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Discente da UFMA conquista Prêmio Verde da Sociedade Botânica do Brasil com pesquisa sobre flora do Sítio do Rangedor
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foi destaque durante o 75° Congresso Nacional de Botânica, realizado entre os dias 9 e 16 deste mês, na cidade de Parnaíba, no Piauí. O discente Eduardo Lucas dos Santos, do curso de Ciências Biológicas, recebeu o Prêmio Verde da Sociedade Botânica do Brasil (SBB), destinado ao melhor trabalho científico apresentado por estudantes de graduação em todo o país. O reconhecimento foi alcançado com a pesquisa “Checklist das plantas vasculares do Parque Estadual do Sítio do Rangedor – São Luís, Maranhão”, desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
“Foi um grande momento de festejo, foi uma alegria poder ser reconhecido nessa premiação, que já possui uma tradição desde 1992, organizada por grandes nomes da botânica brasileira. É uma felicidade poder trazer reconhecimento e visibilidade para o grupo de pesquisa do qual faço parte e para a UFMA, além de poder mostrar um pouco da riqueza da flora maranhense”, destaca Eduardo Lucas.
O professor Lucas Marinho, orientador do estudante na pesquisa, ressalta a relevância da conquista e o papel da pesquisa no cenário científico brasileiro: “Esse é um prêmio muito importante para a UFMA, porque é um prêmio nacional e demonstra que os estudantes da UFMA podem chegar lá competindo com estudantes de qualquer outro lugar do Brasil. Os trabalhos realizados aqui são de qualidade, são de excelência, tanto por mim quanto pelos demais professores da área de botânica do estado. Então, essa é a importância para a UFMA, essa é a importância para o Maranhão, demonstrar que a gente consegue fazer bons trabalhos, ainda que não tenha todos os recursos disponíveis como outras regiões do Brasil”.
O reconhecimento nacional, além de projetar o nome da UFMA no cenário científico, também se torna um estímulo para o estudante. “O Prêmio Verde é importante porque é um incentivo, a continuidade dos estudos, tanto na área quanto para esse aluno em si, e ele vem ocorrendo com frequência e tem demonstrado que os alunos que vencem esse Prêmio Verde se mantêm atuando, inclusive o Eduardo hoje é mestrando do Programa de Pós-graduação em Botânica Tropical do Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com a UFRA”, reforça o professor Lucas.

Por dentro da pesquisa
A pesquisa, apresentada durante o 75º Congresso Nacional de Botânica, teve por objetivo registrar e catalogar as espécies vegetais presentes no Sítio do Rangedor, unidade de conservação localizada em área urbana da capital maranhense. O espaço, que abriga remanescentes importantes de vegetação, vinha sendo pouco estudado cientificamente. O trabalho trouxe uma contribuição inédita ao apontar, pela primeira vez, uma espécie nova para a ciência, batizada de Croton ludovicensis, em homenagem à cidade de São Luís.
Segundo o professor orientador, o trabalho liderado pelo discente vai além da catalogação. “Durante o desenvolvimento desse trabalho, o Eduardo encontrou uma espécie nova, que ainda não tinha registro para a ciência, ela não tinha o nome científico, ela era uma planta desconhecida para a ciência, e ele a descreveu, e a nomeou como Croton Ludovicensis, em homenagem à cidade. E, junto com essa espécie nova, existe uma lista de espécies que foram apresentadas no Congresso”, afirmou.
Para o estudante premiado, a experiência de participar do congresso e receber o reconhecimento foi marcante. Eduardo relembra o impacto da descoberta da nova espécie e o significado de dar essa contribuição à ciência: “Encontramos uma espécie que tem seu status de conservação como ameaçada e encontramos no parque uma espécie até então desconhecida pela ciência, que gerou uma publicação de espécie nova. O parque foi criado para proteger os recursos hídricos contidos nele, esperamos que a descoberta de uma espécie nova em suas dependências e o registro de uma espécie ameaçada sirvam de motivação para que as autoridades passem a preservar o parque também pela sua flora única, ameaçada e ainda não totalmente estudada”.
O tema do congresso, “Botânica: Conectando Ensino, Pesquisa e Tecnologias de Uso Sustentável”, reforçou a importância da ciência para enfrentar os desafios ambientais e socioeconômicos contemporâneos. “Apesar do nervosismo, foi muito gratificante ver pesquisadores conhecidos assistindo à minha apresentação, interessando-se pela pesquisa e também pelas peculiaridades do Maranhão. Ainda foi muito construtivo ouvir as dúvidas e sugestões deles para melhorar a discussão dos dados obtidos na minha pesquisa. Tudo isso em um ambiente muito amigável, o congresso é uma reunião de pesquisadores que, em sua maioria, estão muito felizes de encontrar outros pesquisadores que gostam de estudar as mesmas coisas, mas com vivências diferentes, experiências únicas e em regiões diferentes”, compartilha Eduardo.
Com a descoberta inédita e a premiação, o trabalho de Eduardo, sob a orientação do professor Lucas, reforça a importância da pesquisa científica no Maranhão, coloca em evidência a riqueza da flora local e demonstra o papel da universidade pública na produção de conhecimento e na formação de novos pesquisadores.
Por: Geovanna Selma
Produção: Ingrid Trindade
Fotos: acervo pessoal
Revisão: Jáder Cavalcante