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Daninhas na mira: pesquisa busca controle de plantas nocivas às lavouras de soja na região do Baixo Parnaíba

publicado: 20/06/2022 14h31, última modificação: 20/06/2022 17h36
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A cultura da soja já faz parte do cenário econômico do Maranhão, segundo maior produtor de grãos do Nordeste. Na mesorregião leste — que inclui Chapadinha e outros quarenta e três municípios — existem atualmente dezenas de fazendas que, juntas, respondem por boa parte da soja produzida no estado. Segundo o IBGE, só em 2020, foram produzidas 131.720 toneladas de soja. Essa realidade despertou o interesse dos pesquisadores, dando origem a vários estudos acadêmicos voltados para o setor do agronegócio. Um desses estudos é o do professor Edmilson Igor Bernardo Almeida, do curso de Agronomia do Centro de Ciências de Chapadinha, que propõe o monitoramento e o manejo de plantas daninhas nas lavouras de soja da região do Baixo Parnaíba Maranhense.

De acordo com o pesquisador, a ação dessas plantas indesejáveis nas lavouras de soja, entre elas capim pé-de-galinha (Eleusine indica), fedegoso (Senna obtusifolia), leiteiro (Euphorbia heterophylla), tiririca (Cyperus sp.) e vassourinha-botão (Spermacoce sp.), podem aumentar em até trinta por cento o custo de produção, o que representa perda de milhões de reais todos os anos, além dos prejuízos ocasionados sobre a qualidade de grãos e sementes. “Esse é sem dúvida um dos importantes gargalos da produção de soja, daí a necessidade de controle efetivo dessas espécies”, explicou Edmilson. O controle de plantas daninhas pode ser feito de forma cultural, mecânica, física, química e biológica. O agricultor também pode optar pelo manejo integrado, em que vários métodos são adotados ao mesmo tempo.

Em sua pesquisa, o professor Edmilson Igor combina diversas ações, no sentido de oferecer opções de manejo mais interessantes para o produtor. “Trabalhamos não apenas com métodos de controle, mas também com a conscientização em relação a práticas preventivas. Também fazemos o monitoramento de plantas daninhas, tanto no período de safra como em entressafra, visando entender a dinâmica dessas espécies, ou seja, como elas se comportam, como se perpetuam nas áreas de plantio e como sobrevivem após as alternativas de manejo empregadas”, explicou o professor.

O projeto “Levantamento florístico e alternativas para o manejo de plantas daninhas ocorrentes em lavouras de soja, no Leste Maranhense” vem sendo executado desde 2019 em cinco fazendas do Baixo Parnaíba. A iniciativa conta com o apoio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e da Associação dos Produtores de Soja – Núcleo Meio Norte. A cada final de safra, os resultados da pesquisa são apresentados aos produtores da região pelos estudantes que participam dos projetos.

Impactos – Segundo Edmilson, a pesquisa tem gerado impactos tanto no setor produtivo-comercial de grãos quanto no âmbito científico.  “No setor produtivo, além das sugestões quanto a determinados tratamentos, a gente também emite alertas quanto ao aumento da infestação de determinadas espécies de difícil controle ou a chegada de espécies resistentes a herbicidas, que causam sérios prejuízos em outras regiões produtoras brasileiras”. Para o pesquisador, o estudo oferece ao produtor rural uma visão mais ampla em relação a atividades no campo, pois traz informações idôneas sobre a eficiência de herbicidas, monitoramento e manejo de plantas daninhas de difícil controle.

Para André Introvini, presidente da Aprosoja Meio-Norte e proprietário da Fazenda São Bernardo, o estudo pode ajudar na busca por melhores equipamentos e produtos, contribuindo assim para uma agricultura mais econômica e eficiente. “A pesquisa do professor Edmilson pode trazer impactos positivos, principalmente, em relação à eficiência dos equipamentos, onde existem diferenças pouco perceptíveis no dia a dia, mas que, no final, proporcionam um plantio de maior qualidade e, consequentemente, mais produtivo”, declarou o produtor.

A pesquisa também trouxe benefícios no âmbito científico, com a publicação de artigos em periódicos científicos internacionais (Austrália, Canadá, Colômbia e EUA), aquisição de bolsas, fomento financeiro e participações em eventos voltados ao setor agrícola. “Isso é importante porque, além do incremento da produtividade das culturas agrícolas, de melhorias quanto ao manejo no campo, a gente também tem proporcionado ganhos intelectuais e curriculares para os alunos que querem seguir uma formação em pós-graduação”, comemora o pesquisador.

A experiência com o campo e o contato com produtores rurais também trouxeram oportunidades de estágio em fazendas e possibilidades de emprego para os alunos egressos. É o caso de Marcelo de Sousa da Silva, egresso do curso de Agronomia, que saiu da graduação direto para o mercado de trabalho. Há três anos participando da pesquisa com o professor doutor Edmilson, Marcelo afirma que foi com base nessa experiência que teve a oportunidade de entrar no setor produtivo. Hoje ele trabalha na empresa Sementes Pampeana, que produz sementes de soja com genética própria. “Foi um projeto que agregou bastante na minha vida. Eu abracei essa oportunidade e hoje estou aqui, inserido no setor produtivo da região”, destacou o aluno.

Daninhas na mira pesquisa busca controle de plantas nocivas às lavouras de soja na região do Baixo Parnaíba

Saiba +

O professor Edmilson Igor Bernardo Almeida é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal da Paraíba, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal do Ceará e pós-doutorado pela Universidade Federal de Roraima. Trabalha, desde 2015, no Centro de Ciências de Chapadinha, no curso de Agronomia. Sua área de atuação é produção vegetal. A partir de 2017, passou a lidar com o manejo de plantas daninhas, que é atualmente sua linha de pesquisa. Possui sete livros editorados e setenta e seis artigos publicados, além de participações em capítulos e trabalhos de outros professores parceiros de projetos.

Por: Ivandro Coêlho

Revisão: Jáder Cavalcante

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