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Aula Inaugural do do semestre 2021.1 do Programa de Pós-Graduação em Comunicação do Câmpus Imperatriz discutiu identidade e territorialidade em transmissão pelo Youtube
O Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Maranhão realizou, na segunda-feira, 5, com transmissão pelo canal PPGCOM Imperatriz – UFMA no Youtube, a aula inaugural do semestre 2021.1, discutindo o tema “A terra, o povo e a luta: identidade e territorialidade nas disputas fundiárias na Amazônia”.
A mesa virtual contou com a participação da professora Zélia Amador de Deus, da Universidade Federal do Pará (UFPA); do professor Airton dos Reis Pereira, da Universidade Estadual do Pará (Uepa) e da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); da professora Camila Tavares, coordenadora do PPGCOM; de Daniel Duarte, diretor do Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia; e do professor Marco Gehlen, coordenador do curso de Jornalismo do Câmpus Imperatriz.
O diretor Duarte parabenizou todos os alunos aprovados na seleção e disse estar feliz em poder falar sobre a pós-graduação em Imperatriz, já que, no passado, ele mesmo teve que sair da cidade para dar continuidade à sua carreira acadêmica. “Hoje que é possível fazer uma carreira acadêmica sem precisar sair daqui. Isso é resultado de muita luta”, afirmou.
O professor Airton Pereira destacou que a região de Imperatriz é muito perto do sul e sudeste do Pará, lugar de luta pela terra, conflitos intensos e violência no campo. Segundo o docente, essa história remonta à década de 60, a partir da construção da rodovia Belém-Brasília, quando se iniciou um processo de imigração muito grande. “As cidades surgiram na beira dos rios Tocantins e Araguaia, e, depois da construção da estrada, esse cenário mudou”, relembrou.
De acordo com Pereira, no final do governo Juscelino Kubitschek, no governo de João Goulart, e sobretudo no regime militar, o Estado brasileiro iniciou um processo de maior participação na região, com a construção de estradas, que foi efetivada por grandes empresas, vendas de terra para o capital privado e a militarização da área, que acabou por atrair muitos trabalhadores para a região.
Em sua explanação, ele mencionou que o desenvolvimento foi pautado na grande propriedade de terra, facilitando crédito, incentivos fiscais a grandes empresas e proprietários rurais do Centro-Sul do país para a criação de gado, em que até meados da década de 80, cerca de 9 milhões de hectares de terra já haviam sido ocupados por fazendas de gado.
O professor explica que muitas das terras vendidas pelo governo do estado eram ocupadas pelos posseiros. Eles não tinham documentos que provavam que tinham a terra e foram considerados ilegais. Nesse contexto, iniciaram-se conflitos com a participação da Polícia Militar e a contratação de pistoleiros.
Airton Pereira ainda acrescentou que a Igreja Católica teve um papel importante nesse período, com padres e freiras que desenvolviam trabalhos no campo com as comunidades se identificando com a luta desses trabalhadores, atuando no acolhimento dos trabalhadores rurais, na denúncia da violência, no registro e na documentação e na organização dos trabalhadores em áreas de conflitos.
Na ocasião, a docente Zélia Amador, em sua palestra, falou sobre as consequências crônicas do racismo no Brasil e na região. “Normalmente, são pessoas negras que são vítimas do trabalho escravo, ainda hoje nessa região. O racismo no Brasil está interligado com o modo como o país foi colonizado, estando presente até os dias de hoje, de maneira estruturada nas instituições, no Estado, na sociedade e até no senso comum. Temos uma pobreza herdada do racismo estrutural”, analisou.
Assista na íntegra à Aula Inaugural semestre 2021.1 do PPGCOM
Por: Carlos Marques
Produção: Laís Gomes
Revisão: Jáder Cavalcante