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DIA DOS PROFESSORES(AS)

Em toda sala de aula, nasce uma grande história: UFMA celebra Dia dos Professores

publicado: 15/10/2025 11h54, última modificação: 15/10/2025 14h20
Em toda sala de aula nasce uma grande história: UFMA celebra Dia dos Professores

No dia 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor, uma data que homenageia o profissional que sempre está presente na formação de todos os outros profissionais. A homenagem faz referência à Lei do Ensino Elementar, que foi promulgada por D. Pedro I, em 1827, considerada um marco importante para o desenvolvimento da educação no país, ao definir os objetos de estudo dos alunos, e as cidades do Brasil deveriam ter as primeiras escolas de Ensino Fundamental. Décadas depois, em 1963, a comemoração  foi oficializada por meio do Decreto Federal nº 52.682.

Desde então, o dia simboliza o reconhecimento àqueles/daqueles que dedicam suas vidas ao ensino, à pesquisa e à formação de pessoas. Em constante processo de aprendizagem, o professor é, por essência, um eterno estudante, cuja missão é transformar a vida das pessoas por meio do conhecimento. 

Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), esse compromisso com a formação e com a produção do conhecimento é traduzido no cotidiano de todos os docentes que fazem parte da história da instituição. Atualmente, a UFMA conta com a colaboração de cerca de 1.800 professores na graduação, 720 atuando na pós-graduação e 1.000 docentes envolvidos em 550 ações de extensão e cultura, o que reflete na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, os pilares de formação fundamentais na vivência universitária. 

Professora Fernanda Rodrigues, ao centro, em reunião do grupo de pesquisa. Foto: arquivo pessoal

 A pesquisa científica busca o avanço do conhecimento humano para desenvolver melhorias para problemáticas sociais. Além de ser professor, o profissional é pesquisador, visto que o processo de formação exige entrega aos estudos, despertando questionamentos que resultam na busca por inovações. O trabalho desenvolvido no campo científico adentra a sala de aula como suporte ao ensino e como ferramenta objetivada na captação do interesse dos estudantes para as questões sociais, já que essas personalidades também atuam como pesquisadores. Diante desse cenário, é visível que a união entre o ensino da sala de aula e o campo da pesquisa são imprescindíveis, sendo primordial a colaboração da docência para o fortalecimento dessa relação.

Em seus 59 anos de história, a UFMA sempre ganhou destaque pelas pesquisas desenvolvidas, que são reconhecidas mediante as abordagens inovadoras que resultam em premiações maranhenses, nacionais e internacionais. Essas conquistas são possíveis por intermédio dos esforços de variados professores-pesquisadores que equilibram a atuação no ensino e no campo científico. Entre as diferentes personalidades que dedicam sua vida à pesquisa científica, está a docente do Colégio Universitário (Colun) Fernanda Rodrigues e o docente do Centro de Ciências de Bacabal (CCBa) Ariel Nonato.

A influência do campo científico na prática do ensino  

Iniciando sua formação científica ainda na graduação, no  Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros (NEAB), Fernanda Rodrigues dedica sua vida acadêmica ao  trabalho com temáticas relacionadas às questões étnico-raciais, dando aulas para o ensino básico e superior. Segundo a docente, a atuação na pesquisa foi impulsionada na graduação.  “Iniciei a pesquisa antes mesmo de me tornar professora. Participo de atividades de pesquisa desde a graduação, com minha entrada no NEAB. Foi ali, aos dezenove, vinte anos mais ou menos, que me encontrei, e a pesquisa foi a condutora da minha formação inicial”, compartilhou. 

Com Mestrado em Física, com Doutorado Sanduíche no Exterior — vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Física da UFMA, com atuação no desenvolvimento de projetos no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), entre outras formações, Ariel Nonato é um exemplo da influência da educação no constante desenvolvimento humano e da persistência em aprender e educar mesmo diante dos obstáculos. “Como canta Milton Nascimento, na imortal ‘Maria, Maria’: ‘é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre’. Esses versos traduzem a essência do caminho que percorri: um percurso repleto de desafios, mas também de descobertas e de uma vontade inquebrantável de fazer o melhor, mesmo quando as circunstâncias pareciam desfavoráveis”, expressou. 

Professor Ariel Nonato, à direita, em atividade no laboratório de síntese de materiais do CICA na Espanha (2019). Foto: arquivo pessoal 

Na educação superior, o papel do professor vai além do ensino em sala de aula. Trabalham para formação dos estudantes, produção de conhecimento, desenvolvimento da extensão universitária, assumem cargos administrativos e são suporte incentivador de muitos estudantes. Em muitos casos, os docentes são observados apenas como educadores dedicados ao espaço acadêmico, mas, assim como os demais profissionais, eles precisam equilibrar a vida acadêmica com a vida pessoal, uma tarefa desafiadora. Nesse sentido, Fernanda Rodrigues comentou os desafios em conciliar a maternidade e a pesquisa. 

“A pesquisa diz muito sobre os caminhos que trilhei. Eu me afastei por um tempo, porque tive um filho e, durante os primeiros cinco anos do meu maternar, acabei me dedicando à maternidade, priorizando a docência e me afastando, de fato, dos grupos de pesquisa. Contudo consegui inserir a pesquisa na minha prática docente, como um fio condutor da formação com a qual eu estava contribuindo. Durante esses cinco anos de ausência do grupo de pesquisa, estive orientando trabalhos de iniciação científica no IFMA Câmpus Barreirinhas, estudos que resultaram em TCCs. Voltando a São Luís, retomei minhas atividades no NEAB e ajudei a criar o NEABID-COLUN”, confessou. 

