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Análise da Lista Suja do Trabalho Escravo garantiu Prêmio Fapema 2022 para aluna de Políticas Públicas da UFMA

publicado: 02/02/2023 12h34, última modificação: 02/02/2023 13h18

Na categoria Tese de Doutorado em Ciências Sociais e Humanas, o Prêmio Fapema 2022 foi entregue a Bruna Feitosa Serra de Araújo, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFMA. Em sua tese premiada, a pesquisadora promoveu uma análise da Lista Suja do Trabalho Escravo elaborada pelo Ministério do Trabalho como ferramenta voltada para o combate ao trabalho escravo contemporâneo no Estado do Maranhão.

Segundo Bruna Feitosa, a pesquisa observou o Maranhão na representação contemporânea da escravatura, abordando os fatores que configuram e perpetuam esta prática no estado. “A Lista Suja do Trabalho Escravo, dessa forma, é uma das mais importantes ações para a erradicação desta chaga social no país, inserindo o Brasil no quadro de países com medidas normativas mais avançadas no combate ao labor em condições análogas à escravidão”, afirmou.

Implementada em 2003, a Lista Suja, como é conhecida, é um cadastro de empregadores autuados pelo Ministério do Trabalho usando mão de obra análoga à de escravo. Ter o nome da empresa e de seus proprietários no cadastro significa que o Governo Brasileiro considerou que, naquele local, havia trabalhadores mantidos em condições análogas à de escravo. Na última atualização, três empregadores maranhenses compõem a lista, dos quais foram resgatados 51 trabalhadores que eram submetidos a trabalhos forçados, jornadas exaustivas e condições insalubres.

Nesse contexto, enfatiza a autora, o estado maranhense aparece como aquele com maior número de trabalhadores vítimas deste crime no Brasil. De acordo com o Observatório da Erradicação de Trabalho Escravo, mais de oito mil maranhenses foram resgatados de situação análoga à escravidão entre 2003 e 2022. “A manutenção da escravidão moderna no Maranhão possui raízes fortes em uma cultura que tolerou tal prática durante séculos, somadas à impunidade, falta de qualificação e isolamento geográfico que favorecem a conduta em determinadas regiões”, observou a pesquisadora.

O professor Paulo Roberto Barbosa Ramos, que orientou a dissertação, aponta o mérito da premiação ao divulgar pesquisas que contribuem para a qualidade de vida e fortalecem o senso crítico do cidadão maranhense. “O trabalho desenvolvido possui grande relevância social. Lamentavelmente, ainda convivemos com o trabalho escravo no Maranhão e procuramos avaliar a capacidade da lista do Ministério do Trabalho de contribuir para a eliminação dessa conduta inaceitável. A pesquisa foi desenvolvida com seriedade e responsabilidade. Ficamos felizes e honrados com o reconhecimento, que serve de estímulo para que os pesquisadores possam demonstrar para um grande público a qualidade de sua produção acadêmica”, ressaltou.

Para a autora da pesquisa, a premiação representa a valorização da carreira acadêmica no estado: “É uma grande conquista que contribui para a consagração da ciência maranhense. De fato, foi a realização de um sonho acadêmico. Além disso, eu acredito que trará maior visibilidade para a temática do trabalho escravo contemporâneo, que é uma das mais dolorosas feridas que persistem na sociedade maranhense”.

Por: Orlando Ezon

Produção: Alan Veras

Revisão: Jáder Cavalcante

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