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Descoberta de pegadas de dinossauros no Maranhão rende à UFMA destaque internacional

publicado: 17/06/2025 14h28, última modificação: 18/06/2025 00h36
Descoberta de pegadas de dinossauros no Maranhão rende à UFMA destaque internacional

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) celebra uma importante conquista para a ciência brasileira: a publicação de um artigo em uma edição especial da revista italiana Italian Journal of Geosciences, um dos periódicos mais tradicionais da Europa na área de Geociências. O estudo trata da descoberta de pegadas de dinossauros nas margens do Rio Mosquito, no município de Fortaleza dos Nogueiras, sul do Maranhão, achado considerado raro e de grande relevância para a paleontologia nacional e internacional.

O achado aconteceu no início de 2024, quando um profissional da área de Turismo mapeava a região em busca de potenciais atrativos turísticos. Ao encontrar marcas incomuns em rochas às margens do Rio Mosquito, o turismólogo entrou em contato com o professor Manuel Medeiros, do Departamento de Biologia da UFMA. A partir disso, foi organizada uma visita técnica ao local.

“As pegadas foram achadas por um profissional do Turismo, turismólogo, ao mapear as margens do rio Mosquito, no início de 2024, buscando eventuais atrativos para o turismo em Fortaleza dos Nogueiras. Ele, então, entrou em contato comigo, do Departamento de Biologia da UFMA, em São Luís. Fizemos um trabalho de campo e constatamos que, de fato, se tratava de pegadas de dinossauros”, explicou o professor Manuel.

A UFMA assumiu a coordenação da pesquisa e articulou a formação de uma equipe multidisciplinar, com a participação de pesquisadores de diversas universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), além de outras instituições. A equipe reuniu geólogos e paleontólogos com o objetivo de realizar uma análise detalhada do conjunto de rochas e pegadas.

“A UFMA contatou profissionais de universidades, como a UFRJ e UFRGS, e outras para compor uma equipe multidisciplinar de geólogos e paleontólogos para estudar o conjunto de rochas e as pegadas’, afirmou o professor.

O artigo, finalizado em dezembro de 2024, foi submetido ao Italian Journal of Geosciences, onde passou por um criterioso processo de avaliação por especialistas da a área. Após meses de interação entre os editores da revista e os autores, o trabalho foi aceito para publicação em maio de 2025 e incluído na edição comemorativa intitulada “200 years of Dinosaurs: State of the Art and Future Directions”, que celebra os 200 anos desde o primeiro registro científico de um dinossauro.

“O artigo foi concluído em dezembro de 2024 e enviado ao Italian Journal of Geosciences pra ser avaliado por especialistas na área. Um processo que demanda meses de interação entre os editores da revista científica e os autores do trabalho. O artigo foi aceito para publicação em maio de 2025 e foi incluído numa edição comemorativa da revista, que homenageia os 200 anos desde o primeiro achado de um dinossauro”, explicou o pesquisador.

As pegadas descritas no estudo são atribuídas ao período Jurássico, o que torna o achado ainda mais significativo. Segundo o professor Manuel, esse tipo de registro é extremamente raro no Brasil. “Como pegadas de dinossauros são raras, e pegadas jurássicas são mais raras ainda no Brasil, o achado tornou-se um destaque no cenário acadêmico”, pontuou.

Além do ineditismo, o conjunto de pegadas fornece dados relevantes sobre um momento crucial da evolução dos dinossauros. “As pegadas de Fortaleza dos Nogueiras representam o registro da época em que os dinossauros estavam se diversificando e crescendo em tamanho. Isso os levaria a dominar os ambientes terrestres em todo o globo”, explicou o professor.

Com a confirmação do potencial paleontológico da área, a equipe de pesquisadores pretende dar continuidade aos estudos no entorno do sítio já identificado, localizado no Ecopark Tangará, na parte sul de Fortaleza dos Nogueiras. A perspectiva é que novos registros fósseis estejam espalhados por uma área ainda maior.

“Há planos de se continuar mapeando pegadas no entorno da localidade estudada, Ecopark Tangará, porque os registros parecem se espalhar por uma área ainda maior do que se pensava. Há também uma iniciativa, na região de Fortaleza dos Nogueiras, de preservar esses achados e usá-los como atrativo turístico, o que já está acontecendo pela iniciativa privada. Este é o caminho correto para esse tipo de patrimônio porque é uma forma sustentável de gerar renda para os moradores locais”, destaca.

A publicação do artigo na revista italiana não apenas reforça a relevância científica do achado no Maranhão, como também evidencia o protagonismo da UFMA na produção de conhecimento de impacto internacional. Com novos estudos em andamento e iniciativas voltadas à preservação e ao aproveitamento sustentável do sítio, a Universidade reafirma seu compromisso com a pesquisa, a valorização do patrimônio natural e o desenvolvimento regional por meio da ciência.

A edição especial da Journal of Italian Geosciences com o artigo completo já está disponível on-line, no site da revista.

 

Por: Geovanna Selma

Fotos: arquivo pessoal

Revisão: Jáder Cavalcante

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