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Aluna da Pós-Graduação em Saúde e Ambiente defende dissertação sobre a biodiversidade e uso de liquens no Câmpus do Bacanga
No dia 6 deste mês, Danielle Pereira, graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e aluna do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA), defendeu sua dissertação sobre “Isolamento e caracterização de Micro-organismos fotossintetizantes associados a liquens” na linha de pesquisa voltada a determinantes ambientais e saúde.
O estudo dos micro-organismos fotossintetizantes como simbiontes de liquens, apesar de ainda ser bem escasso, fornece subsídios para reconstrução de histórias evolutivas e melhor compreensão sobre a evolução dessa relação simbiótica. Essas pesquisas são de extrema importância pelo fato de possuírem alto potencial biotecnológico, industrial, farmacêutico, nutracêutico e cosmético. No Maranhão, mais precisamente na Grande Ilha de São Luís, ainda não há relatos de estudos envolvendo a comunidade liquênica, gerando o risco da perda dessa diversidade e desse potencial econômico e ecológico.
Nesse contexto, Danielle teve como objetivo geral da sua pesquisa realizar uma revisão integrativa da literatura dos cianoliquens, cujo fotobionte – organismo que produz fotossíntese em uma associação – principal é uma cianobactéria. Desta forma, os cianoliquens funcionam como sensíveis biomonitores de poluição ambiental, auxiliam na produção de biomoléculas e caracterizam os microrganismos fotossintetizantes associados a liquens, como os encontrados no Câmpus do Bacanga, local de pesquisa.
Danielle teve por seus objetivos específicos identificar os espécimes de líquen coletados no Câmpus e, em seguida, isolar e cultivar os micro-organismos fotossintetizantes associados às espécies coletadas e, por fim, identificar os micro-organismos fotossintetizantes obtidos por meio de técnicas morfológicas e moleculares.
“Frente a isso, nosso trabalho foi organizado em dois capítulos, em que primeiro é intitulado ‘Cianoliquens como indicadores no biomonitoramento da poluição e fonte de biomoléculas’ e nos traz uma revisão integrativa acerca dos estudos com enfoque em cianoliquens publicados entre os anos de 1990 e 2021. No estudo, foram encontrados 544 artigos e, após análises, foram selecionados 65 artigos exclusivamente sobre os cianoliquens e seus compostos bioativos, bem como sua utilização no processo de biomonitoramento para estudos de qualidade ambiental”, explanou.
O trabalho trouxe como principais resultados a confirmação de que os cianoliquens são boas alternativas para o biomonitoramento de poluição ambiental, principalmente atmosférica, uma vez que são altamente sensíveis aos contaminantes ambientais e gases poluentes da atmosfera. O segundo capítulo, intitulado de “A comunidade de líquen da UFMA-Câmpus Bacanga: caracterização dos fungos liquenizados e dos micro-organismos fotossintetizantes associados”, é um estudo inédito para a cidade de São Luís, que teve como um dos resultados a comprovação que a Cidade Universitária Dom Delgado possui uma grande diversidade – ainda inexplorada – de liquens.
Danielle observou na pesquisa a ausência ou pouca amostragem de talos de hábitos fruticoso e gelatinoso nos cianolíquens estudados, índice que explica que o local pode não ter condições ideais de qualidade ambiental, já que são extremamente sensíveis aos níveis mínimos de poluição do ambiente. Dessa forma, o trabalho sugere que sejam feitos mais estudos com foco na diversidade, composição e riqueza de espécies com potenciais de biomonitoramento, importante alternativa para confirmar as condições ambientais.
“De acordo com os nossos resultados, foi possível isolar e identificar clorófitas da espécie Trebouxia e um possível novo fotobionte cianobacteriano da espécie Nostochopsis lobatos”, finalizou.
Saiba mais
A banca avaliadora foi composta pelo orientador e professor do PPGSA, Leonardo Teixeira Dall’Agnol; pelas professoras do Departamento de Patologia (DPTA) da UFMA, Geusa Felipa de Barros Bezerra e Hivana Patricia Melo Barbosa Dall’Agnol; pelo coorientador e docente Juliano dos Santos, do Instituto Estadual do Maranhão (Iema); e pelo professor Andrei Santos Siqueira, da Universidade da Amazônia (Unama).
Por: Juan Terra
Produção: Bruna castro
Revisão: Jáder Cavalcante