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Biotério Central realiza treinamento de responsabilidade técnica e curso de manejo básico para animais em experimentação

publicado: 20/07/2022 17h12, última modificação: 21/07/2022 07h03
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Ao longo de anos, o Biotério Central da UFMA, na Cidade Universitária Dom Delgado, tem fornecido vários espécimes de animais para suprimento das necessidades dos pesquisadores da Instituição em diversas experimentações de relevância à sociedade, como a criação de remédios. Com o objetivo de aperfeiçoar e orientar os pesquisadores no manejo desses animais, foi realizado, no dia 14 de julho, o primeiro treinamento de responsabilidade técnica e o curso de manejo básico para animais em experimentação.

Segundo o diretor do Biotério Central, professor Rafael Cardoso Carvalho, a partir de agora, todas as solicitações de projetos de pesquisa da Universidade que chegarem ao Biotério passarão por esse processo instrucional. “Começamos um novo modelo de ação do Biotério em relação às pesquisas que ocorrem na UFMA. Fornecemos animais de laboratório para experimentação, principalmente, ratos e camundongos. Todo pesquisador, a partir de então, será treinado pela equipe técnica do Biotério sobre o manejo e cuidado para que, quando retirarem esses animais, tenham expertise. A comissão de ética da UFMA já realiza um curso teórico sobre a legislação para utilizar os animais e seus principais protocolos, e nós vamos ministrar as atividades práticas para manejo desses animais”, destacou.

A lei nº 11.794, de 2008 estabelece os procedimentos para o uso científico de animais, e esses devem receber, antes, durante e após o experimento, cuidados que favoreçam o seu bem-estar. O treinamento, concomitante à legislação, busca alcançar um serviço de excelência e alinhar-se aos preceitos determinados pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), passando os cuidados necessários que preservam a saúde animal e que são importantes para os resultados das pesquisas. “Como pegar um animal, como trocar uma gaiola, como identificar se ele está doente ou estressado, tudo isso influencia no resultado da pesquisa, e, com essas atitudes simples, a gente aumenta a credibilidade das pesquisas e cumprimos a legislação”, pontuou Rafael Carvalho.

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O Treinamento

A ação tem a proposta de ser dividida em três etapas: a primeira, teórica, sobre a constituição do Biotério da UFMA, os tipos de animais, as regras e a estrutura; a segunda, prática, demonstrativa, visitando os pavilhões, os setores de produção e o estoque de roedores, conhecendo as gaiolas e o procedimento de trocas da alimentação e da maravalha, bem como a forma correta de pegar o animal; a terceira etapa consiste no acompanhamento setorial, em que haverá o manejo e a manipulação prática da pesquisa.

Nesse primeiro momento, participaram três mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Saúde do Adulto (PPGSAD), que tiveram o curso e a visita guiada pela médica veterinária Nádia Costa, acompanhada pelo técnico bioterista Alexandre Furtado e os estagiários José Renzo Garcês e Eduardo Silva. A professora do Departamento de Morfologia Haissa Oliveira, orientadora das alunas, observou a ação positivamente. “Essa capacitação nos garante uma troca de conhecimento entre os pesquisadores e a equipe do Biotério pelas experiências que eles já possuem, e isso é muito importante para os alunos, porque eles estão iniciando a pesquisa e precisam desse conhecimento”, disse.

O treinamento orientará pesquisas inovadoras como a de Larissa Ribeiro, que pretende criar um novo modelo-animal para o câncer peniano isento de Papilomavírus Humano (HPV), e testar, em ratos, um composto isolado da Scoparia dulcis, popularmente conhecida como vassourinha. “A nossa região é endêmica do câncer de pênis. O nosso grupo já tem um modelo associado com HPV, e, com esse trabalho, analisaremos um isento de HPV, porque nesse câncer há o associado com o Papilomavírus e o câncer peniano associado a outros fatores”, explicou a mestranda, que destacou, também, a importância do treinamento para minimizar eventualidades e melhorar a qualidade de vida dos animais nos laboratórios.

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A mestranda Marina Cristine Silva Maranhão vai trabalhar em sua dissertação com ratas, isto é, a pesquisa, intitulada “Avaliação dos efeitos das frações do extrato etanólico das folhas de morus ningra em animais com hipoestrogenismo”, vai avaliar o efeito crônico de duas frações do extrato das folhas de amora e analisará seus possíveis efeitos durante a menopausa, averiguando o tratamento nos animais para posterior aplicação nas mulheres.

“Verificamos na comunidade a utilização do chá das folhas da amora, então, todo conhecimento popular tentamos trazer para o cunho científico, para verificar se, de fato, conseguimos ter resultados. Na menopausa, quando ocorre a diminuição de estrogênio, verifica-se uma cavidade vaginal mais seca, mais estresses, e os níveis de triglicérides e colesterol começam a aumentar, então vamos verificar a diminuição de todos esses efeitos, trazendo mais qualidade de vida para essas mulheres", explicou Marina, que trabalha com roedores desde a graduação.

Já a pós-graduanda Camila Vitória, que cursou a graduação em uma instituição privada, terá o primeiro contato de pesquisa com manejo animal. Ela desenvolverá análises feitas em ratas e camundongas sobre “O efeito no tratamento da menopausa de substâncias derivadas da cannabis sativa”, popularmente conhecida como maconha. “Esse projeto visa preencher uma enorme lacuna que existe no conhecimento científico, no que diz respeito à utilização da cannabis e o seu potencial uso clínico no intuito de mitigar esses sintomas da menopausa”, relatou.

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Biotério Central

Hoje, o Biotério Central produz, principalmente, ratos e camundongos, cerca de 600 roedores são produzidos por mês, sendo também responsável pela manutenção de bovinos, ovinos e coelhos. O Biotério fornece animais para 52 pesquisadores-coordenadores, atingindo, em média, 220 estudantes de graduação e 150 de pós-graduação. São atendidas demandas de doze programas de pós-graduação da UFMA, entre mestrados e doutorados. Há também o fornecimento para linhas de pesquisa em rede, como a de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte) e do programa de doutorado da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio).

O alcance no estado ainda se expande com parcerias com a Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e a Universidade Ceuma (Uniceuma). "Nessas parcerias, em prol da ciência, fornecemos para a Uema sangue de coelho para preparação de meio de cultura para diagnóstico de leptospira, por exemplo, fornecemos para o Brasil todo cepas de carrapatos resistentes a carrapaticidas para testes de novos compostos do produto e também fazemos esses testes aqui. Temos patentes vendidas, então tem muita coisa que é gerado como produto tecnológico dos animais do Biotério Central”, relatou o diretor, Rafael Carvalho.

I treinamento de responsabilidade técnica e curso de manejo básico para animais em experimentação na UFMA - 14-07-2022

Há também na Universidade os biotérios setoriais onde são realizados os experimentos laboratoriais, que são: o de pós-graduação, de farmacologia, de genética, de ruminantes, de cunicultura, e o de organismos aquáticos localizado no Centro de Ciências de Chapadinha.

Para solicitar animais no Biotério Central, há um processo ético e de acordo com a legislação que deve ser seguida. Primeiramente, o projeto deve ser submetido à Comissão de Ética em Uso de Animais (Ceua) da UFMA, formada por um conjunto de professores da Universidade, que é vinculada ao Concea. Após aprovação de todos os documentos, a solicitação pode ser realizada no Biotério Central.

Por: Alan Veras

Revisão: Jáder Cavalcante

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