Notícias

Doutorando da UFMA comprova que formação especializada em mastologia transforma o cuidado oncológico no SUS

publicado: 21/08/2025 16h16, última modificação: 21/08/2025 17h46
Doutorando da UFMA comprova que formação especializada em mastologia transforma o cuidado oncológico no SUS

Mais de 244 mil cirurgias de câncer de mama realizadas entre 2014 e 2024 em 943 hospitais do país, dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS),  foi o universo de um estudo inédito, liderado pelo discente do doutorado do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e chefe da Unidade de Gerenciamento de Atividades de Pós-graduação - HU-UFMA, o médico José Pereira Guará, que revelou como os programas de residência em mastologia estão transformando o cuidado oncológico no Brasil.

No país, em que a formação de mastologistas de difere do resto do mundo, com um modelo único, o estudo “Da mastectomia à reconstrução: programas de residência médica transformando o tratamento do câncer de mama”, mostra que a especialização em mastologia representa um avanço para a medicina brasileira, garantindo que mais mulheres tenham acesso a tratamentos de excelência e resultados estéticos superiores.

A pesquisa responde à pergunta: “será que hospitais com residência em mastologia oferecem cuidado diferenciado para pacientes com câncer de mama”? e teve o objetivo de avaliar se hospitais com residência médica fizeram mais cirurgias reconstrutivas das mamas no âmbito do SUS. Nesse contexto, segundo Guará, a pesquisa é “importante, porque há leis que garantem que essa cirurgia seja feita, mas a frequência com que ocorre no Brasil ainda é baixa”.

O estudo, que foi publicado na revista Educación Médica, uma importante revista internacional sobre experiências educacionais inovadoras, em um primeiro momento, revelou que hospitais com residência em mastologia representam menos de 5% do total, mas são responsáveis por 25% de todas as cirurgias de mama do país. Outro achado relevante é que hospitais com residência em mastologia que fizeram reconstrução mamaria, no período de 2019 a 2024, realizaram pelo menos 80% a mais reconstruções que hospitais sem residência.

“A partir de 2018, mesmo com a pandemia de covid-19, hospitais com residência realizaram pelo menos 80% cirurgias reconstrutivas a mais que hospitais sem residência (p<0.05)”, revela o doutorando.

Para a orientadora da pesquisa, Rosangela Fernandes, os resultados são importantes para a saúde pública porque mostra a relação entre a formação médica especializada e a melhoria da qualidade do cuidado oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Ao demonstrar que hospitais com programas de residência em Mastologia realizam um número significativamente maior de cirurgias de reconstrução mamária, a pesquisa ressalta que o investimento em educação não é apenas um custo, mas uma estratégia eficaz para oferecer um tratamento mais integral, que impacta positivamente a saúde mental e a qualidade de vida das pacientes”, observa Rosangela.

A orientadora acrescenta ainda a importância do estudo para a Universidade: “a pesquisa exemplifica o cumprimento da missão social da universidade, traduzindo a atividade acadêmica em soluções concretas para os desafios do sistema de saúde brasileiro e afirmando o valor do investimento público na ciência e na educação superior”.

Em um contexto geral, a pesquisa confirma que os programas de residência em mastologia fazem diferença no tratamento, além de aumentar o acesso à reconstrução mamária, melhoram a qualidade do cuidado cirúrgico e promovem melhores resultados para as pacientes. Como aponta o doutorando José Pereira Guará: “Investir e fortalecer os programas de residência têm impacto na garantia de acesso a melhores cuidados e desfechos mais favoráveis no tratamento cirúrgico do câncer de mama no país”, conclui.

Confira os resultados publicados na revista Educación Médica aqui.

Saiba mais

No Brasil, a formação especializada em mastologia tem duração de dois anos e capacita os profissionais em todas as etapas do cuidado: desde o diagnóstico por imagem até as técnicas mais avançadas de cirurgia oncológica e reconstrutiva. Esse modelo de residência médica em Mastologia se diferencia das formações oferecidas nos Estados Unidos e em países da Europa.

Segundo Guará, essa especificidade da formação em Mastologia do país foi fundamental para a proposta da pesquisa. “O Programa de residência em mastologia no Brasil conta com um modelo único de formação comparado com demais países do mundo. Tem uma abrangência de competências desde diagnóstico por imagem, diagnóstico clínico e a mais variada abordagem cirúrgica das mamas”, declarou o médico.

Por: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

registrado em: