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UFMA Imperatriz receberá quatro premiações do Prêmio Fapema 2023

publicado: 19/01/2024 14h29, última modificação: 19/01/2024 14h29
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A Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) realizará no dia 25 de janeiro a cerimônia de premiação do Prêmio FAPEMA 2023 - Bicentenário Gonçalves Dias. Na lista de vencedores já divulgada, o Centro de Ciências de Imperatriz (CCIM) da Universidade Federal do Maranhão foi agraciado em quatro premiações: duas dissertações de mestrado; uma tese de doutorado e na categoria Pesquisador Sênior.  

  Na categoria Dissertação de Mestrado, foram premiadas as pesquisadoras Caroline Martins de Jesus, com o trabalho “Atividade antileishmania do extrato hidroetanólico e frações de Cinnamomum verum J.S. Presl (Lauracea)”, orientado pelo professor Aramys Silva dos Reis, do Programa de Pós Graduação em Saúde e Tecnologia (PPGST), e Ariel Santos da Rocha, com o trabalho “A cor do apagamento: quem fala no Dia da Consciência negra na mídia hegemônica do Maranhão”, orientado pela professora Thaisa Cristina Bueno, do Programa de Pós graduação em Comunicação (PPGCOM). A docente do curso de Sociologia do CCIM, Maynara Costa de Oliveira Silva, foi premiada na categoria melhor Tese de Doutorado, com o trabalho “Cada casa é um caso: uma etnografia da Casa da Mulher Brasileira de São Luís/MA”, orientado pela professora Martina Ahlert, do Centro de Ciências Humanas (CCH).  E, na categoria Pesquisador Sênior, foi premiada a professora do curso de Engenharia de Alimentos e do PPGST, Ana Lúcia Fernandes Pereira, com o memorial acadêmico científico.

A dissertação de  Caroline Martins, do PPGST, investigou as propriedades das folhas da canela em relação à leishmaniose, doença bastante prevalente  no Maranhão. O orientador, professor Aramys Silva dos Reis, explicou que o  trabalho foi fruto de uma colaboração entre o Laboratório de Fisiopatologia e Investigação Terapêutica – LaFIT, em Imperatriz, e o Laboratório de Parasitologia e Imunologia, em São Luís, que é coordenado pela professora Lucilene Amorim Silva. 

Os extratos das  folhas de canela foram divididos e testados para matar a Leishmania, o parasita que causa leishmaniose. O pesquisador explicou que a amostra que mais matava a Leishmania sem matar a células humanas saudáveis foi a fração obtida usando um solvente chamado hexano. “O passo seguinte foi entender quais substâncias específicas estavam causando o efeito antileishmania. Nessa fase, contamos com a colaboração da professora Claudia Quintino, do campus de São Luís e o professor Richard Dutra, aqui em Imperatriz, ambos especialistas em química de produtos naturais. Acreditamos que a substância chamada fitol seja uma das principais responsáveis pelo efeito, mas provavelmente ela não atua sozinha. Além disso, queríamos entender como essa fração estava conseguindo matar o parasita. Usando técnicas de microscopia de fluorescência, descobrimos que ela induz a morte das células da Leishmania por um processo chamado apoptose, que é uma forma de 'suicídio celular' programado”, descreve.

Outra mestre premiada foi Ariel Santos, que se graduou no curso de jornalismo da UFMA em Imperatriz e fez mestrado no Programa de Pós graduação em Comunicação. Sua dissertação faz um levantamento das fontes entrevistadas durante a cobertura do Dia da Consciência Negra, no antigo jornal impresso O Estado do Maranhão e no portal de notícias Imirante.com. “Há uma predominância de fontes institucionais que se repetem durante os anos, estando essas fontes principalmente ligadas a ocorrências de eventos escolares. Já a voz popular, do cidadão comum, quase não tem espaço ao longo dessas quase duas décadas, sendo que as fontes oficiais não aparecem em um contexto de problematização da temática ou no que tange a abordagem políticas públicas. Constatamos uma cobertura superficial e um espaço reduzido, com pouca problematização feita a partir das fontes. Quando relembramos que no Maranhão a maioria da população é negra, a data sofre certo nível de menosprezo”, observou a pesquisadora .  

A orientadora, professora do PPGCOM Thaísa Bueno, comemora a segunda vez que o Programa vence a categoria. “Eu fiquei muito emocionada em receber esse prêmio, pela segunda vez representando o PPGCOM, na categoria Melhor Dissertação. Primeiramente porque esse trabalho sofreu tantos percalços e eu fico muito orgulhosa porque ele tem um tema tão pertinente, que é enxergar quem tem direito a fala no Dia da Consciência Negra. Isso é muito para um programa jovem como o nosso, que só formou três turmas até agora, ou seja, ratifica que estamos fazendo um trabalho importante e de relevância”, comemora a docente. 

