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UFMA: esta estrela de primeira grandeza
Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura, diz o mítico personagem Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Parafraseio: qualquer boa notícia num cenário pandêmico é sol em meio à tempestade. Ainda mais quando a boa notícia não vem à toa, é fruto do resultado de muito esforço, dedicação e compromisso.
Recentemente, o Times Higer Education (THE) - um dos mais relevantes rankings universitários do mundo - classificou nossa UFMA entre as 52 melhores universidades brasileiras, ocupando a 25ª posição. O ranking envolveu 606 universidades no mundo e 48 países.
Essa colocação é motivo de alegria e orgulho para toda a comunidade acadêmica da UFMA. Mas, acima de tudo, figurar entre as boas instituições de ensino num ranking mundial é, ao mesmo tempo, desafiador e estimulante. Quis a boa mão do destino que essa notícia viesse, como já disse, como resultado de uma gestão focada em planejamento e trabalho sério.
Quando assumi novamente o cargo de reitor, afirmei, à ocasião, que me assessoravam os mesmos com os quais assumi compromissos em minhas gestões anteriores, com os quais compartilhei os exercícios de mandatos, entendendo que a sociedade brasileira, que espera de nós uma produção do saber com nível de excelência, deve ser tornada apta para atender às crescentes demandas modernas; a comunidade universitária como um todo e não apenas aqueles que haviam me elegido para tornar a UFMA ainda mais inclusiva, expansiva, agregadora e incentivadora do crescimento pessoal e profissional de cada um, no papel que é desempenhado, no Estado do Maranhão, onde nossa universidade nasceu e se desenvolveu, o qual requer de nós especial e dedicada atenção.
Interessante é destacar que o escudo de nossa universidade ostenta o dístico -“ vida é combate” - tomado de empréstimo de “A canção do Tamoio”, um poema épico de nosso ilustre Gonçalves Dias. Ante as agruras do existir, o ser clama pelos sentidos de honra e coragem forjados nos dias de batalha, enquanto o pai ensina ao filho lições heroicas e de incentivo.
Temos sido fiéis a esse ensinamento. Herdeiros que somos da poesia gonçalvina, agigantamo-nos diante das dificuldades trazidas pela invasão da peste ao planeta: os avanços conquistados pela UFMA são provas incontestes do quão valiosa é a colaboração e o labor dos profissionais que a integram. Há crescimentos exponenciais da graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão; projetos inovadores e crescentes investimentos; melhorias e expansão da infraestrutura e acessibilidade; uma justa política de cotas, aumento do número de alunos no ensino presencial e a distância, e o avanço da UFMA rumo ao continente. Somos hoje uma referência de trabalho e exemplo de vida para os que ainda virão assumir os nossos lugares. Entre o passado que retorna e o futuro que almeja, o presente solicita o nosso empenho para continuar a manter a UFMA como estrela de primeira grandeza.
No centro deste desenvolvimento, “a vida é combate” é mais que um lema administrativo, é a decisão sociopolítica e humanitária da UFMA que realiza a emancipação de milhares, seja por suas escolhas de políticas afirmativas, seja pela ampliação do número de campus e, consequentemente, do número de vagas e oportunidades de formação, que hoje alcança o Estado em todas as suas regiões.
Creio que estamos preparados para enfrentar não apenas este, mas outros cenários que possam surgir dentro desse contexto da pandemia e sermos reconhecidos por estes feitos. A liga principal é a motivação que irmana todo o corpo universitário: fazer com que o ensino chegue nos mais distantes rincões deste nosso Estado e alcance incontáveis pessoas que dependem desta universidade para construir uma sólida e vitoriosa carreira. Acreditamos no ensino público de qualidade, no fortalecimento do SUS, no avanço da ciência e no triunfo do conhecimento.
E que nosso combate seja com Fé em Deus, esperança na vida e nos resultados vindouros, porque outras vitórias igualmente justas virão, para alimentar esta alegria de agora: uma boa notícia num cenário pandêmico, matiz do sol em meio à tempestade.
Natalino Salgado Filho
Médico Nefrologista, Reitor da UFMA, Titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.
Publicado em O Estado do MA, em 27/03/2021