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Egressa do Programa de Pós-Graduação em Letras do Câmpus Bacabal recebe destaque no portal Capes

publicado: 25/09/2023 13h26, última modificação: 25/09/2023 19h11
Egressa do Programa de Pós-Graduação em Letras do Câmpus Bacabal recebe de destaque no portal Capes

Maria Valcirene, egressa do Programa de Pós-Graduação em Letras do Câmpus Bacabal (PPGLB), foi a bolsista em destaque da última semana na página no Portal Capes. A aluna da primeira turma do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Linguagens e códigos do Câmpus São Bernardo afirma que receber esse destaque foi uma grata surpresa.

“Nunca pensei que algo do tipo pudesse acontecer. Considero, acima de tudo, um incentivo a continuar pesquisando, estudando e dando o meu melhor na sala de aula. Acredito que o professor pesquisador precisa ser essa pessoa que pesquisa, mas que também enxerga a sala de aula como espaço investigativo no sentido de contribuir para a melhor aprendizagem dos alunos”, revelou.

Maria conta que sua história na Universidade se iniciou em 2010 com as políticas de interiorização do câmpus da Universidade e a abertura do Centro de Ciências de São Bernardo (CCSB), onde teve sua graduação e após isso, em 2018, a convite da professora do Departamento de Letras da UFMA e coordenadora do grupo Estudos Escrita e Produção de Saberes (GEEPS), Kátia França. Com isso, ingressou no grupo de pesquisa, e, em 2020, começou a escrever o projeto do mestrado.

“Assim como muitos estudantes do interior, eu não tinha condições de sair da minha cidade para ir estudar na capital. Sou filha de agricultores semianalfabetos e conseguir me graduar em uma universidade federal já era um sonho, agora imagina fazer mestrado! Mas fiz, com muita dedicação, incentivo da minha orientadora e diversos outros professores”, agradeceu a pesquisadora.

Maria explica que sua pesquisa surge de um contexto que a inquietava desde a graduação, quando teve seu primeiro contato com a realidade escolar a partir do estágio supervisionado “Na Universidade, discutíamos bastante sobre como ensinar a língua materna a quem já sabe, temos documentos que norteiam isso, mas, quando nos deparamos com a realidade escolar, percebemos que os desafios são enormes, por serem práticas tão enraizadas, torna-se difícil mudá-las. Diante disso, eu comecei a pensar não só na prática desse professor que está em processo de formação como também em sua própria formação. O que ele pensa sobre o ensino? O que ele vê? ”, indaga.

Tendo isso em vista, a pesquisa se pauta na prática pedagógica e no papel do educador em sala de aula, tendo como foco elaborar uma proposta de debate sobre os discursos de futuros professores de Língua Portuguesa com base nas narrativas de experiências de sua prática pedagógica, materializadas na escrita da monografia feita por eles. “Procuramos ver, baseados na escrita desses futuros professores, quais contribuições sobre o ensino eles trazem e defendem. Além disso, o questionamento sobre o que os torna sujeitos inseridos em um espaço social que busca formar uma nova geração de indivíduos pensantes”, define.

Como metodologia da pesquisa, foi feita a análise das monografias de futuros professores que trazem relatos de experiências no ambiente de sala de aula e, com base nisso, fazer uma reflexão sobre o ensino, observando os discursos desses futuros professores a respeito do ensino de língua portuguesa e a formação do docente. Para isso, a pesquisa tomou como embasamento o pensamento do filósofo e pensador russo Mikhail Mikhailovich Bakhtin para entender o discurso como elemento responsivo e do filósofo espanhol Jorge Larrosa, que compreende a experiência como algo que passa e toca a quem a utiliza.

Maria explica que, ao seu ver, a educação é algo que se constrói a várias mãos, e os alunos precisam entender que eles também podem ensinar, e isso acontece quando o professor envolve o estudante, instigando-o, questionando-o e o fazendo-o pensar. “Paulo Freire dizia que, ao passo que ensino, eu também aprendo, sendo assim, penso que, quando nós, professores, nos colocamos como sujeitos acessíveis e que o aluno pode nos ver como pessoas que não sabemos de tudo, e que o aprendizado é mútuo, com essa postura de aproximação, de vivência e troca de experiências, acredito que os sujeitos alunos podem se tornar mais críticos, protagonistas de seu aprendizado. Talvez seja uma visão ainda muito utópica de minha parte, mas eu, na condição de professora, tento fazer isso com meus alunos, aproximá-los o máximo possível da realidade deles e de vê-los como sujeitos e não como mais um número na caderneta de chamada”, finalizou.

Por: Juan Terra

Produção: Bruna Castro

Revisão: Jáder Cavalcante

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