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Segunda do Português: "Prefixos"

publicado: 07/02/2022 18h15, última modificação: 07/02/2022 18h29

Esta é a segunda abordagem sobre o assunto “prefixo” em nossa coluna semanal, mas, por causa da relevância do tema e das múltiplas infrações cometidas, o reforço pedagógico é necessário.

Qualquer pessoa com um conhecimento elementar de língua portuguesa descobriria os erros de português nas aberrações listadas abaixo. Observe:

                Você deve ser uma pessoa a  normal, pois trabalha quase vinte horas por dia.

                Isso é im  possível de ser realizado.

                Você precisará re  fazer o trabalho.

                Ela seria in capaz de maltratar um animalzinho.

                Já pedi desculpas, mas o erro não pode mais ser des  feito.

Esses erros ridículos dificilmente seriam cometidos por alguém que tivesse um conhecimento básico da língua portuguesa. E são ridículos porque, em todos eles, separou-se o prefixo do radical. Como se sabe, os prefixos têm valor semântico, ou seja, transmitem um significado, mas não têm autonomia de palavra. Prefixo não é palavra!!!! Sendo assim, tem sempre de estar ligado a um radical.

Mas os exemplos acima contêm erros crassos facilmente identificáveis porque as pessoas conseguem identificar que “a”, “im”, “re”, “in” e “des” são prefixos. O grande problema é que alguns prefixos são confundidos com palavras, como “mega”, por exemplo. “Mega” é prefixo, portanto tem de estar sempre “agarradinho” a uma palavra (radical), com ou sem hífen. Todos sabemos que “mega” transmite a ideia de “grande”, mas só transmite a ideia, “mega” não é “grande”. “Mega” é prefixo, e “grande” é adjetivo. Portanto temos duas maneiras de falar se quisermos dar a ideia de grandeza para os seguintes substantivos: CASA, EMPRESA, BATATA, LAGOA, RATO, SEMENTE, AUTOMÓVEL, HONRARIA, ILHA e OBRA.

Pode ser             CASA GRANDE                 ou pode ser       MEGACASA

                               EMPRESA GRANDE                                        MEGAEMPRESA

                                BATATA GRANDE                                           MEGABATATA

                               LAGOA GRANDE                                             MEGALAGOA

                               RATO GRANDE                                                MEGARRATO

                               SEMENTE GRANDE                                        MEGASSEMENTE

                               AUTOMÓVEL GRANDE                                    MEGA-AUTOMÓVEL

                               GRANDE HONRARIA                                       MEGA-HONRARIA

                               ILHA GRANDE                                                  MEGAILHA

                               OBRA GRANDE                                                MEGAOBRA

Outros exemplos de prefixos comumente utilizados como se palavras fossem:

TELE SENA                             ANTI DEMOCRÁTICO            INFRA MENCIONADO

CONTRA ORDEM                   TETRA CAMPEÃO                 SEMI ÁRIDO

SUPER DECEPCIONADO      RETRO ASSINALADO           AUTO ATENDIMENTO

EX ALUNO                              HIPER BARATO                     PARA CHOQUE

SUB GERENTE                      BEM VINDO                            PSEUDO MÉDICO

SEMI  NOVOS                        MAXI DESVALORIZAÇÃO      MINI OBJEÇÃO         

TELE REUNIÃO                      ARQUI RIVAL                          AMBI VALENTE

Todos esses termos foram retirados de situações reais, observadas em panfletos, documentos, peças publicitárias e na imprensa. Você pode escrever “falso médico”, uma vez que “falso” é um adjetivo, mas cometerá um erro se grafar “pseudo médico”, pois “pseudo” é apenas um prefixo, que transmite a ideia de “falso”, e, por ser prefixo, deve estar agarrado ao radical. Assim, a grafia correta é “pseudomédico”.

Quando algo desaponta você extremamente, você escreverá corretamente se disser que está “muito decepcionado”, uma vez que “muito” é um advérbio, é uma palavra autônoma. Mas, caso você escreva “super decepcionado”, incorrerá no erro de separar o prefixo do radical, pois “super”, embora transmita o sentido do advérbio “muito”, não é advérbio, logo fica clara sua necessidade de estar ligado a um radical para ganhar legitimidade. Assim, o certo é “superdecepcionado”.

Vamos corrigir os exemplos acima:

TELESSENA                           ANTIDEMOCRÁTICO             INFRAMENCIONADO

CONTRAORDEM                    TETRACAMPEÃO                  SEMIÁRIDO

SUPERDECEPCIONADO       RETROASSINALADO             AUTOATENDIMENTO

EX-ALUNO                             HIPERBARATO                      PARACHOQUE

SUBGERENTE                       BEM-VINDO                           PSEUDOMÉDICO

SEMINOVOS                          MAXIDESVALORIZAÇÃO       MINIOBJEÇÃO          

TELERREUNIÃO                    ARQUIRRIVAL                        AMBIVALENTE

 

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