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Maternidade adiada e famílias menores no Maranhão: IBGE revela tendência

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Nos últimos anos, o perfil da maternidade no Maranhão tem passado por transformações profundas. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Censo Demográfico 2022, revelam que  as mulheres maranhenses estão adiando cada vez mais o primeiro filho e optando por ter famílias menores.

 

Essa mudança de comportamento acompanha um fenômeno nacional, mas tem nuances locais significativas, sobretudo em um estado historicamente marcado por altas taxas de natalidade. A queda da fecundidade revela não apenas alterações no estilo de vida das mulheres, mas também transformações estruturais, como maior acesso à educação, à informação e ao mercado de trabalho.

 

Queda drástica na taxa de fecundidade - Segundo o IBGE, o número médio de filhos por mulher no Maranhão caiu para 1,75 em 2022. Para se ter uma ideia da magnitude dessa queda, na década de 1970 essa média era de 7,26 filhos por mulher no estado. Ou seja, em meio século, houve uma redução de mais de 75% na quantidade de filhos nascidos por mulher maranhense.

 

Esse dado acompanha uma tendência nacional de queda da fecundidade. Em 1960, a média brasileira era de 6,3 filhos por mulher. Já nos anos 1980, esse índice caiu para 4,4; em 2000, foi para 2,4. Agora, em todo o Brasil, a média é de 1,6 filhos por mulher, abaixo do chamado nível de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – o número considerado necessário para manter estável a população ao longo do tempo.

 

A redução da taxa de natalidade, portanto, indica não apenas uma transformação social, mas também aponta para um futuro demográfico com potenciais desafios. Uma população que encolhe pode afetar diretamente o equilíbrio entre as gerações, impactar o mercado de trabalho e exigir uma reestruturação nas políticas públicas.

 

Educação como fator decisivoUm dos fatores mais relevantes para compreender essa mudança é a escolaridade das mulheres. O levantamento do IBGE mostra que quanto maior o nível de escolaridade, menor é o número de filhos por mulher.

 

No Maranhão, mulheres com ensino superior têm, em média, 1,4 filhos, enquanto aquelas que não concluíram o ensino fundamental têm, em média, 2,2 filhos. 



Maternidade mais tardiaOutro dado importante revelado pelo Censo 2022 é o aumento da idade média das mulheres ao ter o primeiro filho. No Maranhão, esse índice subiu de 25,6 anos em 2010 para 26,9 anos em 2022. Já no Brasil, a média é ainda maior: 28,1 anos.

 

Esse adiamento da maternidade tem diversas razões. Além do prolongamento do tempo de estudo, há fatores como o foco na carreira, dificuldades econômicas, instabilidade social e até a busca por relações mais estáveis antes de formar uma família.

 

O impacto dessa nova realidadeEmbora essa mudança no padrão reprodutivo seja vista como positiva em muitos aspectos — como a valorização da autonomia feminina, a qualificação profissional e o maior planejamento familiar — ela também traz desafios, especialmente no campo das políticas públicas.

 

A queda abaixo da taxa de reposição populacional, por exemplo, pode gerar desequilíbrios futuros no sistema previdenciário e aumentar a pressão sobre os jovens economicamente ativos, que precisarão sustentar uma população cada vez mais envelhecida.

 

No Maranhão, um estado que historicamente conviveu com altas taxas de fecundidade, essa transição demográfica acontece de forma mais rápida nos centros urbanos, enquanto em áreas rurais a redução da taxa de natalidade ocorre de maneira mais lenta, refletindo desigualdades regionais.

 

Entre o desejo e as condições reais - A maternidade deixou de ser uma experiência automática e passou a ser uma escolha cada vez mais pensada. Muitas mulheres querem ser mães, mas em condições melhores do que aquelas enfrentadas pelas gerações anteriores. A busca por estabilidade emocional, financeira e social está no centro dessa decisão.

 

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo Demográfico 2022.