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“Projeto Bagrinho”: projeto de pesquisa da UFMA visa preservar peixe típico da região da Baixada Maranhense
Com objetivo de desenvolver técnicas sustentáveis de reprodução e larvicultura em cativeiro, o Projeto Bagrinho, projeto de pesquisa da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), câmpus Pinheiro, busca oferecer uma alternativa viável à pesca extrativa, contribuindo para a manutenção da biodiversidade local e para a geração de novas fontes de renda para a comunidade.
O projeto dedica-se ao estudo da reprodução induzida, larvicultura e engorda do Bagrinho (Trachelyopterus galeatusuma), uma espécie nativa, que tem grande valor ecológico, econômico e cultural na região da Baixada Maranhense. A iniciativa é ponto crucial para região pois além da espécie possuir extrema importância para a população local, também tem um considerável valor de mercado, despertando o interesse de piscicultores locais em seu cultivo.
Yllana Marinho, coordenadora do projeto, explica sobre o funcionamento do projeto e o foco das pesquisas e ações coordenadas dentro da pesquisa da espécie: “O projeto é conduzido por uma equipe multidisciplinar que abrange diversas áreas do conhecimento, incluindo biologia reprodutiva, ecologia, piscicultura, produção de alimento vivo (microalgas e zooplâncton), ictologia e qualidade de água. Muitos professores parceiros participam das pesquisas e colaboram com o nosso projeto. O principal foco das pesquisas é compreender as necessidades produtivas do bagrinho, abordando aspectos como a nutrição dos reprodutores, época de desova, o melhor alimento para as fases iniciais da vida da espécie, e as taxas e frequência de alimentação, visando o sucesso reprodutivo e a sobrevivência da prole”.
A coordenadora ainda complementa sobre as ações do projeto. “No projeto, nós trabalhamos com a indução hormonal para desovas controladas em cativeiro, avaliação do desenvolvimento gonadal e o estabelecimento de protocolos de cultivo para a maturação gonadal e indução à desova, até a larvicultura e engorda. Esses esforços visam criar condições ideais para a reprodução em cativeiro, permitindo a engorda e a comercialização do bagrinho, reduzindo a pressão sobre as populações selvagens e melhorando a sustentabilidade da prática piscicultora na região”, destaca.
O desenvolvimento de protocolos específicos para a reprodução induzida tem um impacto ambiental relevante. “A eficácia desses protocolos pode incentivar a adoção mais ampla de práticas de aquicultura sustentável na região. Com a disseminação dessas informações, esperamos capacitar os piscicultores para uma criação mais eficiente e responsável do Bagrinho, contribuindo assim para a economia local e para a conservação das espécies nativas”, informa Yllana.
Resultados
O projeto já publicou seus primeiros resultados, em um artigo científico intitulado “Co-feeding using live food anda feed as first feeding for the small catfish Trachelyopterus galeatus (Linnaeus 1766)” na revista Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., volume 76, número 2, páginas 323-332, no ano de 2024.
Além disso, há capítulos de livros publicados sobre a espécie e artigos que foram submetidos a periódicos e estão atualmente em processo de revisão, o projeto também está contribuindo para a produção acadêmica, gerando trabalhos de conclusão de curso (TCC), iniciações científicas e dissertações de mestrado.
Em 2023, o projeto foi premiado no prêmio Pibic 2023, com o trabalho "Influência de diferentes densidades de estocagem no desempenho zootécnico e repostas hematológicas em juvenis de Trachelyopterus Galeatus", de Wildysson Borel, discente do curso de Engenharia de Pesca com o trabalho.
Wildysson explica a importância do estudo não apenas para o projeto, mas para a população que possui o bagrinho como fonte de renda e cultural: "O estudo foi realizado como parte do desenvolvimento do pacote tecnológico da espécie, no laboratório de desenvolvimento agrícola da Amazônia Maranhense do Centro de Ciências de Pinheiro. Esse estudo é de grande valia não só para pesquisa na Universidade, mas também para a comunidade produtora, a espécie estudada é uma espécie de grande potencial cultural e econômico na Baixada Maranhense e fora dela também" destaca.
A pesquisa é financiada pela FAPEMA e conta com a parceria da AGERP, reforçando o apoio institucional ao estudo e desenvolvimento do cultivo do bagrinho na região.
Por: Karina Soares
Produção: Ingrid Trindade