre, eu deixo todos os grupos livres para discussão, eles trazem os temas propostos, e eu peço sempre que não sejam temas comerciais, pois não posso fazer dentro da Universidade temas de vendas. A proposta da disciplina é fazermos eventos institucionais e que queiram fazer junto comigo, aí vou ponderando algumas coisas dentro dessas propostas, até chegarmos a um denominador comum nas escolhas dos temas.

Às vezes, o tema vem muito bruto, eu vou fazendo várias perguntas para eles, se seria impactante para o público a que se quer oferecer ou se é de interesse do aluno, porque, quando a gente faz evento, o tema tem que ter relevância para as pessoas que quero atingir, não é para mim, eu preciso gostar daquilo que vou fazer, ter ao menos empatia.

Os estudantes são avaliados por tudo isso, então eu faço várias perguntas no decorrer do processo de escolha, fazemos muitas reuniões e vamos ponderando sobre essas questões, se de fato aquele tema precisa ser daquela forma. Os temas são dados por eles, até porque precisam trabalhar as característica desse evento da maneira correta.

DCom: Quantas turmas de Relações Públicas já passaram por essa experiência? E como foi realizada durante a pandemia?

NL – Eu já ministro essa disciplina há 20 anos, e já foram muitas turmas, mas não tenho um número preciso. Eu chuto umas quarenta turmas, fora as turmas de Hotelaria em que eu também ministrei durante muitos anos a disciplina “Eventos para Hotelaria”, com a mesma proposta.

Em relação à pandemia, tivemos que fazer um ajuste, tivemos que, de certa forma, buscar novas informações para fazer eventos virtuais e trazer para a disciplina uma nova discussão que não estava na ementa sobre eventos virtuais, discussões sobre plataformas em que poderíamos trabalhar e os formatos. Nessa modalidade, conseguimos trazer para uma palestra Gilda Fleury, que é relações públicas e autora base das nossas duas disciplinas. Na ocasião, ela orientou sobre eventos virtuais nessa modalidade.

DCom: Por que alguns painéis serão feitos presencialmente e outros com transmissão on-line?

NL – Com o retorno da disciplina presencial, a gente vê agora que os eventos virtuais serão uma realidade dentro da nossa ementa, e aí vemos as características dessas duas modalidades. Eu dou muita autonomia para que as equipes decidam após mostrarmos os prós e os contras, e deixamos a cargo das equipes definirem qual das modalidades vão realizar. Foi uma coincidência nessa turma, em que dois escolheram eventos virtuais e dois escolheram presencias. Eu fiquei muito feliz, porque, dentro de uma mesma turma, teremos as duas experiências pela primeira vez.

DCom: O que os alunos estão achando da experiência?

NL – Ficam muito ansiosos, passam o curso todo para que possam realizar esse trabalho. Discutimos nessas duas disciplinas a importância da relação desse trabalho e a importância de fazer bem feito um trabalho profissional, porque é orientado que tenham postura profissional.

No começo da disciplina, bate aquele medo, mas tudo é coordenado. Faço questão de dar tudo muito mastigado, conceitos, orientações, como fazer, modelos, orientar e realizar muitas reuniões. Se o evento é presencial, eu vou aos locais com eles; se é on-line, fazemos testes de internet, plataforma, a gente faz ensaios, então, quando eles terminam o evento, saem hiper-realizados, por entender a importância disso, por todo o aprendizado que tiveram, todo o conhecimento que adquirem, e saem da disciplina superansiosos pelo mercado de trabalho, sabendo que estão bem-preparados para encarar qualquer evento que vier pela frente.

Uma pergunta que sempre faço ao final é se começaram essa disciplina com medo, sem saber de nada, sem saber que iam fazer um evento, mas finalizam com muitos elogios, com muitos conhecimentos e preparados para o mercado de trabalho.

Eu, como professora, tenho uma maneira de entender a academia, sou muito pragmática, eu acho muito importante dar a teoria, passar todos os ensinamentos, trabalhar muito com pesquisa, mas eu preciso fazer com que esses alunos, ainda na academia, pratiquem o que vão fazer no mercado, porque, no meu modo de fazer, penso que devo oferecer a eles muito mais preparação e segurança do que vão e podem fazer.

DCom: Há casos de produção acadêmica originada da disciplina, como artigos ou trabalhos de conclusão de curso?

NL – Sim, tanto na área de Hotelaria, quanto de Relações Públicas, monografias de alunos que se encantaram pela disciplina e também trabalhos de estudantes na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação – Expocom — que é um evento da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação —, a Intercom, em que inscrevem os trabalhos para que possam concorrer a premiações. Inclusive, já fomos premiados no Expocom, com o evento “Na dose certa”, um painel que falava da história e dos usos da cachaça no Maranhão, e com o outro evento, o “Deu Like”, que falava sobre a importância das redes sociais para empresas e instituições.

Por: Hemylly Mendes

Produção: Luciano Santos

Revisão: Jáder Cavalcante

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