Questionado sobre a experiência em produzir ciência no contexto do interior maranhense, Ariel Nonato apresentou os benefícios da prática da pesquisa no interior do estado. “A relevância de fazer pesquisa no interior do Maranhão é imensa. Em primeiro lugar, está na formação de recursos humanos altamente qualificados em áreas de relevância global, mostrando que o conhecimento de fronteira pode e deve ser produzido em todas as regiões do estado. Isso garante que qualquer aluno, esteja ele na capital ou no interior, tenha acesso à pesquisa de ponta, ampliando horizontes e oportunidades”, detalhou. 

Ensinamentos que ultrapassam gerações 

A transmissão de conhecimento marca gerações, os ensinamentos vão para além da sala de aula, são lições para a vida toda. Em casa, os estudantes são inspirados pela presença de familiares. Na Universidade, os professores são as influências para muitos alunos que, mesmo quando se formam, não esquecem os mestres que acreditaram e contribuíram para a sua trajetória. 

“Há algumas palavras que definem bem quem é o professor Ariel: competência, disponibilidade e empatia. Como professor, sempre demonstrou uma enorme competência. Suas aulas me fazem compreender com clareza cada assunto abordado. Graças ao seu conhecimento como professor-pesquisador, consegui me encantar e entender melhor uma área fascinante da Física: a Física do Estado Sólido. Mas, acima de tudo, o que mais marcou foi sua empatia. Ele sabia se colocar no meu lugar, compreender minhas dificuldades e perceber que nem sempre estamos bem”, compartilhou a egressa do curso de Ciências Naturais - Física da UFMA, Glória Maria Sousa.    

Professor Ariel Nonato acompanhando visita técnicas dos seus alunos de iniciação científica IC a central multiusuários do CCET em São Luís. Foto: arquivo pessoal 

A gratidão pelos educadores também ultrapassa o espaço acadêmico, quando o estudante observa nessa figura a inspiração para vida pessoal como apontou a egressa do Colun Tharsila de Jesus. “Conheci a professora Fernanda quando eu ainda estava na graduação, por meio do Projeto Afrocientista, um Projeto Afrocentrado, que acontecia no Colun. A Fernanda era a coordenadora, junto com o professor Carlão. Desde então, ela se tornou um grande exemplo para mim, temos realidades parecidas, ambas oriundas de regiões periféricas, mulheres negras. Ela sempre apoiou todos os alunos e evidenciou as suas potencialidades”, relatou.  

Aqueles que incentivam pelo caminho 

Para Fernanda Rodrigues, ser professora representou a concretização de um sonho e a construção do seu projeto de vida. “Diante das minhas condições de então, a ideia de mudar de vida foi associada a ser professora. Encontrei na docência, especialmente quando fui para a educação básica, um sentido cada vez mais importante para trabalhar”. Mais do que ensinar conteúdos, ela vê na educação uma possibilidade de transformação social para os seus alunos, assim como foi para si. “Olho para essas crianças e vejo nelas a Fernanda criança, e me sinto muito responsável por lhes dar as condições de poder sonhar e não apenas sonhar, mas também alcançar seus sonhos”, destacou. 

Já o professor Ariel Nonato, acredita que é necessário grande generosidade e sabedoria para seguir na profissão. “Ser professor, para mim, vai muito além das dimensões técnicas do saber. É um ato que toca o mais profundo da alma humana — aquele ponto em que ensinar se confunde com compartilhar, com dividir, com acreditar no outro. O verdadeiro professor não pode ser egoísta: ele precisa ser generoso no conhecimento, a ponto de permitir que aquilo que sabe deixe de ser apenas seu e passe a pertencer a todos”, enfatizou. 

Professora Fernanda Rodrigues em sala de aula. Foto: arquivo pessoal

Mais do que um conjunto de responsabilidades, ser professor é viver um processo permanente de formação e autodescoberta. “A formação se dá pelo estudo, pela qualificação e pela vivência nos territórios. Entendo que, ao professor, ao pesquisador e ao professor-pesquisador, é impossível buscar uma formação distante dos locais onde se realiza a educação, concentrando-se apenas nos livros. É preciso fazer o “caminho de volta para casa”, me encontrar e me reencantar com a escola na condição de professora”, destacou Fernanda.

A reflexão de Fernanda se encontra com a do professor Ariel Nonato, que também compreende a docência como um exercício constante de crescimento e reinvenção. “Ao longo da minha carreira, esse processo se manifestou de diversas formas: na busca por parcerias científicas, na vivência em diferentes contextos de pesquisa, do interior do Maranhão ao cenário internacional, e na reflexão constante sobre o papel social da Universidade. Estar em um câmpus do interior me ensinou, especialmente, que a formação se constrói no enfrentamento dos desafios com criatividade e cooperação”, retratou.

A docente do Colun estimula adolescentes a seguirem no campo científico e na graduação. O docente de Física do CCBa ensina mais do que teorias e cálculos, incentiva a perseverança na educação e nos caminhos ainda não descobertos. O Dia dos Professores se torna ainda mais especial diante da trajetória de Fernanda Rodrigues e de Ariel Nonato, duas personalidades que por meio da pesquisa fortalecem o ensino e incentivam gerações. 

Por: Aline Vitória e Giovanna Carvalho 

Produção: Sarah Dantas 

Fotos: arquivos pessoais

Revisão: Jáder Cavalcante

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