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Por previsões desejáveis

publicado: 11/01/2023 17h07, última modificação: 11/01/2023 21h02
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O ano mal se inicia, e todos esperam as previsões, que fazem parte da cultura popular. Mas os adivinhos dos mais diversos matizes afirmam categóricos catástrofes de um ano das águas, por exemplo, com muita chuva trazendo as consequências desastrosas que as excepcionais enchentes de verão costumam causar.

Outros preveem mortes de celebridades ou acidentes terríveis. Parece um ritual de início de ano, quase uma diversão e uma boa forma de preencher a grade de notícias ou de programas de auditório. Muitos se impressionam, e outros, de verdade, pouco se importam.

Outra informação curiosa é que nem todos, no planeta, contam o tempo da mesma forma tal como foi ditado pelo Papa Gregório XIII, a partir da reforma que aconteceu no calendário, no final do século XVI. Os que vivem em Myanmar afirmam estar em 1384; na Tailândia, é o início de 2566. No Marrocos, as orações se baseiam em 1444 e para o plantio, o ano é 2972. Na Coréia do Sul, é celebrado o aniversário de todos no ano novo.

Uma forma bastante interessante de previsão se dá na literatura de ficção científica e quase sempre se torna filme como a obra fascinante de Phillip Dick, autor de 44 livros, entre eles, os icônicos “Blade Runner”, “Minority Report” e “O Homem do Castelo Alto”, todos transformados em filmes de sucesso. Isaac Asimov, outro impressionante escritor de ficção científica, marcou época. Arthur Clarke, autor de “2001, uma odisseia no espaço”, também. Mas, em cada uma dessas obras, é possível ver que uma de suas previsões se tornou realidade.

Há, porém, uma honesta e interessantíssima forma de previsão que se torna notícia: as previsões científicas. É particularmente interessante no campo da tecnologia. Diferente dos adivinhos que leem cartas e percebem sinais nos mais diversos materiais, extraindo deles interpretações particulares para suas afirmações, a ciência se baseia em fatos existentes. É a famosa afirmação baseada em evidências.

2023 se inicia cheio delas. Preveem-se, para este ano, os esperados táxis voadores, novos remédios promissores contra o Diabetes, Câncer e o retorno do homem à Lua, no biênio 23/24, com a intenção de instalar, no satélite, uma base permanente.

Uma previsão científica pode apontar para uma tendência que envolve muitas variáveis. Afinal, um avanço, para se validar e se tornar útil, deve fazer uma longa caminhada, que envolve, sobretudo, a segurança das pessoas a quem servirá. O mercado é outro fator importante. A tecnologia existe, mas não há modo de barateá-la, logo não se torna acessível.

De qualquer modo, a previsão tem uma outra mensagem: a de que, apesar de todas as notícias perturbadoras que vivemos hoje, há pesquisadores fazendo ciência de qualidade. Cientistas que, acima de tudo, têm o objetivo de trazer benefícios para a humanidade.

A ciência vai avançar, a despeito dos catastróficos de plantão que tentam derrotá-la. É ela que nos trouxe (com a ajuda de Deus, primeiro entusiasta de fórmulas e equações), a despeito de tempos pandêmicos, a um cenário de sucesso das vacinas, tratamentos eficazes e soluções que tornam a existência melhor e mais digna.

2023 chegou. Mesmo que seja pela necessidade de pensar que recomeçamos, de sentir que marcamos novos projetos e que repensamos os antigos parcialmente finalizados, que o ano seja, de verdade, novo; que nós estejamos mais renovados ainda, e que as trágicas previsões — tão repetidas no decorrer dos tempos — sejam revertidas em bons presságios.

Por “amigos-amigos”; por “famílias-famílias” e por enchentes, sim, mas de generosidade, de amor e paz, na presença de Deus. E por todos os livramentos que haverão de vir.

Feliz Ano Novo.

Natalino Salgado Filho
Reitor da UFMA
Professor Titular da UFMA
Médico Nefrologista
Membro da Academia Maranhense de Letras
Membro da Academia Nacional de Medicina

 

Revisão: Jáder Cavalcante

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