“Além Do Que Se Vê”: Webdocumentário sobre direito à permanência pré-estreia na UFMA

Com relatos acerca da vivência na universidade sob a perspectiva da maternidade; da realidade de pessoas transexuais e travestis; da docência; do pertencimento diante dos olhares que julgam; da saída da baixada para a universidade e da conquista dos direitos indígenas, o webdocumentário “Além do Que Se Vê: Narrativas (In)Visíveis” realizou a pré-estreia na última terça-feira, 16, no Anfiteatro do Centro de Ciências Sociais (CCSO), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A programação fez parte da Semana de Acolhida, promovida pelo Diretório Acadêmico de Comunicação Social (Dacom-UFMA).

Realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem – Coletivo Nuppi e pela Companhia de Arte Independente (Cociarte), a produção contou com o protagonismo estudantil em cada fase do projeto e foi agraciada pela Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital n° 05/2024 – Mais Produção Audiovisual - Webdocumentário, da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), do Governo do Estado do Maranhão.

Segundo a produtora executiva do projeto e vice-coordenadora do Coletivo Nuppi, Carolina Libério é fundamental o espaço de incentivo e valorização de produções estudantis. "Acredito que uma das grandes missões que nós temos quando estamos em um grupo de pesquisa ou em projetos de extensão é, exatamente, não apenas valorizar, mas estimular e ver de fato acontecer a iniciativa de criação, de produção, de ação mesmo dos nossos estudantes. Porque até mesmo falar 'nossos' é mais por um sentimento de carinho, mas é reconhecer a agência individual que cada uma dessas pessoas que está ali compondo naquele grupo tem, de também estabelecer seu próprio discurso, de fazer diferença, de encontrar o que é importante de ser dito e ser feito. Então, acho que está muito nessa relação, de reconhecimento e de respeito, que é a base, na verdade, do que deve ser sempre a relação estudantil", afirmou.

As imagens do audiovisual foram captadas no estúdio do Laboratório de TV do CCSO e em diferentes espaços da UFMA, reforçando o ambiente acadêmico como local de permanecia estudantil, mensagem transmitida pelo trabalho. A obra demandou um ano e meio de trabalho: desde a concepção da ideia até a pré-estreia, período que reafirmou o compromisso e o empenho da equipe em elaborar uma produção que transmitisse a essência do que precisa ser falado.

“Foi muito importante ter realizado todo o processo. Apesar das dificuldades, nós conseguimos através da coletividade. Acredito que a mensagem do curta, do documentário, é justamente essa: que tudo é possível por meio da coletividade. Então, graças à coletividade, o documentário nasceu”, compartilhou a diretora do projeto Gabbie Ribeiro.

Para o participante do documentário e estudante do curso de Comunicação Social - Jornalismo, Emerson Diniz, o curta possibilitou o espaço para fala de diferentes realidades que encontraram na Universidade muitos desafios, mas a permanência mostra que barreiras podem ser vencidas.

“Foi um documentário extremamente desafiador, porque a gente que vem do interior, como o documentário mesmo mostra, passamos por diversas dificuldades, barreiras. E como é importante a gente ser ouvido e ser visto nesse lugar também! De entender, como eu acabei falando, que a universidade é esse universo de possibilidades e de histórias e que cada história tem um peso e que cada história também vem com suas vitórias e também dificuldades. É importante a universidade, nesse lugar, nos ouvir e nos ver além do que nós somos, além do que a sociedade nos impõe. Ser um aluno que vem para a graduação, que consegue estar aqui, já é uma vitória. Mas eu acredito que a permanência, de fato, é aquela medalha que nos coroa e que nos dá a certeza de que amanhã nós vamos conseguir vir para a universidade e, de fato, vai conseguir permanecer e alcançar os nossos objetivos. Então, não é só estar aqui, é permanecer também", expressou.

O documentário toca o íntimo de quem se coloca no lugar do outro e percebe que os seus desafios também são lutas de muitos outros como pontua o estudante de Comunicação Social – Jornalismo e espectador do filme, Luís Lima. “Prestigiar o trabalho realizado pelos alunos da UFMA foi muito gratificante. Pensar ‘Além do que se vê’ é uma temática que desmistifica a ideia de estereótipos, pois cada indivíduo tem suas experiências e vivências, mas que ao mesmo tempo pode ser partilhada com a experiência do outro. Não tem como não lembrar da minha trajetória até aqui ao ouvir alguns relatos do documentário. Também venho de uma realidade de mudança de cidade e o pensamento de que por meio do estudo é possível conseguir uma vida digna”, comentou.

“Além do Que Se Vê: Narrativas (In)Visíveis” é mais que um webdocumentário acadêmico, representa a voz de estudantes que enfrentam diversas barreiras para permanecer na Universidade e que enxergam na educação a ferramenta ideal para romper paradigmas sociais. A obra com forte participação discente, demonstra a relevância de espaços que escutem e acolham os menos favorecidos.

A estreia do filme está prevista para o mês de outubro. Para acompanhar as atualizações sobre a produção, acesse as redes sociais do Coletivo Nuppi, disponível aqui. 

Por: Aline Vitória

Fotos: Equipe do Além Do Que Se Vê