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ENTREVISTA – ROBERTO MAURO GURGEL: A FUNDAÇÃO DA UFMA EM IMPERATRIZ
Muito do que se tem hoje de extensão universitária e de interiorização na UFMA está ligado ao professor Roberto Mauro Gurgel. Docente aposentado da Universidade, ele foi pró-reitor de Planejamento e de Extensão da UFMA e tem sua carreira ligada, de forma intrínseca, aos primeiros passos das ações extensionistas e da interiorização, em especial seu nome está vinculado ao início do Campus de Imperatriz, como ele destaca nesta entrevista. Vale a leitura!
Região Tocantina – Como se deu a fundação da UFMA em Imperatriz?
Roberto Mauro Gurgel – A fundação da UFMA em Imperatriz, deu-se levando em consideração as demandas da sociedade local, tendo como interlocutores oficiais o então Deputado e Ex-Governador Edson Lobão e o também Ex-Governador e Ex-Prefeito Ribamar Fiquene, que traziam reivindicações à Reitoria. Em 1973, com a presença do Prof. José Maria Ramos Martins e nossa, chegamos a Imperatriz, sendo realizada uma sessão solene em um cinema da cidade, marcando este momento.
Região Tocantina – Qual era o contexto educacional para a implantação do Campus Avançado?
Roberto Mauro Gurgel – A grande solicitação era a de criação imediata de cursos, mas, na Universidade, tinha grande destaque o Programa dos Centros Rurais Universitários de Treinamento e Ação Comunitária – CRUTAC, com atuação nas regiões lideradas pelos municípios de Pedreiras e Codó, contando com grande apoio do Ministério de Educação e entidades não governamentais em nível nacional e internacional. A ação dos CRUTAC´S desenvolvia-se por meio da extensão universitária, mediante ações de professores e alunos em programações interdisciplinares, onde o trabalho dos estudantes era contabilizado como estágio curricular. Vale destacar que, em Imperatriz, também na época já existia um Campus avançado da Universidade Federal do Paraná, experiência de interiorização e aplicação de conhecimentos através de atividades de estudantes de regiões do sul e de outras, tendo como atuação principal a área da Amazônia, mais especificamente e contava com o apoio do Ministério do Interior. A iniciativa tinha como mecanismo articulador o Projeto Rondon e os estudantes desenvolviam atividades práticas referentes à sua área de formação.
Região Tocantina – Qual o Papel da UFPR na implantação do Campus Avançado?
Roberto Mauro Gurgel – A Universidade Federal do Paraná e as demais universidades que participavam do projeto Rondon tinham seu plano de trabalho em nível de estrutura da instituição de Educação Superior, mas adequavam seus projetos em função de uma estratégia de integração nacional, onde também existiam outras ações de envolvimento dos estudantes. A UFPR trouxe estudantes de áreas diferenciadas e confesso que, dentre os trabalhos desenvolvidos, um dos que tinha mais densidade era o referente à Educação Ambiental. Foi também muito proveitosa a articulação entre os estudantes de Odontologia da Universidade do Paraná com a UFMA, em um trabalho de atendimento simplificado. Merece destaque também, a nível específico do trabalho da UFMA, a implantação de caixas bibliotecas nas escolas municipais, feitas por docentes e discentes do Curso de Biblioteconomia. Outras ações de departamentos e cursos foram desenvolvidas e vale lembrar o trabalho da equipe pioneira de Imperatriz com o coordenador José Geraldo, o Secretário José Rodrigues e também, mais diante, de Maria José Fiquene. Em 1974, foi criada a Coordenação Geral de Assuntos de Extensão, dando mais abrangência e articulação ao trabalho extensionista.
Região Tocantina – Alguma Instituição se juntou ao processo de criação da UFMA?
Roberto Mauro Gurgel – A partir das experiências iniciais e para melhor articular o trabalho da Universidade com as regiões interioranas, em 1977 foi intensificada sua ação interiorizadora com a criação da Coordenação Especial de Interiorização e a partir dessa iniciativa surgiu a perspectiva de criação de cursos de graduação e pós-graduação lato-sensu. Eu lembro de minha atuação como docente do Curso de Pedagogia, na graduação e Direito, na Pós-Graduação. Fui o primeiro Coordenador de Assuntos de Extensão, depois Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Estudantis e Coordenador de Interiorização, e em função do trabalho de extensão do Maranhão, cheguei a ser o primeiro Coordenador Nacional da Extensão Universitária do Ministério da Educação e membro da Coordenação de Interiorização das Universidades da Panamazônica – UNAMAZ. Em Imperatriz, gostaria de salientar o apoio recebido de muitas instituições, mas, especialmente, da Prefeitura Municipal.
Região Tocantina – Qual a importância dessa ação da Universidade?
Roberto Mauro Gurgel – A Universidade, nos momentos iniciais, levou estudantes da capital para conhecimento da realidade interiorana e deu oportunidade de práticas de aprendizado técnico e prático não aprendido em sala de aula, por via da extensão universitária. Foi um momento diferente, onde se teve uma oportunidade de troca de conhecimentos com estudantes locais da Educação Básica e da Educação Superior. Especialmente também com a própria comunidade. Posteriormente, com a criação de cursos e iniciativas na pesquisa, a UFMA ampliou seus horizontes de atuação e certamente, pelo que vejo hoje, continua tendo uma ação extensionista de grande validade.
Região Tocantina – Na sua opinião, nesses quarenta e poucos anos em que a UFMA está no interior, que balanço é possível fazer dos resultados para a sociedade?
Roberto Mauro Gurgel – Pessoalmente tenho dificuldade de fazer uma avaliação mais rigorosa da trajetória da UFMA em Imperatriz, pois não mais estou como Docente ativo, mas já aposentado há algum tempo. Tenho participado de seminários, de grupos de trabalho com os profissionais da UFMA de Imperatriz e sinto seus compromissos com a causa de uma Educação Libertadora e de Qualidade Social, como dita nosso eterno mestre Paulo Freire. Fico animado quando vejo iniciativas em relação ao trabalho na linha ambiental na Educação Infantil, dentre outros… Sou profundamente agradecido pelo título de Notório Saber que me foi concedido pelo campus de Imperatriz e à UFMA pela medalha Souzândrade e pelo Título de professor Emérito. Minha gratidão.