Notícias
Pesquisa sobre a associação de carrapaticidas sintéticos com produtos naturais resulta na primeira transferência tecnológica da UFMA
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, os pecuaristas brasileiros gastam, anualmente, cerca de R$ 15 bilhões em remédios para combater o Rhipicephalus microplus, carrapato-de-boi, considerado um dos maiores problemas para a pecuária bovina no Brasil. Com o objetivo de mitigar essa problemática, o professor Lívio Martins Costa Júnior, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) do Câmpus São Luís, desenvolveu a pesquisa “Associação de carrapaticidas sintéticos com produtos naturais com efeito carrapaticida” a fim de criar um produto mais acessível para os produtores rurais. Esse estudo resultou na primeira transferência tecnológica realizada pela UFMA, em parceria com a empresa privada Ceva Veterinária LTDA.
A pesquisa apresentou que a Lippia gracilis, planta endêmica do Nordeste brasileiro com diversas utilidades medicinais, é rica em óleos essenciais e possui compostos com efeito carrapaticida. Com base nisso, ele avaliou o efeito da associação entre carrapaticidas sintéticos com esses compostos naturais em larvas de carrapato-de-boi e demonstrou que essa associação pode ser uma alternativa promissora para o controle do R. Microplus.
Segundo o pesquisador, o grande diferencial desse carrapaticida é que ele utiliza uma molécula já conhecida no mercado, o que facilita a comunicação com o produtor e torna esse produto mais barato e acessível. “Existe muito investimento em pesquisa para se desenvolverem novos carrapaticidas, e isso encarece muito o preço desse remédio para o produtor. Além do alto custo, esses produtos demoram para serem lançados e podem levar até cerca de 20 a 30 anos para chegarem ao mercado. Além de levar economia aos pecuaristas, a associação do carrapaticida com produtos naturais também reduz a toxicidade desses compostos químicos”, explicou.
O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) via Instituto Estadual de Ciência e Tecnologia - Biotecnologia (IECT) e também pela empresa Ceva Veterinária LTDA. “Como a empresa colaborou diretamente no processo de transferência de tecnologia, inclusive em diversas etapas antes mesmo de o produto estar pronto, torna a transferência de codesenvolvimento em ação conjunta com a gente. Ela contribuiu trazendo know-how, fazendo formulações, levantando custos, buscando fornecedores no mundo inteiro e direcionando o melhor produto natural”, contou o professor.
Transferência tecnológica
De acordo com a Coordenação-Geral de Contratos de Tecnologia do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), a transferência de tecnologia é o processo por meio do qual um conjunto de conhecimentos, habilidades e procedimentos aplicáveis aos problemas de produção são transferidos, por transação de caráter econômico ou não, de uma organização a outra, ampliando a capacidade de inovação da organização receptora.
O processo de transferência de tecnologia é iniciado a partir do momento em que há interesse por parte de pessoa externa na apropriação da tecnologia desenvolvida. Esse processo pode ser advindo de manifestação após publicação de chamada pública, edital de bancos, edital de agências de fomento, apresentação da tecnologia em vitrine tecnológica, exposição em feiras, eventos, por meio do próprio currículo lattes do inventor.
Para a professora Teresa Cristina Rodrigues, diretora de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (Ageufma), essa é a mais nova e necessária atuação das instituições de ensino e pesquisa: contribuir para que seus estudos possam impactar positivamente a sociedade, trazendo resultados concretos e abrindo oportunidades de crescimento financeiro. “As inovações devem trazer benefícios para a sociedade. No caso desse carrapaticida associado com produtos naturais, ele deve trazer novos produtos veterinários de menor impacto ao meio ambiente, o que também é um benefício”, mencionou.
De acordo com a professora Maria da Glória Almeida Bandeira, coordenadora da Coordenação de Transferência de Tecnologias da Ageufma, a Universidade tem contrato de tecnologia licenciada com o grupo Fleury, para uso de tecnologia desenvolvida em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos e com médicos, além de também haver um termo de cessão sobre a criação de Propriedade Intelectual com uma empresa francesa que trata de medicamento veterinário.
Por: Bruno Goulart
Produção: Alan Veras
Revisão: Jáder Cavalcante