Em Grajaú, UFMA entrega 26 novos professores em cerimônia de Colação de Grau

Sob forte emoção e sentimento de superação, na última quarta-feira, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Câmpus Grajaú, concedeu o grau a 26 formandos dos cursos Ciências Humanas – Geografia e Ciências Naturais – Química, em solenidade presidida pelo pró-reitor de ensino Romildo Martins Sampaio, representando o reitor da UFMA, Fernando Carvalho Silva.

O pró-reitor destacou a satisfação de realizar mais uma colação grau e o impacto desses profissionais na educação do Maranhão: “É muita satisfação, novamente, estar aqui em uma colação de grau neste momento festivo para muitos dos nossos alunos. Aqui, uma festividade adicional no nosso Câmpus de Grajaú, que recentemente completou quinze anos de existência. Ao longo desses quinze anos foram mais de trezentos professores formados nos nossos cursos de ciências humanas e naturais, e não temos dúvida que todos esses profissionais, professores formados, assim como os que agora estão se graduando, têm contribuído e vão contribuir para a melhoria dos indicadores, para a melhoria da educação da região de Grajaú e do Estado do Maranhão”.

A diretora do Centro de Ciências de Grajaú, Sandra Maria Barros Alves, enfatizou o compromisso social da Universidade em formar profissionais qualificados. “É o nosso compromisso com a sociedade, que a gente está devolvendo para ela, as pessoas que entraram aqui. O compromisso social da Universidade é formar os bons profissionais. Então, é uma grande alegria. E essa é a missão da UFMA, na condição de instituição pública de ensino, devolver para a sociedade pessoas formadas neste Centro com excelência”, ressaltou.

Superação

Numa noite em que a superação foi a palavra mais pronunciada, o Câmpus de Grajaú celebrou a formatura de Deuzamar Guimaraes dos Santos, primeiro aluno cego de Grajaú, que completou sua graduação em Ciências Humanas - Geografia após sete anos de estudo, apresentando um TCC de excelente qualidade.

“É um momento ímpar, importante. A gente está feliz por isso porque a luta foi grande, mas, finalmente, a gente chegou a essa finalização”, comemorou Deuzamar.

Para a diretora do Câmpus Grajaú, o momento é histórico. “Hoje, também a gente tem a grande alegria de um formando cego. É o primeiro formando cego de Grajaú. Ele passou sete anos para concluir a graduação, mas concluiu com um TCC nota 10. Isso é muito esforço. Houve a parceria do município ao conseguir um acompanhante para o seu Deuzamar”, ressaltou.

Do curso de Ciências Naturais – Química, Eduarda Rodrigues da Silva venceu a distância da família tendo como suporte as amigas conquistadas durante a graduação. Para ela, a trajetória foi de superação. “Um momento mágico, muito esperado. Foram anos de muito sofrimento. E agora estou muito feliz. [...] Eu diria uma jornada de superação. Porque tive muitos momentos difíceis e aí consegui passar por todos eles até chegar aqui”, declarou Eduarda.

Ana Maria expressou sua felicidade em ver a amiga Eduarda formar-se, destacando que compartilharam muitas experiências juntas durante o percurso académico: “Eu fico muito feliz porque a gente era da mesma turma e eu, infelizmente, não consegui terminar o curso. A gente passou por muita coisa juntas, e vê-la chegar até o final é uma vitória pra gente. É como se eu tivesse me formando também”.

Bruna Sampaio, outra amiga próxima, demonstrou gratificação em testemunhar a formatura de Eduarda, especialmente, porque acompanhou de perto sua trajetória. “É muito gratificante. A gente morava juntas. A gente acompanhou a trajetória uma da outra. E hoje, vendo ela formar grávida, né? Muito feliz com a família dela. Muito gratificante”, celebrou a amiga.

Embora seja natural de Grajaú, Andressa Nascimento Pereira, formanda do curso de Ciências Humanas – Geografia, morava em outro povoado e mudou-se para Grajaú, especificamente, para realizar o curso. Ela também enfrentou a distância da família para realizar o sonho da graduação. “Bom, foi um pouco delicado e não foi fácil. Porque eu morava no interior e vim morar na cidade, eu sofri bastante, não tinha onde ficar, onde morar... Mas, no final do processo, tudo foi se organizando”, pontuou Andressa.

Andressa demonstrou forte determinação em continuar sua formação acadêmica, expressando o desejo de não deixar o diploma guardado e manifestando interesse em prosseguir até ao doutorado. “Eu não quero guardar esse diploma em uma gaveta. Quero dar continuidade: fazer mestrado, especialização e, se Jesus abençoar, fazer um doutorado”, vislumbrou a recém-formada.

Prêmio de Mérito Acadêmico

Durante a cerimônia e coroando uma jornada acadêmica exemplar, a formanda Priscila Santos de Almeida, do curso Ciências Naturais – Química, foi agraciada com o Prêmio de Mérito Acadêmico pelo destacado desempenho durante a graduação. A honraria, que foi instituída pela Universidade Federal do Maranhão por meio da resolução Nº 3.391-CONSEPE, de 9 de abril de 2024, é concedida aos discentes que atingiram bons coeficientes de rendimento e desempenho acadêmico, segundo os requisitos previstos na resolução.

A formanda reconhece o mérito obtido, destacando o papel fundamental de professores e colegas no seu percurso: “Primeiramente, eu agradeço a Deus porque, sem Ele, eu não conseguiria chegar a lugar nenhum. Eu gostaria de agradecer muito aos meus professores porque eu ter ganhado esse mérito não sou só eu. Eles têm grande, grande parte disso. Porque, por muitas vezes, eles me incentivaram além do limite para que eu conseguisse alcançar. E aos meus colegas, que, embora não tenham ganhado, eles também têm nota para conseguir alcançar o mérito junto comigo”.

O prêmio tem um significado maior Priscila, que é a primeira pessoa da família a concluir o ensino superior.

“Para mim, por ser mulher, uma mulher da zona rural, que nasceu e foi criada para ser dona de casa, para cuidar do lar e da família e da roça, é uma coisa inédita. A primeira pessoa na família a se formar, e não se formar apenas, mas se formar com louvor, com mérito. Para mim, para as mulheres, para as mulheres do meu convívio, isso não é só ganhar o mérito, isso é conquistar um lugar, um espaço e, principalmente, conquistar uma honraria, que é um reconhecimento de todo o nosso esforço”, destacou a formanda.

Priscila dedicou o prêmio à família e expressou gratidão a todos os membros da UFMA pelo apoio recebido. “Eu dedico a minha família, embora não possa estar aqui. Inclusive, eu não deveria estar aqui. Foi de última hora que eu acabei decidindo vir. Por mais que eles não estejam aqui, estão dando forças de longe. A todos os meus professores, a todos os técnicos e funcionários da UFMA, que sempre, sempre incentivaram a todos os meus colegas. Esse mérito é nosso”, concluiu Priscila.

Por: Ingrid Trindade

Fotos: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante