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Educação que Transforma: como o ensino superior mudou vidas e ampliou horizontes na UFMA

publicado: 11/08/2025 11h16, última modificação: 11/08/2025 14h04
Educação que Transforma: como o ensino superior mudou vidas e ampliou horizontes na UFMA

Desde 1927, em 11 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Estudante. A data marca a criação das duas primeiras faculdades do Brasil, a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo, pelo imperador Dom Pedro I. Neste dia, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) relembra e celebra histórias que provam que a educação é uma das mais poderosas ferramentas de transformação social.

Se, em parte da história do país, o ensino superior era reservado às elites locais, ao longo dos anos, esse perfil foi sendo alterado para o que temos hoje: universidades públicas, gratuitas e de qualidade. Um grande passo para a democratização do acesso nas universidades federais foi a Lei 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, que estabelece que 50% das vagas disponíveis sejam destinadas à população com renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa da família, para cotas raciais e para alunos com deficiência, distribuídas conforme a proporção de indígenas, negros, pardos e pessoas com deficiência da unidade da Federação onde está situada a universidade ou instituto federal, tendo por base os dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mais de uma década depois, as cotas ampliaram a presença de negros, estudantes de baixa renda, indígenas e pessoas com deficiência nas instituições federais de ensino superior. No Maranhão, o que antes parecia impossível, hoje é realidade para milhares de jovens que cruzam os portões dos nove câmpus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Para eles, cada aula, pesquisa e conquista é também um ato de transformação social.

O sonho que as cotas ajudaram a realizar

A história de Rodrigo Cantuario, discente do curso de Letras/ Língua Portuguesa, no Câmpus Bacabal da UFMA, ecoa o propósito maior da educação: transformar vidas, ampliar vozes e quebrar ciclos de exclusão.

Nascido e criado na cidade de São Luís Gonzaga, no Maranhão, Rodrigo sempre estudou em escola pública. No ensino médio, deu um passo importante ao ingressar no Instituto Federal de Bacabal. A paixão pela língua portuguesa, cultivada graças a professores dedicados e inspiradores, foi determinante para a escolha do curso de Letras na Universidade Federal do Maranhão. Mais do que um avanço acadêmico, a chegada à universidade representa também a possibilidade de retribuir à sua terra natal, levando de volta o conhecimento adquirido e inspirando novas gerações.

“A UFMA abre portas para várias oportunidades, como conhecer pessoas com quem antes eu nunca teria contato e aprender conteúdos que futuramente poderei levar para os alunos da minha comunidade”, afirma Rodrigo.

Ingressante via Lei de Cotas, Rodrigo reconhece o papel dessa política nessa conquista: “Acredito que as cotas são uma forma de dar oportunidade para as minorias, como as pessoas negras e de baixa renda. É um caminho para reduzir a desigualdade, dando oportunidades para quem antes não conseguiria ingressar numa faculdade”.

O exemplo de Rodrigo é um lembrete de que o acesso à universidade não muda apenas destinos individuais, mas fortalece comunidades inteiras.

Um novo perfil de estudantes

Com mais oportunidades para o ingresso nas universidades federais, por meio das cotas, o perfil sociorracial das universidades que as adotaram ampliou o debate crítico sobre desigualdade social no país, aumentando o caráter inclusivo das instituições federais de ensino superior. Não podia ser diferente com a UFMA, que, já em 2007, possuía ações afirmativas com reserva de vagas para alunos de escolas públicas e pessoas com deficiência.

Segundo dados da Pró-reitoria de Ensino, atualmente, dos 28.325 discentes com matrículas ativas na UFMA, 12.323 ingressaram por meio das cotas. Em 2025, das 5.914 vagas ofertadas nos 97 cursos de graduação, 3.118 foram reservadas para cotas, quase 53% das vagas ofertadas. Para o pró-reitor de Ensino, Romildo Sampaio, ao longo de todos esses anos, percebe-se que as cotas têm contribuído para maior inclusão regional, diversidade racial e social e redução da desigualdade no acesso à educação superior de qualidade na instituição.

“Acredito que a política de cotas é um dos programas mais bem-sucedidos para a mudança do perfil dos estudantes e democratização do acesso ao ensino superior às universidades públicas, especialmente, quando consideramos os grupos historicamente excluídos, como estudantes negros, pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e de baixa renda. Ao transformar o perfil dos estudantes que ingressam na educação superior, ela contribui para a construção de um país mais igualitário. Representa, assim, uma conquista histórica na luta por uma educação mais inclusiva e justa”, afirma Romildo.

Não basta entrar, é preciso garantir condições para continuar

Oferecer a vaga é apenas o primeiro passo. É preciso assegurar que o discente possa permanecer e concluir sua formação. Nesse sentido, a Universidade Federal do Maranhão, por meio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), tem investido esforços para garantir e ampliar as condições de permanência dos estudantes na instituição.

“As políticas de permanência da Universidade Federal do Maranhão são estratégicas para a democratização do ensino superior, visando assegurar que estudantes em situação de vulnerabilidade consigam concluir sua formação acadêmica com sucesso”, informa a Diretora de Assuntos Estudantis, Tatiana Amélia Soares.

Gerenciadas pela Proaes, essas políticas vão além do auxílio financeiro, oferecendo suporte em áreas essenciais, como creche, moradia, alimentação e transporte. Com isso, a UFMA busca reduzir as desigualdades sociais, permitindo que os discentes se dediquem plenamente aos estudos e aproveitem as oportunidades de pesquisa e extensão.

Confira aqui os auxílios disponibilizados.

Conquistas para além da universidade

O ensino público, gratuito e de qualidade da UFMA tem proporcionado um impacto relevante na vida dos alunos e evidenciando o potencial dos graduandos na pesquisa científica nacional e até internacional. Nesse contexto, Adelson Viegas Fonseca, discente do curso de Ciências Naturais - Licenciatura em Biologia, Câmpus Pinheiro, é um exemplo.

Adelson, que é integrante do Grupo de Pesquisa em Biodiversidade e Interdisciplinaridade em Ensino de Ciências Naturais, do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais /Biologia (GPBio), coordenado pelas docentes Raysa Valéria Carvalho Saraiva e Suzanna de Sousa Silva, foi aprovado no Programa Aristides Pacheco Leão 2024/2025, da Academia Brasileira de Ciências e FAPESP, que possibilitou um estágio nos laboratórios do renomado Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

“Já finalizei o período de vigência no Instituto de Biociencias (IB-USP). Tenho vivenciado momentos incríveis em áreas relevantes voltadas ao cultivo in vitro da espécie Thyscomitrium patens (Briófita), intitulado com o projeto ‘Transformação e visualização de células vegetais com a proteína fluorescência verde’ (GFP), sob a orientação da Dra. Marie-Anne Van Sluys, isso no cenário da pesquisa e discussões acadêmicas com a equipe de pesquisadores experientes que tem ampliado minha visão sobre o universo da ciência e tecnologia”, compartilhou Adelson.

Para o discente, a educação tem um papel transformador. “Por meio da educação, chegamos a lugares que antes eram distantes da nossa realidade, e sou prova real nesse processo. O Programa Aristides Pacheco Leão (PAPL), além de oportunizar a trajetória do graduando no estímulo a iniciação científica, abre caminhos para novas experiências, contatos no ramo profissional e formação acadêmica”, observa Adelson.

O estudante também destaca o papel da UFMA nesse contexto de conquista: “A Universidade Federal do Maranhão, Câmpus Pinheiro, foi a porta de entrada para que tivesse acesso a essa grande oportunidade. Foi nesse ambiente acadêmico que tive meu primeiro contato com o Grupo de Pesquisa em Biodiversidade e Interdisciplinaridade em Ensino de Ciências (GPBio), sob a orientação de Raysa Valéria Carvalho Saraiva, além de ter participado de outros projetos ofertados pela instituição e o apoio da coordenação do curso de Ciências Naturais, sob a gestão da professora Elisângela Sousa de Araújo, o corpo docente, colegas e demais membros da instituição, que tem contribuído significativamente para  meu crescimento acadêmico e científico”.

Entre livros, jalecos e muitas horas de dedicação, a estudante de Medicina Emanuela Vercezi Duarte, da UFMA Imperatriz, acaba de conquistar uma oportunidade que promete transformar sua trajetória acadêmica e pessoal: foi selecionada para participar de um intercâmbio clínico-cirúrgico na Finlândia, promovido pela Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA).

“Foi um momento de imensa alegria e gratidão. Saber que todo o esforço, as noites de estudo e as experiências vividas na graduação culminaram nessa oportunidade me encheu de orgulho. Foi como se todos os desafios até aqui tivessem valido ainda mais a pena”, conta Emanuela, com emoção.

A viagem acontece em setembro, e a expectativa é grande. Ela se prepara para viver uma imersão que vai além da medicina. “Quero aproveitar cada momento para adquirir novos conhecimentos, trocar experiências e voltar com ideias que possam contribuir também para a comunidade acadêmica da UFMA”, afirma.

Além da estrutura e do corpo docente qualificado, a Universidade proporcionou experiências acadêmicas, de pesquisa e extensão que a prepararam para desafios além das fronteiras. “Escolhi a UFMA por acreditar na sua excelência acadêmica, no compromisso com a formação integral do estudante e na relevância social da instituição para o Maranhão. Sempre admirei a diversidade e a pluralidade de experiências que a Universidade proporciona”, declara a estudante.

Para Emanuela, a educação sempre foi mais do que um caminho para alcançar objetivos: é a força motriz que abre portas e ressignifica sonhos. “Por meio dela [educação], portas que antes pareciam distantes se abriram, e sonhos se tornaram concretos. Ela me permitiu enxergar possibilidades, ampliar horizontes e acreditar que posso contribuir de forma significativa para a sociedade”, diz.

Ingressante por meio da política de cotas, Emanuela também reconhece o papel das cotas em sua trajetória. “As ações afirmativas são importantes para garantir que mais pessoas tenham acesso ao ensino superior e, consequentemente, às oportunidades que ele proporciona”, destaca.

Neste Dia do Estudante, as histórias vividas na UFMA reafirmam que a educação é um direito e um instrumento de transformação social. A Lei de Cotas, somada às políticas de permanência, não apenas mudou o perfil da Universidade, também ajuda a reescrever o futuro de milhares de jovens e suas famílias.

Na UFMA, cada diploma entregue é a prova viva de que, quando o acesso é justo e as oportunidades são reais, a educação é capaz de romper barreiras e criar novos caminhos.

Por: Ingrid Trindade

Produção: Sarah Dantas

Fotos: arquivo pessoal

Revisão: Jáder Cavalcante

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