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Do Maranhão ao Peru: mestranda do PPGEPE Leiane Leandro vive intercâmbio internacional

publicado: 03/11/2025 15h07, última modificação: 03/11/2025 15h12
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A aluna Leiane Leandro, do Programa de Pós-Graduação em Educação e Práticas Educativas (PPGEPE) da UFMA - campus Imperatriz, participou do intercâmbio Caminhos Amefricanos – Edição Peru, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Universidad Nacional Mayor de San Marcos. O programa é voltado para docentes da educação básica e estudantes negros, com o objetivo de fortalecer o diálogo entre educação, cultura e identidade afro-latino-americana.

Para Leiane, a oportunidade foi uma realização de um sonho e um marco pessoal e acadêmico.“Quando li sobre o projeto Caminhos Amefricanos, senti que ele dialogava diretamente com minha história. O desejo de conhecer outras realidades latino-americanas, especialmente a afroperuana, me motivou a embarcar nessa experiência. Queria entender como o pertencimento e a ancestralidade se manifestam em outros contextos e como isso poderia ampliar minha visão sobre o Brasil e sobre mim mesma”, relata.

Experiência transformadora

Ao chegar ao Peru, Leiane descreveu a experiência como “abrir uma janela para um mundo novo”. A troca de saberes com estudantes e professores locais e a receptividade do povo peruano foram momentos marcantes. Entre as atividades, destacam-se visitas às comunidades afroperuanas de Santo Antônio e Cañite e à Universidade Nacional de Educação, onde o grupo foi recebido com música, dança e histórias de resistência. “Esses encontros mostraram o quanto a identidade é construída na coletividade, na memória e na resistência. Ver como os afroperuanos lutam para preservar sua cultura me fez refletir sobre o quanto ainda precisamos fortalecer nossas raízes no Brasil”, afirmou.

Educação, ancestralidade e pertencimento

Um dos momentos mais significativos foi a visita ao Museu Nacional Afroperuano, que valoriza a trajetória e o protagonismo da população negra no Peru. “Foi transformador. Ver como a história dos afrodescendentes é contada com dignidade me fez pensar sobre como podemos tornar nossos museus e espaços de memória no Brasil mais inclusivos”, destacou. Leiane também se surpreendeu com o envolvimento das universidades peruanas em projetos comunitários, aproximando a academia das realidades sociais locais.

Desafios e representatividade

Apesar das diferenças culturais e linguísticas, a aluna encarou os desafios como parte essencial do crescimento pessoal. “O espanhol foi um desafio no início, especialmente nas conversas mais técnicas, mas com o tempo fui ganhando confiança. Aprendi que o desconforto inicial pode ser uma porta para o crescimento pessoal”, comentou. Representar o Brasil e a UFMA em espaços como a Embaixada do Brasil no Peru e universidades locais trouxe orgulho e responsabilidade. “Percebi o quanto nossa universidade tem potencial para contribuir com diálogos internacionais. Levar nossas experiências e perspectivas mostra que o conhecimento produzido aqui tem relevância global”, afirma.

O futuro da educação

O Programa Caminhos Amefricanos promove não apenas o intercâmbio acadêmico, mas uma mudança de perspectiva. Em vez de priorizar os tradicionais destinos no eixo Europa-Estados Unidos, ele aposta na valorização da produção científica do Sul Global. Leiane teve a oportunidade de dialogar com outros pesquisadores que também atuam na área da educação antirracista. Com isso, ela contribui para o fortalecimento de redes de cooperação e leva consigo a marca do PPGEPE, da UFMA e da educação pública brasileira que luta por equidade, diversidade e transformação social. “Essa experiência me mostrou que a universidade precisa ser um espaço de escuta, troca e construção coletiva. O diálogo internacional não é apenas sobre levar conhecimento, mas também sobre aprender com outras realidades. Voltei com a certeza de que a educação deve ser antirracista, intercultural, crítica e comprometida com a transformação social”, conclui.

 

Por: Thátila Sousa

Fotos: Acervo pessoal Leiane Leandro