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Centro de Ciências de Grajaú forma novos professores que contribuirão para o desenvolvimento da região
Vítima de um acidente automobilístico, Fernando Dantas foi um dos seis estudantes do Centro de Ciências de Grajaú, a receber o grau de licenciado, durante solenidade realizada nesta sexta-feira, 24, referente ao segundo semestre de 2022. Sua mãe conta que, com 19 anos, quando estava a serviço, foi envolvido em um acidente de trânsito, entre duas motos, ficou cadeirante e com dificuldade de fala, devido a uma traqueostomia à qual foi submetido.
“Tivemos muitas dificuldades por causa da própria acessibilidade e locomoção até o câmpus. Em alguns momentos ele pensou e queria até desistir, mas eu sempre incentivava e dizia a ele para seguir em frente que ele ia conseguir e começava a dar forças pra ele. Foram momentos muito difíceis que vivenciamos, mas, graças a Deus, ele conseguiu finalizar e hoje está aqui recebendo o grau”, revela dona Salustriana Dantas.
Seu filho, Fernando Dantas, agora Licenciado em Ciências Naturais – Química, pela Universidade Federal do Maranhão, câmpus de Grajaú, ratifica que foram momentos de lutas e dificuldades, para chegar até este momento, mas, apesar dos obstáculos vivenciados, por sua condição física, foi muito gratificante também. “Tive muito aprendizagem e conhecimento, e agora falta eu aplicar e colocar em prática o que aprendi. Meu maior objetivo é atuar na área, dar aulas, fazer mestrado e doutorado”, afirmou.
Fernando foi muito aplaudido durante a cerimônia por causa do seu exemplo de perseverança e superação, adjetivos que foram enfatizados na fala da paraninfa oficial, professora Cristina Torres, do curso de Licenciatura em Ciências Humanas – Geografia. “Cada um aqui teve que se superar em alguma coisa, cada um teve que renunciar a alguma coisa. As mães, os pais, porque sabemos que vocês também tiveram dificuldades, mas não desistiram e superaram. O que posso dizer é que sigam firme e superem-se a cada dia, porque todo dia é um desafio que temos para viver, mas com força de vontade e garra, conseguimos. Testemunhar o crescimento do Fernando, intelectualmente, como pessoa, é gratificante para a Universidade. Lembro que, à época, foi realizado um momento dos alunos que pediam por melhoras no prédio porque temos o Fernando, a professora Daniely Gaspar, do curso de Licenciatura em Ciências Naturais – Química, junto com seus alunos, desenvolveram um elevador especial pensando no Fernando e em todos os cadeirantes que podem estar no espaço da Universidade, porque é inclusão social”, enfatizou.
Para a Licenciada em Ciências Humanas – Geografia Andreia Paiva, natural de Grajaú, essa superação resultou na concretização de um sonho. “Já atuo como professora de Geografia no município de Itaipava do Grajaú, localizado a 112 quilômetros de Grajaú, o equivalente a uma hora de viagem. Lá ministro aula nos anos iniciais e no ensino médio. Agora, já formada, desejo ingressar em um mestrado, me qualificar e seguir a carreira de docente do ensino superior”, contou.
Casada, mãe de duas meninas, ela lembrou que, em alguns momentos, levava suas filhas para a Universidade também, por não ter com quem deixá-las. “A rotina de ser mãe, esposa, dona de casa, e ainda dar conta dos afazeres da Universidade foi desafiadora, porque, por diversas vezes, precisei abdicar da minha função como mãe e, em outras situações, eu as trazia para a sala de aula junto comigo. Foram elas que me deram forças para continuar ainda mais e concluir o curso.”
O vice-reitor Marcos Fábio Belo Matos, que estava representando o reitor Natalino Salgado, destacou que a Universidade fez um importante papel, o de possibilitar a todos as melhores condições possíveis para que a formação fosse suficiente a fim de garantir uma profissão, com a qual cada um construirá sua trajetória de sucesso e dignidade. “Vivemos, há muito pouco tempo, um cenário de crise sanitária que impactou o nosso funcionamento institucional. Mas fomos capazes de reinventar nossos processos para conseguir cumprir com o compromisso de agir no ensino, na pesquisa, na extensão, na inovação, no empreendedorismo e na internacionalização. Superamos essa fase sem ficar um dia sequer parados, nem deixar de cumprir nossos objetivos”, discursou.
Esse mesmo reconhecimento esteve presente nas palavras do agora Licenciado em Ciências Naturais – Química Cleudivan de Oliveira Amorim, que foi o orador oficial da solenidade. “Ser professor é a mais bela profissão. É a que nos permite, também, a cada dia ser renovados, porque estamos sempre em contato com o novo, e nos permite, ainda, estar em contato com as novas tecnologias. Recentemente, passamos por um momento de transformação na educação, em que muitos professores tiveram que se adaptar ao novo, que era o ensino remoto. Muitas vezes, aprendemos com os alunos. Então, ser professor é estar se renovando a cada dia. E nós, aqui, temos orgulho de termos sido estudantes da Universidade Federal do Maranhão, Câmpus de Grajaú, porque aqui aprendemos a exercer a profissão por excelência. Nós participamos dos programas PIBID e Residência Pedagógica e vimos como é importante termos o preparo para ser professor, já que ele é o responsável por fazer a mais profunda transformação que a sociedade pode ter”, afirmou.
O diretor do Centro de Ciências de Grajaú, Aluísio Fernandes, enfatizou o apoio da Universidade, dos familiares e amigos, para que, nesta data tão especial, estivessem vivenciando mais um momento de alegria. “Todos os alunos quando entram na UFMA, vêm em busca de conhecimento, mas, na verdade, a Universidade é uma troca de conhecimento. Nós, professores, aprendemos muito com vocês a cada dia, com a experiência de vocês. Lembrem-se sempre disso, agora que são professores: vocês têm que ir para a sala de aula de coração aberto, mente aberta, porque vocês não estão indo apenas para ensinar, vocês estão indo para aprender. Uma das maiores qualidades de um professor é a humildade. Levem esse conhecimento com vocês”, aconselhou o diretor aos novos professores entregues à sociedade grajauense.
Por: Sansão Hortegal
Revisão: Jáder Cavalcante