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“À pele que se borda”: projeto da UFMA promove integração entre arte, educação e cultura popular com o Boi da Floresta
O curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realizou, na última sexta-feira, 25, uma atividade de culminância da disciplina Laboratório Artístico-Cultural, com o projeto "Saberes manuais à pele que se borda", voltado à valorização do bordado tradicional maranhense presente nos grupos de bumba meu boi. A ação foi desenvolvida em parceria com o Boi da Floresta, do bairro Liberdade.
Sob coordenação da professora Luisa da Fonseca, a disciplina propõe o desenvolvimento de projetos práticos ao longo do semestre, com finalização em formato de evento, mostra ou exposição. Neste semestre, os discentes optaram por trabalhar os saberes manuais a partir do bordado no couro de boi, registrando todo o processo por meio de curta documental, que foi exibido durante a culminância.
Para a professora Luisa, a experiência promoveu um intercâmbio significativo entre universidade e comunidade. “O que é interessante é essa troca, a comunidade vem para a instituição e a instituição vai até a comunidade, e não somente se apropria, não é uma leitura exógena do pesquisador”, pontuou.

A idealização do projeto partiu da estudante Juliana Lasak, que destacou a importância de preservar os saberes manuais e dar visibilidade aos artesãos. “É importante para a preservação dos saberes manuais da nossa cultura popular e também dar voz aos artesãos. Nós, que estamos ali consumindo a cultura, não entendemos tudo o que está por trás das confecções, todo o trabalho”, afirma.
Além disso, o evento ainda contou com uma roda de conversa sobre o desenvolvimento do projeto e oficinas voltadas para a aprendizagem do bordado e para o desenvolvimento de narrativas documentais. A oficina prática de bordado foi ministrada pelo artesão e brincante do Boi da Floresta, Carlos Henrique.
O artesão, conhecido como Cacá, enfatiza a importância de se cultivarem os saberes tradicionais e populares na academia. "Trazer um pouco do nosso conhecimento com o bordado para dentro da Universidade é muito importante, porque, muitas vezes, as pessoas não conseguem ir até a comunidade para fazer o curso. Então, a gente traz pra cá como uma forma de facilitar esse acesso, para que mais gente possa aprender. A técnica que vou ensinar é o bordado com canutilho de miçanga e veludo. Vou mostrar como fazer o frisado, o preenchimento das folhas e também do rodado. Essa é uma técnica que só o Boi da Floresta tem”, declarou.
A coordenadora do Boi da Floresta, Nadir Cruz, compartilha a relevância que o projeto teve para a comunidade. “Esse trabalho é muito especial para nós porque ele trouxe uma temática que tem sido falado, o bordado, mas ele não tem sido visto com tanta profundidade como foi nesse trabalho. Então, entender os elementos do bordado, as pessoas que fazem, o cotidiano dessas pessoas, tornou-se muito interessante para nós que fazemos cultura, porque a gente aprende também. Nos vemos na tela e aprendemos com tudo isso”, revela.

O Projeto "À pele que se borda" é um exemplo da integração entre a Universidade e a comunidade. A UFMA vem promovendo cada vez mais esse tipo de troca entre os saberes populares e os acadêmicos. Afinal, a extensão é um dos pilares mais fortes da instituição. A iniciativa, do curso de Artes Visuais, busca a valorização da nossa cultura popular por meio da promoção de um olhar aprofundado sobre o bordado tradicional do Bumba Meu Boi e, para além disso, dar destaque àqueles que são os fazedores de tão importante arte.
Por: Geovanna Selma e Giovanna Carvalho
Fotos: Acervo pessoal
Revisão: Jáder Cavalcante