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DIA DAS MÃES
De mãe para filha: quando a profissão é passada por gerações
Os corredores e prédios da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) abrigam muitas histórias de afetos e de troca de vocações. Entre elas, destacam-se as trajetórias de muitas mães: alunas, técnicas-administrativas, professoras, terceirizadas, zeladoras, copeiras, vigilantes, entre tantas outras, que saem de casa todos os dias para cuidar de um segundo lar, que acolhe milhares de pessoas: a UFMA.
Para muitos, a Universidade se torna uma extensão da própria casa. E, em alguns casos, mães e filhos compartilham não apenas o espaço, mas também a mesma vocação. É o caso da professora Lindalva Maciel e de sua filha, Sergiane Maia Maciel, ambas docentes da UFMA no Câmpus de São Luís.
Lindalva Maciel é professora da Universidade desde 1992. Ao longo dos anos, dedicou-se à educação e também assumiu funções na gestão administrativa da instituição, sendo atualmente diretora do Centro de Ciências Sociais (CCSo). Sempre comprometida com a formação das suas três filhas e com a missão educacional da UFMA, influenciou, ainda que de forma indireta, a trajetória de Sergiane, que hoje trilha o mesmo caminho profissional da mãe desde 2013.
Professora do Departamento de Enfermagem da UFMA de São Luís, Sergiane se inspira na mãe para exercer a sua profissão. “Na enfermagem, sempre buscamos cuidar e ensinar o autocuidado. Minha mãe já estava na Universidade, sempre presente, ainda que indiretamente, talvez para não influenciar minha escolha. Quando me formei, ela sugeriu o mestrado, mas primeiro segui pela prática: fui enfermeira no Socorrão por cerca de dez anos e, associado a isso, comecei a dar aulas no ensino superior. Sempre a vi como inspiração e continuidade. Além de ensinar, ela se dedicava à gestão da universidade pública, acreditando no poder transformador do ensino. Tenho muito orgulho da minha trajetória, porque ela é meu espelho — o que sou hoje representa um pouco dela”, expressa Sergiane.
Para Lindalva, a escolha profissional da filha aconteceu de forma natural, inspirada pela convivência com sua dedicação e amor à profissão. “Tudo aconteceu de forma tão natural, sem influência de minha parte. Acho que ela foi observando a minha rotina. Eu trabalhava em escola particular com muitos alunos, e ela percebia que eu estava sempre preparando aulas. Eu era professora de Português e Redação no Colégio Santa Teresa, e ela ainda era muito criança, mas via que, durante as madrugadas, eu corrigia e preparava as aulas. Então, tudo foi acontecendo de maneira muito espontânea, como se fosse algo inerente à nossa vida. E é! Quando surgiu a oportunidade, ela prestou o concurso e eu pude assistir à aula que ela ministrou. Fico muito feliz em vê-la hoje aqui, na Universidade que eu respeito, em que acredito e para qual desejo sempre o melhor”.
Sergiane conta que sua formação foi construída juntamente com o apoio e reflexo de sua mãe. “Foi uma construção partilhada. Porque eu olho para ela e penso: vou transformar também minha sala de aula. Eu sou enfermeira, não tenho aquela questão da pedagogia, mas eu vejo que ela transforma. Tem que trazer o ensino prazeroso para a sala de aula. E aí você cuida dessa forma de todos”, salienta.
A presença de mães e filhas na mesma carreira dentro da instituição oferece um retrato da influência materna, da valorização da educação e da força feminina no serviço público. É um exemplo de várias histórias que se cruzam pela UFMA.
Muitos filhos veem, em suas mães, o poder da transformação social. Mães não são apenas “mães”, são estudantes, professoras, técnicas, seguranças, jornalistas, cerimonialistas, diretoras, superintendentes, zeladoras. Muitas mães da UFMA enfrentam jornadas duplas, quem dirá triplas, para oferecer aos filhos um futuro que muitos caracterizam como digno. É sobre reconhecer, mas não romantizar o exercício de ser mãe. Mas mãe é força, carinho, é colo. Como versa o poeta Braulio Bessa:
“A maior força do mundo é o amor que uma mãe sente”.
É a força do cuidado, do perdão, da paciência
Força da alma, do corpo, do suor e da resistência
A força de curar tudo sem precisar de ciência
É a força de ser única e nunca nos deixar só
Da esperança até ausente a força de ser maior
A força doce de um laço e a segurança de um nó”.
Neste dia das mães, a UFMA deseja que, em todos os dias, seja celebrado e reconhecido o papel da mãe. Seja por meio de políticas voltadas para elas, que a instituição vem implementando, como salas de amamentação, editais de bolsas de pesquisa destinadas a mulheres e mães, seja pela valorização dessas figuras maternas na instituição.
A professora Lindalva reconhece todo o trabalho das mães na Universidade. “Temos várias mulheres que trabalham aqui. Técnicas, a equipe de manutenção, de limpeza e professoras. O meu sentimento é de gratidão. A UFMA é o que é graças ao cuidado diário dessa equipe. Aqui temos mulheres que chegam antes das seis horas da manhã para cuidarem dos prédios, para que os alunos se sintam confortáveis aqui. Então, quero agradecer. E dizer que os filhos são muito importantes e quanto nós os amamos. Essa luta, o trabalho, essa rotina é porque a gente quer o melhor para o filho e a filha”, manifesta.
Sergiane, por sua vez, relembra as mães que são discentes. “Para todas as mães que são professoras e alunas também: este momento não é só um momento de a gente estar celebrando o amor, mas de a gente estar celebrando a força que a mulher tem. A força por sua condição de mulher. Esse protagonismo de ela enfrentar várias jornadas. De ser mulher, de ser mãe, de ser esposa, namorada e de conseguir vencer pela dedicação com estudo. A Universidade é o espaço ideal para isso. Representa todo esse espaço de luta. De representatividade. É sobre ser plural em todos os sentidos. Eu acho que é o momento de a gente pensar quanto a mulher pode transformar o seu futuro, por que ela consegue passar todo esse legado para os seus filhos. A gente vê que a nossa história representa isso. Eu vi minha mãe sempre lutando e conquistando espaços, seja na gestão, no ensino ou na pesquisa. E isso me deu forças para lutar”, exprime.
Por: Sarah Dantas
Fotos: Sarah Dantas
Revisão: Jáder Cavalcante