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Dos primeiros passos para a percepção madura: Mostra Guarnicêzinho e Cinema Não Tem Idade incentivam democratização do acesso à arte

publicado: 06/08/2025 12h49, última modificação: 06/08/2025 13h20
Dos primeiros passos para a percepção madura: Mostra Guarnicêzinho e Cinema Não Tem Idade incentivam democratização do acesso a arte

Incentivando o aprendizado cinematográfico e celebrando a maturidade, o Festival Guarnicê de Cinema promoveu, nessa terça-feira, 5, a Mostra Guarnicêzinho e o Cinema Não Tem Idade, no Cinema Sesc, no Centro de São Luís. Com temáticas relacionadas à sustentabilidade, ao desenvolvimento humano, ao cuidado dos animais, ao amor na terceira idade, aos sobreviventes de doenças tradicionais e a solidão na velhice, a programação reuniu o público infantil e o público idoso.

A iniciativa é realizada de forma gratuita evidenciando a democratização do cinema realizada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pelo Ministério da Cultura via Lei Paulo Gustavo. Reunindo estudantes da UEB Zebina Eugênia Costa e UEB Maria Theresa Cabral, o evento voltado para as crianças é uma experiência enriquecedora e que, em muitos casos, é o primeiro acesso ao meio cinematográfico.

“A Mostra Guarnicêzinho é o meu xodó do Festival Guarnicê, porque é muito bonito ver as crianças chegando e, muitas vezes pela primeira vez, têm a oportunidade de estar em uma sala de cinema com uma programação completamente voltada para elas. Então, Guarnicêzinho é formação de plateia, é democratização do acesso à arte, à cultura, ao audiovisual, é mostrar a essas crianças, por meio do cinema, mostrar um horizonte, uma sociedade, os caminhos. Marca a história dessas crianças e faz com que elas lancem um olhar diferente a partir dali para o audiovisual, para o cinema, para a arte como um todo”, expressou a diretora do Festival, Rosélis Câmara.

A Mostra contou com a exibição dos documentários e das animações: “Thiago e Ísis e os Biomas do Brasil”, direção de João Amorim; “Mundinho”; “Receita de Vó”, direção de Carlon Hardt; “Dia de Chuva”, direção de Alexandre Augusto, Sheila Rodrigues e Sidneia Silva; “O Gato”, direção de Sheila Rodrigues e Sidneia Silva; “Dentro da Caixinha – Mundo de Papel”, direção de Guilherme Reis; e, “Notícias da Lua”, direção: Sérgio Azevedo.

O acesso ao cinema ainda na escola vai além de uma simples de sessão de entretenimento, funciona como uma poderosa ferramenta pedagógica que incentiva a sensibilidade, promove a acessibilidade e enriquece o conhecimento cultural e histórico, como afirma a professora da UEB Zebina Eugênia Costa, Karla Moraes: “Nós estamos muito felizes em participar desse evento, porque é uma oportunidade em que os nossos alunos tiveram uma experiência única de imersão tanto cultural quanto artística. Esse festival desempenha um papel fundamental na formação dos nossos alunos, estimulando a criatividade, o pensamento crítico, a apreciação da arte cinematográfica. Então, por isso que nós estamos alegres de estarmos aqui, porque vivenciar o cinema de perto é uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento integral dos nossos alunos”, ressaltou.

A experiência de assistir a filmes em uma grandiosa tela, em um ambiente escuro e frio, e juntamente com colegas de escola fortalece a memória afetiva de quem está começando a caminhar. Para a estudante Jhorrany Vitória da Luz, a vivência foi uma expansão da sala de aula: “Foi muito legal, foi muito divertido. Teve vários filmes educativos, vários filmes que falam sobre cuidar da natureza. Foi muito divertido. Na escola, fazemos artes, muitas maquetes, maquetes sobre cuidar da natureza, desenhos e pinturas também. E hoje olhamos de outra forma pelo cinema”, afirmou.

