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Discentes do Câmpus Codó recebem prêmio de melhor trabalho científico apresentado na Feira Literária Codoense e Semana Municipal de Ciência e Tecnologia
Discentes da Especialização em Educação Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Federal do Maranhão, Câmpus de Codó, receberam, no dia 15 de fevereiro, um prêmio de melhor trabalho científico – modalidade pôster, apresentado na Feira Literária Codoense e Semana Municipal de Ciência e Tecnologia (FLIC/SMCT) em dezembro de 2023. A premiação ocorreu durante a Jornada Pedagógica promovida pela Secretaria de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMECTI) de Codó, realizada no Ginásio Poliesportivo da Escola Santa Filomena.
Entre os trabalhos selecionados, está o de melhor trabalho científico na modalidade pôster, conferido à pesquisa intitulada “Conservando os saberes dos trançados feitos com a palha do babaçu em comunidades quilombolas por meio de uma proposta didática”, de autoria dos alunos: Auíse Guhen Moreira Bento, Luiza Maria Quaresma, Santiago Frazão de Almeida e Thereza Matilde Brandão Guilhon, sob a orientação da professora Kelly Almeida de Oliveira.
A pesquisa foi realizada durante a disciplina Educação Ambiental e Territórios Culturais ministrada no Curso de Especialização em Educação Ambiental e Sustentabilidade do Centro de Ciências de Codó (CCCO), coordenado pelos professores Dilmar Kistemacher e Camila Campelo. A pós está em sua primeira turma e tem por objetivo preservar os saberes ancestrais e multiétnicos das pessoas quebradeiras de coco da região, por meio de uma sequência didática sobre os artefatos trançados obtidos com a palmeira de coco babaçu.
Kelly Almeida, orientadora do trabalho e responsável pela disciplina, fala sobre o trabalho e destaca seus objetivos e a importância para o curso, a sociedade e alunos participantes: “Essa pesquisa se originou em uma disciplina que ministrei no Curso de Especialização em Educação Ambiental e Territórios Culturais em julho de 2023. Nessa disciplina, nós realizamos uma visita técnica à comunidade quilombola Santo Antônio dos Pretos, em Codó. Na ocasião, eu propus à turma que analisasse os principais problemas ambientais e sugerisse uma solução ambiental, por meio de uma pesquisa que, depois, sistematizaríamos em forma de artigo. Nos organizamos em grupos, e cada equipe ficou responsável por uma pesquisa. O grupo premiado verificou as dificuldades da comunidade em preservar seus saberes relacionados aos trançados (cofo, esteira, quibane, etc.) com a palha do coco babaçu, uma vez que as novas gerações estão perdendo o interesse em preservá-los. Então, o grupo formulou uma proposta didática para ensinar esses saberes que estão se perdendo. Dada a força das recentes políticas educacionais antirracistas, a importância se dá pela preservação e continuidade desses saberes que são multiétnicos (indígenas, africanos, afrodiaspóricos, afro-brasileiros e quilombolas) e, como herança ancestral, hoje fazem parte do patrimônio cultural das pessoas quebradeiras de coco babaçu, sobretudo, porque estamos localizados na Região dos Cocais e na Região Ecológica dos babaçuais”, explica.
Para uma das alunas autoras do trabalho, Auíse Guhen, a disciplina e as visitas realizadas nas comunidades trouxeram momentos de reflexão sobre as experiências e dificuldades vivenciadas. “Buscamos promover debates e propor estratégias de preservação e cuidado ambiental com o uso do coco babaçu por meio da educação ambiental. Nosso objetivo principal no trabalho foi desenvolver uma proposta didática que venha a contribuir para minimizar a perda dos saberes tradicionais dos trançados em comunidades quilombolas, em especial, as localizadas no município de Codó-MA. A relevância desse trabalho para a comunidade é de reconhecimento e valorização dos saberes e trançados feitos com a palha do babaçu, além de perceber a fragilidade na transmissão dessa cultura para as novas gerações, o que possibilita minimizar a perda desse saber. A premiação também nos traz benefícios, visto que enriquece o currículo Lattes e estimula a pesquisa científica ampliando as produções em nosso território”, expressa.
Luiza Maria Quaresma, outra autora da pesquisa, fala um pouco do seu ponto de vista do trabalho realizado: “Sabe-se que os saberes tradicionais quilombolas são de grande importância, tanto cultural, social, quanto histórica. Tais saberes representam o conhecimento acumulado ao longo de gerações, abrangendo diferentes áreas, tais como agricultura, culinária, medicina natural, artesanato, etc. Nesse sentido, é evidente perceber que tais saberes guardam a identidade desses povos, bem como permitem a sustentabilidade ambiental. Reconhecer que a transmissão destes saberes acontece de maneira frágil e suscetível ao esquecimento e que, isso provoca um desafio constante da guarda desse legado ancestral em ser transmitido de geração em geração, podendo causar perdas culturais. Levando em consideração esse contexto, o presente trabalho tem por objetivo principal desenvolver uma proposta didática que venha a contribuir para minimizar a perda dos saberes tradicionais dos trançados em comunidades quilombolas, em especial, as localizadas no município de Codó-MA”.
Ela ainda destaca: “Os resultados mostraram que, entre os inúmeros problemas que as comunidades vêm vivenciando, a perda cultural dos trançados feitos com a palha do babaçu é um dos mais preocupantes, devido, principalmente, à fragilidade da transmissão desses saberes conjuntamente ao interesse das novas gerações. Desse modo, é visível a necessidade da apresentação de estratégias que chamem mais a atenção das futuras gerações, garantindo a preservação desses saberes por meio da educação”.
Complementando suas parceiras de trabalho, Thereza Matilde expõe sua perspectiva do trabalho e seus objetivos: “Nosso objetivo é poder resgatar um pouco os trabalhos com a palha do babaçu, nossa metodologia fala sobre como as novas tecnologias vão diminuir a existência da palha do babaçu. O coco babaçu é a árvore nos traz tanto benefícios, que vão da área estética até a área alimentícia, na arquitetura, na produção de artesanatos. Quisemos resgatar essa cultura, mostrar o seu valor para a comunidade, de quem produz até quem recebe o produto final, ficamos muito felizes em poder preparar algo tão bonito assim”, conclui.
Para saber mais sobre a pesquisa, acesse aqui.
Por: Karina Soares
Produção: Sarah Dantas
Fotos: Arquivo
Revisão: Jáder Cavalcante