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SÉRIE PRÊMIO FAPEMA 2024

“Ser professora da UFMA é um grande privilégio”: conheça Rosângela Fernandes, vencedora do prêmio Fapema como Pesquisadora Sênior

publicado: 06/02/2025 11h31, última modificação: 06/02/2025 12h18
“Ser professora da UFMA é um grande privilégio”: conheça Rosângela Fernandes, vencedora do prêmio Fapema como Pesquisadora Sênior

“Ser professora da UFMA é um grande privilégio”. Foi assim que a pesquisadora Rosângela Fernandes definiu sua trajetória na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde atua como docente e pesquisadora há 13 anos. Recém-premiada na categoria Pesquisadora Sênior pelo Prêmio Fapema 2024, Rosângela tem uma carreira marcada pelo compromisso com a pesquisa científica e a formação acadêmica, especialmente na área da saúde pública.

Atualmente, é professora associada do departamento de Saúde Pública da UFMA, onde ministra disciplinas de Epidemiologia Descritiva, para o curso de Enfermagem, e Saúde Coletiva, para o curso de Farmácia. Além disso, ocupa o cargo de diretora de Pós-Graduação da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (AGEUFMA). Sua trajetória acadêmica, iniciada na graduação em Enfermagem, passou por mestrado, doutorado e dois pós-doutorados, consolidando-se em pesquisas de grande impacto social.

Natural do Ceará, Rosângela veio para o Maranhão ainda na infância. Quando prestou vestibular para Enfermagem na UFMA, já sabia que queria ser professora. No quinto período da graduação, teve seu primeiro contato com a pesquisa ao ser convidada para um projeto de iniciação científica na área de Epidemiologia. “O professor me convidou, disse que eu tinha um perfil para trabalhar com pesquisa. Então, foi minha iniciação científica na UFMA. Esse foi o primeiro passo para pensar em ser pesquisadora”, relembra.

Por causa de circunstâncias adversas, Rosângela transferiu-se para a Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo, onde concluiu a graduação. Em seguida, cursou uma especialização em Saúde Pública na Universidade de São Paulo (USP) e ingressou no mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde estudou gravidez na adolescência. No doutorado, realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, aprofundou-se no estudo do crescimento infantil.

Mesmo após completar sua formação fora do Maranhão, Rosângela sempre manteve um vínculo com a UFMA. “Eu queria ser professora da UFMA. Porque é um privilégio muito grande você ser professora aqui”, destaca. Antes de ingressar no quadro docente, trabalhou voluntariamente em projetos de pesquisa na instituição.

Em 2005, assumiu sua primeira grande responsabilidade na UFMA: a coordenação de campo de uma pesquisa sobre fatores de risco para o nascimento pré-termo. Esse trabalho reforçou seu envolvimento com estudos longitudinais, acompanhado a saúde da população ao longo do tempo. “Desde então, trabalho diretamente coordenando campo para coleta de dados de pesquisa”, afirma.

Em 2012, ingressou como professora no Departamento de Saúde Pública da UFMA, onde se consolidou como referência na área de Saúde Coletiva. Sua atuação acadêmica abrange desde a orientação de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado até a participação em bancas e a coordenação de pesquisas de grande porte.

O trabalho de Rosângela vai além do ambiente acadêmico. Suas pesquisas têm impacto direto na formulação de políticas públicas e na melhoria dos serviços de saúde, especialmente, para mulheres e crianças. Um exemplo é a coordenação da pesquisa “Coortes de Nascimentos de Ribeirão Preto (SP), Pelotas (RS) e São Luís (MA)”, um estudo de longo prazo que acompanha milhares de pessoas desde a gestação para entender os fatores que influenciam a saúde ao longo da vida.

Outro projeto de destaque é o “Engaging Users for Quality Enhancement and Rights (EU QUERO)”, uma cooperação internacional entre a UFMA e a University of Southampton, no Reino Unido. A pesquisa focou na promoção dos direitos à saúde materno-infantil, com intervenções educativas voltadas para profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente, agentes comunitários. O estudo resultou na produção da Cartilha “Direito à Saúde da Mulher e da Criança nos 1000 Dias”, utilizada hoje nos serviços de saúde para orientar gestantes e profissionais.

“Essa cartilha foi muito boa, porque percebemos que muitas mulheres e até mesmo alguns agentes comunitários não sabiam quais eram os direitos das mulheres durante a gravidez, o parto e até a criança completar dois anos de vida”, explica a pesquisadora.

Ser premiada Pesquisadora Sênior pela Fapema foi um momento marcante na carreira de Rosângela. Para ela, o prêmio representa o reconhecimento de um trabalho coletivo. “Foi uma alegria muito grande. Mas ninguém faz pesquisa sozinho. Eu só cheguei aonde estou porque tenho um grupo de pesquisadores comigo”, enfatiza.

O evento de premiação, que contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, reforçou a importância da valorização da ciência no Brasil. “A ciência precisa ser reconhecida. Nos últimos anos, vivemos da ciência, e esse tipo de premiação ajuda a mostrar a relevância do nosso trabalho”, afirma a professora Rosângela.

Atualmente, além de suas atividades de pesquisa e docência, Rosângela exerce um papel de liderança na UFMA como diretora de Pós-Graduação da AGEUFMA. Seu desafio agora é fortalecer os programas de mestrado e doutorado da Universidade, incentivando a internacionalização e ampliando a qualidade de produção científica.

Mesmo com as responsabilidades administrativas, ela não pretende se afastar da pesquisa. “Eu nunca deixei de ser pesquisadora. Vou continuar trabalhando, orientando novos pesquisadores e inspirando futuras gerações”, garante.

A pesquisadora contou como ocorreu a continuidade dos estudos com as coortes de nascimento. Com a retomada dos acompanhamentos no pós-pandemia, a equipe buscou entender melhor os impactos da covid-19 na saúde mental, insegurança alimentar e desenvolvimento infantil. “A pandemia teve um impacto muito grande. Estamos analisando dados sobre a alimentação, a saúde mental das crianças e como isso pode influenciar a vida delas no futuro”, explica.

Com mais de uma centena de artigos publicados em periódicos de alto impacto e uma trajetória de contribuições relevantes para a saúde pública, Rosângela Fernandes se destaca não apenas pela produção científica, mas pelo compromisso em formar novas gerações de pesquisadores.

Sua trajetória é um exemplo de como a pesquisa pode transformar vidas, tanto dos profissionais que orienta quanto da população beneficiada por suas descobertas. “A pesquisa não pode ficar só na coletada de dados. Precisamos garantir que os resultados cheguem à sociedade e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas”, conclui.

Assim, Rosângela Fernandes segue sua missão na UFMA, consolidando-se como referência na pesquisa em Saúde Coletiva e reafirmando o papel da Universidade na produção de conhecimento de impacto social.

Por: Geovanna Selma

Produção: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

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