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Discente apresenta TCC que conta a história do povoado Araçá a moradores da região, em igreja local
A discente de Licenciatura em Ciências Humanas – Sociologia, Francisca Geysa Lopes Araújo, do Câmpus São Bernardo, apresentou o TCC “Uma árvore, muitas histórias, eternas lembranças: A história do povoado Araçá, em Santa Quitéria-Ma, por seus moradores”. O projeto, defendido no dia 9 de outubro, na Igreja Católica do povoado, tem como objetivo resgatar histórias da comunidade e até mesmo fazer denúncias, segundo a autora.
“Esse trabalho tenta resgatar um Araçá que já existiu e também age como denúncia, porque o modo de vida dessas pessoas vem sendo ameaçado com a delimitação de terras com arames farpados na lagoa, que é vista não somente como um fator econômico, mas como parte de sua identidade”, declarou a graduanda.
Francisca Araújo também falou sobre o desenvolvimento da pesquisa, em que relatou que seu trabalho foi uma pesquisa de campo iniciada em 2018, com intuito de descobrir como surgiu o povoado Araçá e quais as primeiras famílias. “A intenção inicial era homenagear a classe dos pescadores. No início das atividades procurei documentos que tratassem das primeiras ocupações e não consegui encontrar. Fiquei ainda mais intrigada porque alguns comerciantes e empresários começaram a negar entrevistas e até mesmo não me mostrar documentos comprovando que eles eram de fato os legítimos donos das terras que alegavam”, revelou.
Tendo seus pedidos negados, ela, junto ao orientador, mudaram a estratégia: “Fiquei muito aborrecida com a forma como me tratavam, com falta de educação, como me ignoravam. Então veio o conselho sábio do meu orientador, Washington Tourinho Júnior, que pediu para que eu aprofundasse mais na fala, nas memórias, dos moradores da comunidade, legitimando assim o pertencimento das coisas do povoado a eles e também validando a escrita do meu trabalho. Decidimos priorizar os idosos, na faixa de 50 a 91 anos, por conhecerem mais da história local”.
Francisca contou ainda o motivo pelo qual decidiu pesquisar e apresentar um TCC com esta temática. “Sou filha de pescadores e me orgulho muito disso. Também sempre gostei de ouvir as histórias dos mais velhos e no momento que entrei na universidade, eu já sabia sobre o que seria meu trabalho de conclusão. Eu esperava ansiosamente em fazer esta homenagem aos meus pais e toda a classe de pescadores, em dar essa voz para aqueles que muitos desejam silenciar, além de ser uma forma de preservar a história do meu povoado e resistir ao processo de modernização acelerada. Esse povoado abraçou meu trabalho porque o viu como uma forma de se fazer presente nas gerações futuras”, finalizou.
Por: Kaio Lima
Produção: Laís Costa