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“Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul” foi lançado nessa segunda-feira, 31, em São Luís.
Na tarde dessa segunda-feira, 31, foi lançado o programa “Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul”, no Palácio Cristo Rei, da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís. O programa é promovido pelo Ministério da Igualdade Racial em parceria com o Ministério da Educação e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Durante todo o evento, foi reafirmada a representatividade e a importância do reconhecimento da educação antirracista na sociedade. O projeto tem por finalidade fortalecer os espaços de pertencimento e a integração entre culturas para a apreensão e socialização de tecnologias utilizadas para o combate e a superação do racismo.
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se torna uma incentivadora prática, visto que a instituição foi pioneira em implantar a Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (Liesafro), ainda em 2015, proporcionando a capacitação de docentes para lecionarem no ensino fundamental nas áreas de História, Filosofia, Sociologia e Geografia e no ensino médio na área de História.
O reitor da UFMA, Natalino Salgado, manifestou, em seu discurso, a satisfação, como instituição, em ser sede para o lançamento de um programa tão significativo para a comunidade acadêmica e sociedade. “Reveste-se de múltiplos significados quando sediamos este evento de lançamento do Programa Caminhos Amefricanos, de intercâmbio com países africanos, latino-americanos e caribenhos. Uma iniciativa digna de aplausos, uma vez que se materializa como um importante instrumento de valorização da diversidade étnico-racial e de combate ao racismo e à discriminação e que coloca em perspectiva, mas uma forma de reparação histórica, afinal, um oceano pode tanto nos dividir como nos aproximar” declarou.
O Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul tem por objetivo promover a socialização de conhecimentos, de experiências e de políticas públicas que contribuam com o combate e a superação do racismo no Brasil com base na Cooperação Sul-Sul em intercâmbios de curta duração, particularmente, em países africanos, latino-americanos e caribenhos.
Dentro desse contexto, a Ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, explanou que o programa vem para proporcionar espaço para diálogos e dignidade para a população negra e quilombola. “Nosso ministério tem sinergia temática e trabalha em conexão com todos os outros órgãos para promover equidade, enfrentar as violências e o racismo. Somos um ministério irradiador, que age para encontrar caminhos que melhorem os indicadores de qualidade de vida da população negra, a mais vulnerabilizada e barrada no acesso a direitos. É uma honra estar aqui, neste dia histórico. É muito significativo lançar esse programa aqui no Maranhão, estamos falando do quinto estado mais negro deste país, e um dos maiores quilombos que nós temos, que é o quilombo de Alcântara. Acho que, quando a gente pensa em fazer qualquer coisa para a nossa população, o nordeste é o lugar!” externou.
A Coordenadora Geral de Cooperação para Justiça Racial e Combate do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, professora e fundadora da Graduação Liseafro da UFMA, Kátia Regis, explica que o programa veio para unificar o ensino e a prática do combate ao racismo. “Acreditamos que essa experiencia de diálogos com esses países pode propiciar fundamentos para combater o racismo por meio de práticas educativas”. A coordenadora afirma, ainda, que este ano serão abertos três editais que contemplarão o envio de cem estudantes e cinquenta docentes brasileiros para os três países já selecionados - Moçambique, Cabo Verde e Colômbia.
O Representante da Capes e Diretor de Relações Internacionais, Rui Vicente Oppermann, sinaliza a importância de investir em programas como esse, que integram o ensino e a cultura.
“A Capes é uma fundação vinculada ao MEC, responsável pela pós-graduação no Brasil e, dentro dessa responsabilidade, tem a mobilidade internacional com o envio de pessoas para o exterior e a recepção de estrangeiros no Brasil. É dentro dessa perspectiva que a Capes entra nessa iniciativa do Ministério da Igualdade Racial. Nós temos hoje uma prioridade dentro da Capes, que é exatamente o desenvolvimento das relações Sul-Sul e por isso mesmo temos o maior prazer de estarmos aqui juntos com o MIR e com o MEC para estabelecer isso, que é um importante passo na relação entre o Brasil e, especialmente, a África, América Latina e Caribe. É a oportunidade que tanto brasileiros como estrangeiros possam desenvolver o conhecimento sobre a sua história e a sua cultura em uma perspectiva de mobilidade entre os países” expõe o Diretor de Relações Internacionais, Rui Vicente.
Caminhos Amefricanos: Programa de intercâmbios Sul-Sul
O programa vai beneficiar, no Brasil, estudantes autodeclarados/as pretos/as, pardos/as e/ou quilombolas regularmente matriculados a partir do 5º semestre dos cursos de licenciaturas de Instituições de Ensino Superior - IES públicas e profissionais da educação autodeclarados/as pretos/as, pardos e/ou quilombolas que atuem na Educação Básica das redes públicas de ensino.
No exterior, serão beneficiários estudantes dos cursos de licenciatura de Instituições de Ensino Superior oriundos de grupos sociais historicamente vulnerabilizados e docentes do equivalente à educação básica no Brasil oriundos de grupos sociais historicamente vulnerabilizados.
No primeiro ano de execução das ações do Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul (agosto/2023 a julho/2024), estão previstos intercâmbios em três países: Moçambique, Cabo Verde e Colômbia.
Por: Sarah Dantas
Fotos: Karla Costa
Revisão: Jáder Cavalcante