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Discente da UFMA realiza estudo que revela baixa representatividade indígena nos conselhos de saúde do Maranhão

publicado: 30/09/2024 12h46, última modificação: 30/09/2024 13h55
Discente da UFMA realiza estudo que revela baixa representatividade indígena nos conselhos de saúde do Maranhão

Uma pesquisa recente realizada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revelou dados sobre a participação de indígenas nos Conselhos de Saúde dos municípios do Estado do Maranhão. O estudo faz parte do trabalho de conclusão de curso de Rhennoyro Carneiro Pompeu, discente  do curso de Odontologia, e teve por objetivo principal discutir a representatividade dos povos indígenas no segmento de usuários nos conselhos de saúde municipais, analisando a relação entre a presença de representantes dos povos originários e o tamanho da população indígena nos municípios maranhenses.

A pesquisa utilizou dados do Censo 2022 do IBGE para determinar a quantidade e a distribuição da população indígena nas cidades do Maranhão, cruzando essas informações com o Sistema de Acompanhamento dos Conselhos de Saúde (SIACS), onde se buscou o cadastro de composição desses conselhos e a presença de representação indígena. Os resultados mostram uma realidade preocupante: apenas 3% dos 217 municípios maranhenses têm representantes indígenas em seus conselhos de saúde. Entre essas cidades, destacam-se Amarante do Maranhão, Arame, Barra do Corda, Grajaú, Itaipava do Grajaú, Jenipapo dos Vieiras e Maranhãozinho.

Embora a lei garanta a participação de povos indígenas nesses espaços, a pesquisa constatou que alguns municípios com grande população indígena não possuem representantes indígenas em seus Conselhos de Saúde. Além disso, parece haver uma desconsideração da diversidade de tribos e terras indígenas, que têm especificidades distintas, na composição desses conselhos. O aluno responsável pela pesquisa, Rhennoyro, explica que “é muito importante chamar a atenção da comunidade acadêmica em relação a essa temática tão pouco debatida em um estado com uma grande população indígena. Entender que, mesmo com muitos avanços e leis que garantem a participação popular nas políticas públicas, ainda assim, existem muitas categorias da sociedade sem essa representação”.

Os dados foram analisados no excel e transferidos para o software TabWin, que permitiu a criação de mapas que ilustram a distribuição da participação indígena nos Conselhos de Saúde. A partir dessa análise, o pesquisador não apenas trouxe à tona a baixa representatividade indígena em um espaço tão relevante para o planejamento e a execução das políticas de saúde, mas também apontou a necessidade urgente de mudanças que promovam uma maior inclusão e consideração das especificidades dos povos indígenas.

A professora e orientadora da pesquisa, Judith Rafaelle Oliveira Pinho, destaca a importância do estudo como ferramenta de sensibilização. "Ao analisar a representação indígena, o estudo aponta a questão da inclusão social dos povos indígenas, que, historicamente, têm sido marginalizados em diversos aspectos da vida política e social, já que sua presença em conselhos de saúde é uma forma de garantir que suas necessidades específicas sejam consideradas na formulação das políticas de saúde. Além disso, consideramos que a pesquisa pode ser uma ferramenta de sensibilização da sociedade, não somente de tomadores de decisão, mas também da própria população indígena sobre a importância de sua representatividade e de um caminho de busca por seus direitos", comenta. 

O trabalho de Rhennoyro Carneiro Pompeu representa um marco importante não só para a UFMA, mas também para a comunidade Guajajara, à qual o estudante pertence. Trabalhar com essa temática deu ao estudante a oportunidade de contribuir significativamente para o empoderamento dos povos indígenas, reforçando a necessidade de inclusão desses grupos em espaços de decisão sobre saúde, uma área que impacta diretamente suas vidas. A pesquisa representa um importante passo na luta pela visibilidade e pelos direitos dos povos indígenas no Maranhão, destacando a necessidade de políticas públicas mais inclusivas e sensíveis à diversidade cultural presente no estado.

Por: Geovanna Selma

Revisão: Jáder Cavalcante

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