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SÉRIE PRÊMIO FAPEMA 2024
Conheça a pesquisa da UFMA sobre bebida plant-based que foi destaque no Prêmio Fapema 2024
A crescente demanda por produtos alimentares saudáveis e sustentáveis tem impulsionado pesquisas na área de alimentos plant-based, à base de plantas. Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), uma dessas iniciativas foi reconhecida pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), no Prêmio Fapema 2024. O estudo “Qualidade Nutricional e Sensorial de Bebida Plant-Based”, elaborada pela pesquisadora Samyla Pereira, sob orientação da professora Tatiana Lemos, conquistou o terceiro lugar na categoria Popvídeo Ciências. A pesquisa, desenvolvida no curso de Engenharia de Alimentos do Câmpus Imperatriz, destaca-se pela inovação e contribuição para o desenvolvimento sustentável da região.
A proposta do estudo foi avaliar a qualidade nutricional e sensorial de uma bebida vegetal formulada a partir de um ingrediente local, o arroz vermelho. Segundo a pesquisadora Samyla, o desenvolvimento desse tipo de produto tem grande relevância para a população, especialmente, para aqueles que buscam alternativas ao leite de origem animal. “A nossa bebida é uma alternativa nutritiva e também sustentável ao leite bovino, e também pode ser uma opção para aqueles que possuem alergias a castanhas, amendoim entre outros, já que o arroz vermelho é um ingrediente com um bom valor de proteínas e de vitamina C, além de sua maior qualidade de ser hipoalergênico”, afirma a pesquisadora.
A orientadora Tatiana ressalta a importância da pesquisa para a inovação na indústria alimentícia e para o fortalecimento da segurança alimentar. “O estudo garante, de certa forma, a possibilidade de uma fonte proteica alternativa. Principalmente, para aquelas pessoas que não podem ou conseguem consumir o leite de origem animal. O mercado tem uma abundância de bebidas à base de soja, o que nem sempre é opção mais viável. A bebida de arroz vermelho pode até ser feita para consumo próprio, uma possibilidade que o estudo apresenta”, destaca.
Além de seu impacto nutricional e ambiental, a pesquisa abre novas oportunidades para a agricultura familiar. O arroz vermelho é tradicionalmente cultivado por pequenos produtores do Nordeste, mas ainda enfrenta desafios de valorização no mercado. A professora Tatiana destacou que, embora a produção de arroz vermelho no Nordeste ainda seja pequena, há cultivos desse grão no Maranhão. Segundo ela, ao desenvolver um produto baseado nessa matriz alimentar, cria-se a oportunidade de ampliar seu uso para além do consumo tradicional, transformando-o em matéria-prima para a produção de bebidas vegetais comercializáveis.
Ela ressaltou que empresas interessadas na fabricação de bebidas plant-based, inclusive aquelas que já atuam no setor, podem enxergar essa alternativa como uma oportunidade de mercado, fomentando a busca por fornecedores locais e incentivando a cadeia produtiva. Além disso, a orientadora mencionou que a pesquisadora Samyla realizou um levantamento sobre a produção local de arroz vermelho no Maranhão e identificou o município de Cachoeira Grande como um dos produtores desse grão na região.
Durante o estudo, foram realizadas diversas análises para garantir que bebida apresentasse qualidade tanto nutricional quanto sensorial. Para a pesquisa, executaram-se testes de composição, verificando os níveis de proteína, gorduras e carboidratos, além da avaliação de micronutrientes essenciais. Paralelamente, foram conduzidos testes sensoriais com potenciais consumidores, a fim de verificar a aceitação do produto em relação ao sabor, textura e aroma.

Os resultados obtidos demonstram que é possível desenvolver uma bebida plant-based com qualidades nutricionais equilibradas e agradável ao paladar. “Para a realização da análise sensorial, consideramos produzir duas versões do produto: uma integral, sem adição de açúcar, e outra adoçada. Isso porque a maioria das bebidas disponíveis no mercado contém açúcar, e queríamos compreender como os consumidores avaliariam ambas as formulações. Foram examinados diversos atributos, como sabor, aparência e impressão global do produto. E, de modo geral, os resultados indicaram que a versão adoçada obteve maior aceitação entre os avaliadores”, explica Samyla.
Para Tatiana, o diferencial da pesquisa está na combinação entre ciência e inovação aplicada. “O arroz vermelho, produzido no Nordeste, é menos conhecido que o branco, mas tem mais benefícios. Ele, geralmente, só é usado na gastronomia, em pratos mais refinados. Escolhemos esse ingrediente para a pesquisa porque ele tem maior teor de proteína, atividade antioxidante e compostos fenólicos”, relata a orientadora.
A pesquisa sobre a bebida plant-based reflete um movimento global de transição para dietas mais sustentáveis, reduzindo a dependência de produtos de origem animal. No Maranhão, essa tendência também vem ganhando força, impulsionada pelo crescente interesse em alternativas mais saudáveis e ambientalmente responsáveis.
Para Samyla, o reconhecimento no prêmio foi uma grande honra, destacando tanto sua pesquisa quanto a importância do projeto. “Participar desse prêmio foi uma experiência muito honrosa para mim, especialmente, por ter chegado até a premiação. Toda a trajetória envolvida, desde os estudos até a produção do vídeo, foi muito gratificante. Estar presente no evento em São Luís e ver nosso trabalho e dedicação sendo reconhecidos foi uma grande honra. Além disso, poder contribuir, de alguma forma, para a pesquisa no Maranhão torna essa conquista ainda mais especial”, revela a discente.
O Prêmio Fapema é um das principais premiações científicas do Maranhão. A categoria Popvídeo Ciências reconhece pesquisas que conseguem comunicar seus resultados de forma acessível ao público, aproximando a ciência da sociedade. O estudo da UFMA reforça a importância da pesquisa para o avanço da inovação alimentar, contribuindo para um futuro com opções mais saudáveis e sustentáveis para todos.
Por: Geovanna Selma
Fotos: arquivo pessoal
Revisão: Jáder Cavalcante