A professora do curso de Sociologia, Maynara Costa de Oliveira Silva, teve a sua tese de doutorado premiada e explica sobre a pesquisa etnográfica realizada na Casa da Mulher Brasileira de São Luís, para compreender as dinâmicas que influenciam o  atendimento às mulheres vítimas de violência sexual. “Essa pesquisa  possibilita perceber como ocorreu o desenvolvimento social, político e jurídico do reconhecimento e enfrentamento da violência sexual contra mulher, e como as estratégias discursivas e práticas, que tornam essas mulheres legíveis ao Estado, produzem identidade ou mesmo reproduzem violências e quais itinerários são percorridos em busca do rompimento da violência. O que pode impactar o modo pelo qual os agentes públicos atendem as mulheres, produzem conhecimento e verdades jurídicas, possibilitando traçar, por último, vias possíveis para combater essa realidade”, esclarece. 

Na categoria Pesquisador Sênior, a Fapema reconhece a contribuição acadêmica do pesquisador ao longo de sua trajetória. A professora Ana Lúcia Fernandes Pereira foi premiada  pelo seu memorial acadêmico científico. Ela é Docente  Associada II e pesquisadora da UFMA - Imperatriz desde 2010, onde atua no curso de graduação em Engenharia de Alimentos e no mestrado no Programa de Pós-graduação em Saúde e Tecnologia. Como engenharia de alimentos e com mestrado e doutorado em Tecnologia de Alimentos tem realizado ações de ensino, pesquisa e extensão. Por meio da coordenação do grupo de pesquisa registrado no CNPq “Ciência e Tecnologia de Alimentos”, desenvolve pesquisas voltadas para o avanço científico do Maranhão. “Tais pesquisas envolvem a caracterização das matérias-primas do estado e a agregação de valor às mesmas pela elaboração de novos produtos alimentícios. Esses novos produtos focam sempre na saudabilidade para que proporcionem benefícios à saúde da população. Além disso, nós buscamos o uso das matérias-primas, tais como óleo e farinha do mesocarpo do babaçu, frutas produzidas localmente, como também o uso da vinagreira, com o intuito de auxiliar as quebradeiras de coco e os produtores locais”, explana.

Os frutos dessas pesquisas ao longo dos anos têm resultado numa produção científica, tecnológica e de inovação de mais de 60 artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais; nove capítulos de livro; três livros; mais de 200 trabalhos publicados em anais de eventos científicos; 45 projetos aprovados (de pesquisa, ensino e extensão); duas cartas patentes; 12 pedidos de registro de patente, sendo a maioria tendo a UFMA como depositante principal e as outras resultantes de parcerias com outras instituições e  mais de 30 prêmios e reconhecimentos nacionais.

  “Sinto-me honrada em contribuir para colocar o estado do Maranhão no cenário das pesquisas em alimentos, ao mesmo tempo que buscamos discutir novas ferramentas na universidade para a sociedade de um modo geral. Receber o Prêmio FAPEMA é mais do que uma honraria individual; é o reconhecimento do esforço coletivo, da colaboração e do comprometimento de todos os envolvidos. Este prêmio serve como um estímulo adicional para continuar a trilhar o caminho da pesquisa e inovação na área de alimentos, a qual trago como base desde minha formação acadêmica”, declara a pesquisadora Ana Lúcia Fernandes Pereira. 

O diretor do CCIM, Leonardo Hunaldo, destaca o mérito da premiação e parabeniza o esforço de todos os pesquisadores. “Ficamos muito felizes com o reconhecimento da Fapema para as pesquisas que desenvolvemos no nosso Centro de Ciências de Imperatriz. Os nossos programas de pós-graduação estão se consolidando cada vez mais, com dissertações premiadas. Temos pesquisadores seniores realizando estudos relevantes, que impactam tanto a nível local, quanto nacional e internacional. Temos orgulho da qualidade e do nível dos nossos pesquisadores”, aponta.

De acordo com a Fapema, já em sua 18ª edição, o prêmio  é uma iniciativa do Governo do Estado, com realização da Fundação, com objetivo de reconhecer e incentivar o trabalho desenvolvido por pesquisadores maranhenses em diferentes áreas, bem como inventores e profissionais da área de comunicação. A cerimônia de premiação será realizada no dia 25 de janeiro. Além de premiação em dinheiro, serão entregues troféus e certificados aos agraciados. 

Por:  Lígia Guimarães