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Curso de extensão “Academia Preta Decolonial: epistemologias e metodologias antirracistas”, do Câmpus Imperatriz, é selecionado pela Unesco para integrar campanha internacional pela erradicação do racismo no ensino superior

publicado: 01/09/2021 17h37, última modificação: 01/09/2021 21h55

Selecionado pela Unesco para integrar a Segunda Campaña para la Erradicación del Racismo en la Educación Superior, será realizado, entre os dias 22 de setembro e 15 de novembro deste ano, o curso de extensão “Academia Preta Decolonial: epistemologias e metodologias antirracistas”, coordenado pelas professoras de Jornalismo do Câmpus de Imperatriz Michelly dos Santos Carvalho e Leila Lima de Sousa. As inscrições podem ser feitas a partir de hoje, 1º de setembro no site do evento.

A Unesco fez uma chamada que buscava o envio de propostas e iniciativas que se propusessem a pensar em práticas para o combate ao racismo, sobretudo no ensino superior na América Latina. As propostas contam com o apoio institucional do órgão para o desenvolvimento e para o fortalecimento das iniciativas selecionadas. Ao todo, foram escolhidas 20 propostas em toda a América Latina, e, no Brasil, foram cinco, entre as quais, a proposta das professoras da UFMA.

O curso crescerá com o apoio da Unesco: em 2020, foram ofertadas aproximadamente 250 vagas, mas, para esta edição, a organização estima contar com mil vagas para todo o Brasil, contando novamente com participantes de outros países. “A parceria e o apoio da Unesco nos ajuda a fortalecer ainda mais o projeto porque também temos a oportunidade de intercambiar ideias com outros selecionados da campanha, em diferentes países da América Latina. Dessa forma, podemos ampliar ainda mais nosso conhecimento sobre o assunto, construir bases, estruturar redes de apoio com base em outros países. É um apoio que oferece visibilidade e que reconhece a iniciativa que já desenvolvemos desde o ano passado”, apontou a vice-coordenadora Leila Sousa.

Segundo a descrição do projeto, o curso de extensão surge como uma iniciativa que oferece espaços de discussão, de reflexão e de formação antirracista e antissexista para a comunidade. Indagada sobre o que o significado do tema “Academia Preta Decolonial”, Michelly Carvalho explicou queAcademia” vem de local de construção do conhecimento, e que “Preta” se refere a uma escolha política do curso. “Este curso prioriza e dá visibilidade a professores e personalidades negras, por isso é uma academia preta. É decolonial porque oferece um pensamento crítico, questiona a historiografia oficial e tenta mostrar como se configuram as hierarquias sociais baseadas no pensamento do sul global”, detalhou.

Sobre as docentes

Leila Sousa tem tese de doutorado com enfoque em discussões de raça, gênero e cidadania comunicativa e tem trabalhado com a perspectiva racial e de gênero a partir do Núcleo de Estudos e Pesquisa “Maria Firmina dos Reis”. “Acredito que a educação pública, gratuita e acessível é instrumento fundamental para a erradicação do racismo e também para diminuir as profundas desigualdades no nosso país”, acrescentou.

Por sua vez, Michelly Carvalho contou que cursou uma especialização em direitos humanos chamada “Esperança Garcia”, no Piauí. “A partir desse momento, comecei a questionar minhas leituras de mundo muito eurocentradas. Questionei-me também sobre o pouco espaço dado a mulheres, especialmente, as mulheres negras. Comecei a estudar sobre os feminismos e aos poucos fui enegrecendo esses feminismos. Em seguida, vi a necessidade de estudar e construir novas epistemes. Foi aí que comecei a estudar a Colonialidade e a Decolonialidade”, revelou.

Em sua análise, o tema provoca o pensamento mais crítico sobre a construção do conhecimento e sobre como funcionam as estruturas sociais, principalmente considerando a raça, o gênero e a sexualidade.

Saiba mais

A Cátedra Unesco "Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina" se dedica a realizar pesquisas e publicar seus resultados com oferta de oportunidades de treinamento para pesquisadores, professores e gestores; com o desenvolvimento de campanhas de educação e comunicação pública; e promoção de propostas de políticas públicas e transformações institucionais no campo da educação superior e dos povos indígenas e afrodescendentes na América Latina.

Por: Carlos Marques

Produção: Marcos Paulo Albuquerque

Revisão: Jáder Cavalcante

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