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Artista Marlene Barros Ribeiro recebe revalidação de diploma de mestrado
Na manhã de sexta-feira, 3, a artista Marlene Barros Ribeiro recebeu das mãos do reitor Natalino Salgado a apostila de revalidação de seu diploma de Mestrado em Criação Artística Contemporânea obtido na Universidade de Aveiro, Portugal, tornando-se, agora, também mestra em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão. Em Portugal, ela desenvolveu um estudo sobre a produção artística feminina na arte contemporânea.
Marlene, que também trabalha na Diretoria de Assuntos Culturais (DAC), desenvolveu questionamentos sobre o apagamento da mulher na história da arte. Na visão dela, a sociedade tacha as mulheres como o “sexo mais frágil”, o que acaba silenciando produções artísticas femininas e dificultando o acesso de mulheres ao universo da arte. “Por que trabalhos como o bordado e o crochê eram considerados de menor valor, por que a arte da mulher era considerada menor?”, questiona.
De acordo com a artista, o fato de, historicamente, os trabalhos domésticos e os cuidados da maternidade serem impostos exclusivamente às mulheres distanciou-as ainda mais do universo artístico. “Isso atrapalhou muito a história de muitas mulheres porque, depois de casada, é imposto que a mulher tenha filhos e sua função seja apenas cuidar da casa”, afirma.
“Só entre nós”
Durante os estudos, Marlene desenvolveu o trabalho “Só entre nós”, com peças em crochê que ela criou durante a pandemia. A intenção da artista era levar as peças para uma casa em ruínas em Aveiro e ocupá-la com o crochê. “Eu costumo dizer que iria saturar todos os quebrados, as ruínas que tinham nessa casa apenas bordando. Como o espaço da mulher era realmente a casa, em que ela era reconhecida como ‘a dona da casa’, esse era o único espaço onde a mulher era a 'rainha do lar'. Então eu uso simbolicamente essa casa, remendando-a, exatamente para falar dessas falhas, dessas faltas que aconteceram com a vida da mulher, principalmente com as artistas”, explica.
Como não pôde executar o trabalho em Portugal e teve que retornar ao Brasil devido à pandemia, Marlene colocou as peças em seu quarto e ficou fazendo crochê durante o período de isolamento. “Esse 'Só entre nós' foi porque eu estive sozinha ali no quarto entre os nós do crochê e os nós da vida também”, relata.
O trabalho recebeu premiação de um projeto da Fundação Nacional de Artes (Funartes), que perguntava aos artistas o que eles estavam fazendo durante a pandemia.
Confira outros trabalhos e produções artísticas de Marlene
Por: Bruno Goulart
Produção: Luciano Santos
Foto: Bruno Goulart
Revisão: Jáder Cavalcante