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Curso de Extensão “Fortalecendo a Rede de Atendimento à Violência Contra a Mulher” promove qualificação de profissionais em Imperatriz

publicado: 17/11/2025 09h15, última modificação: 17/11/2025 09h15
Curso de Extensão “Fortalecendo a Rede de Atendimento à Violência Contra a Mulher” promove qualificação de profissionais em Imperatriz

Curso de extensão qualifica profissionais que atuam na linha de frente do acolhimento e enfrentamento a violência. Foto: Rosiane Stefane (CCIM)

O Centro de Ciências de Imperatriz (CCIM) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realiza, às sextas-feiras, na Unidade professor José Batista de Oliveira, das 14h às 18h, o curso de extensão “Fortalecendo a Rede de Atendimento à Violência Contra a Mulher”. A iniciativa, com carga horária de 70 horas, é uma parceria entre a Universidade, movimentos sociais e a Casa da Mulher, e tem como objetivo qualificar profissionais que atuam na linha de frente do acolhimento e enfrentamento à violência. Este é o primeiro curso da instituição voltado especificamente para o aprimoramento das práticas de atendimento e acolhimento às mulheres em situação de vulnerabilidade.

De acordo com a professora do curso de Licenciatura em Ciências Humanas e uma das coordenadoras do projeto, Vanda Pantoja, o curso está devidamente cadastrado no sistema SIGAA e passou por todas as instâncias da Universidade antes de ser executado. Ela explica que a proposta inicial foi apresentada pela coordenadora do Centro de Direitos Humanos Padre Josimo, Conceição Amorim, e, a partir disso, a equipe reformulou o projeto, adaptando-o à plataforma institucional e organizando os encontros. “Nós analisamos o projeto, reelaboramos e vimos que ele teria uma carga total de 70 horas. Ele começou em agosto e vai até dezembro, com encontros semanais. A ideia é justamente fortalecer a rede de atendimento, trazendo capacitação baseada na norma técnica federal que orienta como deve ser o atendimento à mulher vítima de violência”, destacou.

A importância do curso vai além da formação técnica. Ele representa um avanço no fortalecimento das políticas públicas de proteção às mulheres, promovendo o diálogo entre universidade e sociedade. Em um cenário em que os índices de violência de gênero ainda são altos no Brasil, iniciativas como essa contribuem para a construção de uma rede de apoio mais sensível, capacitada e eficiente, garantindo um atendimento humanizado e o fortalecimento dos direitos das mulheres. 

A professora Vanda ressalta que o curso é estruturado em 13 módulos, cada um ministrado por profissionais convidados da UFMA e de outras instituições, todos com trajetória e afinidade com a temática de gênero. “Convidamos colegas da Universidade e da rede básica de ensino, pessoas que já atuam ou pesquisam sobre violência contra a mulher. A maioria são mulheres, professoras que se dispuseram a participar sem qualquer recurso financeiro, por acreditarem na importância dessa iniciativa. Também temos a participação de alunos recém-formados no mestrado, como a Luziane Gama, que desenvolveu uma pesquisa importante sobre o tema”, completou.

Segundo Vanda, a diversidade dos ministrantes também contribui para ampliar as perspectivas sobre o tema. “Temos um único homem entre os convidados, que é aluno do mestrado e pesquisa sobre feminicídio. Ele também foi convidado a compartilhar seus estudos em um dos módulos. Assim, conseguimos construir um espaço plural, de troca e aprendizado coletivo”, afirmou.

A idealizadora do projeto, Conceição Amorim, militante do movimento feminista e de direitos humanos, destacou que a ideia do curso surgiu a partir de uma reflexão sobre a falta de capacitação específica para profissionais que atuam na rede de enfrentamento à violência contra a mulher. Segundo ela, desde a criação do primeiro serviço de atendimento à mulher em situação de violência no Brasil, em 2006, percebeu-se a necessidade de que a formação dessas equipes fosse conduzida pelas universidades. “Sempre pensei que a única alternativa para qualificar as equipes que trabalham com essa política pública seria por meio das universidades. Não há outro espaço que possa garantir a formação com a profundidade e o compromisso que o tema exige”, afirmou.

O curso representa um passo importante, mas ainda inicial, no caminho de fortalecimento da rede de enfrentamento.  Conceição defende que a formação deve evoluir para níveis mais aprofundados, com cursos de aperfeiçoamento, especialização e, futuramente, pós-graduação e mestrado voltados ao tema. “O atendimento às mulheres vítimas de violência é um serviço especializado, e para atuar nele é preciso formação específica. A graduação, por si só, não prepara esses profissionais. Precisamos investir em especializações, em formação continuada, porque palestras de poucas horas não garantem a qualificação necessária para lidar com situações tão complexas”, reforçou.

Conceição também destacou que o curso de extensão da UFMA é pioneiro no Brasil por reunir profissionais da rede de atendimento — entre eles psicólogas, assistentes sociais e advogadas, entre outros — em um espaço de troca e aprendizado coletivo. Para ela, essa integração é o que torna a iniciativa tão significativa. “Aqui, não temos estudantes em formação inicial, mas profissionais que já atuam diretamente com mulheres em situação de vulnerabilidade. Esse é o primeiro passo de uma caminhada que precisa continuar. A universidade é o espaço legítimo para formar, fortalecer e transformar a política pública de enfrentamento à violência contra a mulher”, concluiu.

Por: Rosiane Stefane - Núcleo de Comunicação CCIm

Fotos: Rosiane Stefane

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