A presença da família torna o momento ainda mais especial, reforçando o compromisso do ambiente familiar com o ambiente escolar que promove oportunidades únicas: “Acho importante para o aluno que pouco tem a oportunidade no bairro. Esse espaço é muito bom para as crianças, para ter o conhecimento do cinema. Tem criança que nunca tinha frequentado o cinema, mas veio agora. Então, está sendo muito bom para eles. Eu vim acompanhando meus netos Simon e Yasmin que são autistas”, compartilhou Marlene Mendes.  

A Mostra Guarnicêzinho possui o olhar atento ao público infantil, enfatizando que o acesso ao cinema amplia o conhecimento e desperta nas crianças o desejo em aprender e seguir no campo audiovisual, fortalecendo a nossa cultura. A iniciativa proporciona a inclusão social para crianças das escolas públicas da capital maranhense.

Mostra Cinema Não Tem Idade

“O Vô Tá On”, direção de Clério Dornell; “Rainha da Primavera”, direção de Luiza Guerra; e “Mesa Posta”, direção de Luiz Felipe Borges, são produções protagonizadas por artistas da terceira idade e dedicadas ao público 60+, na Mostra Cinema Não Tem Idade. A iniciativa mostra que o cinema vai além das fronteiras e adversidades, promovendo a discussão de diversos temas sociais como: amor, saúde e solidão.

“A Mostra Cinema Não Tem Idade resgata um pouquinho da importância do idoso nas várias atividades do dia a dia, embora ainda a sociedade ainda implique com essa questão do etarismo. Então, podemos observar nos filmes que foram apresentados que o idoso precisa ser valorizado, precisa ter mais atenção dos seus familiares. Tivemos um relato muito bonito do último filme, um filme maranhense, “Mesa Posta”, de uma idosa que fala da realidade de muitos idosos ainda hoje, a questão da solidão, esperar as pessoas da família de forma carinhosa e não encontrá-las. Escutei um relato de uma das idosas que vieram prestigiar essa mostra que essa era a realidade dela de todos os dias, e escutar isso fez com que elas até se identificassem com os temas que são abordados no próprio festival”, destacou a técnica administrativa da UFMA, Terezinha Smith.

O acesso de idoso ao cinema é uma ferramenta de inclusão social e bem-estar, possibilitando a qualidade de vida, o enfrentamento do isolamento social e o incentivo do emocional. A Mostra destaca que chegar à fase da velhice é um processo de maturidade, e não apagamento de uma história, como pontua Maria das Mercês: “Achei muito importante, principalmente, na parte da apresentação do ‘O Vô Tá On’, mostrando que estamos velhos, mas estamos vivos. Onde há vida, há esperança. Gostei muito, achei maravilhoso. A Uniti - Universidade Integrada da Terceira fez o convite para participarmos do momento e eu vim”, refletiu.

A programação não contou apenas com o público ouvinte, mas também com a direção e o elenco do curta-metragem “Mesa Posta”. A produção é marcada pela temática abordada, a solidão, pelo cenário aconchegante da casa de vó e pela interpretação de dona Osmalia, avó do diretor do filme, Luiz Felipe Borges. Aos 83 anos de idade, dona Osmalia vivenciou, pela primeira vez, a atuação: “Ele falou pra mim que iria fazer esse curta-metragem ‘Mamãe, a senhora vai ser atriz’, eu que criei ele e ele me chama de mamãe. Eu disse ‘Meu filho, nunca fui atriz, nunca representei nada’. Ele disse que iria dar tudo certo e a gente tentou”, comentou.

É visível a grandiosidade do Festival Guarnicê de Cinema, que proporciona uma experiência completa que ultrapassa a exibição de filmes, sendo ainda espaço para discussão de problemáticas emergentes. Além de garantir o direito ao acesso à cultura, presente na Constituição Federal. A Mostra Guarnicêzinho e a Mostra Cinema Não Tem Idade são inciativas resultantes de uma organização empenhada na inclusão social e na propagação da cultura brasileira.

 

Por: Aline Vitória

Fotos: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

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