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Docente do curso de Biologia participa de cooperação internacional com universidade austríaca

publicado: 20/01/2023 12h31, última modificação: 20/01/2023 15h48

O docente Leonardo Dall’Agnol, do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão, participará do Programa de Cooperação de Excelência em Ciência e Humanidades (Joint Excellence in Science and Humanities - Jesh), realizado na Universidade Tecnológica de Graz (TU-Graz), na Áustria. Durante três meses, ele desenvolverá o projeto “Análise comparativa estrutural e funcional da comunidade microbiana associada a cianobactérias de vida livre e simbióticas” que terá início em fevereiro deste ano.

O trabalho será realizado em parceria com o grupo de pesquisa da professora Gabriele Berg e com o professor Tomislav Cervana, do Instituto de Biotecnologia Ambiental da TU-Graz, considerado como o grupo de pesquisa com mais estudos publicados no tema “Líquen microbioma/metagenoma”, com foco especial nos microrganismos heterotróficos. Segundo o professor Dall’Agnol, o projeto visa analisar conjuntos de dados multiômicos para comparar a ocorrência de táxons e agrupamentos de genes biossintéticos em cianobactérias de vida livre e simbióticas.

A ideia de desenvolver um projeto de cooperação internacional vem sendo planejada por Dall’Agnol desde 2021. “Costumo acompanhar várias newsletters da área, onde divulgam as oportunidades de cooperação Brasil-Europa. Assim que vi que era elegível para a chamada do programa, pesquisei quais grupos na Áustria trabalhavam dentro da temática em que tinha interesse. Elegi o grupo da professora Gabriele e entrei em contato via e-mail com ela e o professor Cernava, propondo para submetermos uma proposta conjunta para a chamada. Realizamos algumas reuniões remotas e escrevi a proposta”, comentou.

O pesquisador ressaltou que o seu estudo sobre a diversidade e genômica de cianobactérias no Maranhão teve início no Grupo de Pesquisa em Biodiversidade, Bioprospecção e Biotecnologia, ligado ao Laboratório de Genética e Biologia da UFMA. “Em 2021, publicamos o primeiro genoma de uma cianobactéria do gênero Pantanalinema isolada da Chapada das Mesas e, em 2022, o primeiro microbioma do Maranhão”, afirmou.

Com a nova experiência, o professor espera expandir suas habilidades no campo, ajudando a consolidar o Grupo de Pesquisa em Biodiversidade como uma referência local em biologia molecular microbiana ambiental e bioinformática. “Em 2019, nosso grupo começou a se interessar pelos liquens, que é uma comunidade simbiótica entre fungos e algas/cianobactérias, e como os mesmos poderiam ser utilizados como bioindicadores de qualidade ambiental e fonte de biomoléculas. Percebi que precisava atualizar minhas habilidades em análise de microbianas e metagenomas e aliar isso a essa nova linha de pesquisa. Portanto vamos buscar comparar comunidades microbianas para entender como essa dinâmica afeta a sua capacidade de se estabelecer em diferentes locais e produzir diferentes compostos bioativos”, explanou Dall’Agnol.

Cianobactérias

As cianobactérias são um dos grupos mais antigos do Reino Bacteria, sendo responsáveis pelo surgimento do oxigênio em nossa atmosfera. Também possuem uma diversidade morfológica e metabólica impressionante, constituindo alvos frequentes para descoberta de compostos bioativos, com aplicação em várias indústrias. Como seres fotossintetizantes, possuem grande importância para o ciclo do oxigênio, processo que garante a circulação desse elemento pelo meio físico e pelos seres vivos, essencial para a manutenção da vida no planeta.

Análise Multiômica

As Ciências Ômicas são um campo de estudos pertencente às ciências biológicas. O termo “Omics” faz referência às diferentes tecnologias usadas para estudar funções, diferenças e a relação entre diversos tipos de moléculas nas células de organismos, como genes (genômica) e proteínas (proteômica).

A abordagem multiômica, por sua vez, se refere à integração desses dados para a realização de uma análise, em que é feito o estudo de vários aspectos envolvidos no organismo de interesse, a fim de obter dados precisos.

JESH

O Programa de Cooperação de Excelência em Ciência e Humanidades (Joint Excellence in Science and Humanities - JESH) da Academia Austríaca de Ciências, promove a cooperação entre jovens pesquisadores de destaque do exterior e acadêmicos da Áustria. O JESH oferece um programa de entrada para pesquisadores de 53 países-alvo diferentes. São financiadas a passagem aérea e um auxílio (bolsa) por até seis meses de estada em uma instituição austríaca de ensino e pesquisa.

Saiba mais

Leonardo Dall’Agnol é professor adjunto do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão. É docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA), além do programa de Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA). É graduado em Biologia pela Universidade Federal do Pará (2007), possui mestrado em Genética e Biologia Molecular (2009) pela mesma universidade e doutorado em Química Sustentável pela Universidade Nova de Lisboa (2013) com bolsa Marie Curie (projeto Biocor ITN).

Desenvolveu o pós-doutorado no Laboratório de Tecnologia Biomolecular (UFPA) em compostos bioativos e biocombustíveis oriundos de cianobactérias. Tem experiência na área de: diversidade, bioquímica e biologia molecular de microrganismos; bioinformática; microbiomas/metagenomas; e biocorrosão. Compõe o corpo editorial da revista “Frontiers in Bioengineering and Biotechnology”. É membro fundador do conselho do Marie Curie Alumni Association (MCAA) Brazil Chapter.

Por: Orlando Ezon

Produção: Alan Veras

Revisão: Jáder Cavalcante

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