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“Maria Firmina dos Reis – 200 anos inspirando humanidades”: exposição fica aberta até 14 de novembro, no Palacete Gentil Braga
Mulher preta, educadora, primeira romancista negra, fundadora da primeira sala de aula mista e autora do primeiro romance abolicionista do Brasil. Essas são algumas das facetas da célebre escritora maranhense, Maria Firmina dos Reis, nascida em 11 de março de 1822, na cidade de São Luís. Como forma de revisitar sua história de vida e suas obras, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com o Comitê de Diversidade do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), realizou, na última sexta-feira, 20 de outubro, a abertura da exposição “Maria Firmina dos Reis – 200 anos inspirando humanidades”.
A exibição, sediada na Galeria Antônio Almeida, do Palacete Gentil Braga, conta com uma série de ilustrações digitais e imagens em aquarela, que retratam cenas do seu cotidiano, mostram momentos importantes para sua carreira como escritora e fazem alusão ao mês dos professores.
“Ela nos acompanha. Ela nos acompanha na condição de mulheres, pretos, pardos, educadores e tantos outros. Maria Firmina nos lembra de sempre lutarmos por uma sociedade mais justa, mais igual, mais fraterna”, afirmou a pró-reitora de extensão e cultura, Zefinha Bentivi. No seu ponto de vista, é função da Federal demonstrar e incentivar o talento maranhense para além do ensino da formação em graduação e pós-graduação. “É muito importante viabilizarmos o ensino formal, mas é por meio da cultura e da extensão que a UFMA dialoga com os setores sociais, sendo possível privilegiar aqueles que estão na Universidade, mas sobretudo aqueles que não estão”, concluiu Bentivi.
A diretora de assuntos culturais da Proec, Rosélis Câmara, também demonstra preocupação com o assunto, considerando que a autora deve ser divulgada, conhecida e referendada cada vez mais, em valorização e respeito ao seu legado e contribuição para a literatura. “Maria escreveu romances, compôs músicas, foi docente como nós, não foi mãe biológica, mas foi mãe de muitos filhos. Uma mulher à frente do seu tempo. Maranhense, negra, nordestina e professora, quando penso nisso, vejo que eu também tenho essas credenciais, que eu também sou essa mulher que a Maria Firmina foi. Imagine a alegria que é, para nós, celebrarmos sua história, homenageá-la depois de um apagamento, depois de um silenciamento de quase 200 anos, só vindo à tona recentemente. É nosso papel fazê-la reverberar e levá-la para mais pessoas e cada vez mais longe”, disse.
Francisco Colombo, curador do Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão (MPMA), esteve presente no evento e explicou um pouco sobre o ramo da curadoria e sua importância para a sociedade, como forma de democratizar o acesso à arte. “Montar uma exposição é realmente um papel nobre, na minha avaliação, mas a nobreza está em, sobretudo, pensar em como você vai aproximar aquilo que você tem para expor, de uma forma que seja fácil suscitar debates, criar diálogos e canais com todos. As exposições normalmente são espaços considerados inacessíveis para boa parte da população, como é o caso de museus, de centros culturais. E é justamente quando esse público está presente, que é possível ressignificar esses espaços”, comentou Colombo.
Natassya Aguiar, 26, compareceu à abertura do evento e comentou, em entrevista: “Acredito que Maria Firmina foi uma mulher que inspirou e continua inspirando muitas pessoas. Não foi mãe, mas era de um coração imenso, porque cuidou de 15 filhos, e todos eles, filhos de escravos. Uma mulher que carrega muita representatividade, ainda mais para nós, mulheres pretas, como eu sou. Apesar do período em que ela viveu, continuou mantendo sua postura em referência aos escravos, sempre defendeu seus pensamentos, e nunca deixou que a sociedade lhe impusesse nada, finalizou Natassya.
A exposição fica aberta ao público até o dia 14 de novembro, na Galeria Antônio Almeida, localizado no Palacete Gentil Braga.
Por: Júlio César
Fotos: Gabriel Jansen
Produção: Bruna Castro
Revisão: Jáder Cavalcante