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Segunda do Português: "demasiada" e "disparada"
1. Demasiada
Normalmente, a maioria das infrações cometidas contra a língua portuguesa ocorre por descuido ou preguiça de pensar um pouquinho e fazer comparações com outras estruturas mais simples. Veja como a palavra “demasiada” é usada erradamente no exemplo abaixo:
A médica era demasiada ríspida com os pacientes do SUS.
Nesse exemplo, a palavra sublinhada está modificando “ríspida”, que é um adjetivo, o que nos leva a concluir que “demasiada” é advérbio de intensidade. Desde o tempo do ginásio (atual ensino fundamental), ouvimos que advérbio é palavra invariável, ou seja, não tem plural ou feminino, razão pela qual o exemplo está errado. O certo é:
A médica era demasiado ríspida com os pacientes do SUS.
Outros exemplos:
Os garotos ficaram demasiado felizes com a chegada das férias.
As janelas estavam demasiado corroídas pela ação do tempo.
Minha mãe fica demasiado preocupada quando não dou notícias.
Na dúvida, substitua “demasiado” por outros advérbios de intensidade e perceba que não há flexão. Exemplos:
Os garotos ficaram muito felizes com a chegada das férias.
As janelas estavam bastante corroídas pela ação do tempo.
Minha mãe fica muito preocupada quando não dou notícias.
2. Disparada
Outra palavra que é comumente utilizada erroneamente é “disparada”. Observe o exemplo:
Helena era, disparada, a melhor jogadora do time.
Outro caso em que temos advérbio usado no feminino, caracterizando erro. No sentido de “com grande superioridade”, “sem sombra de dúvida”, o vocábulo “disparado” é advérbio de intensidade, por isso não tem plural ou feminino.
O certo é:
Helena era, disparado, a melhor jogadora do time.
Num dia desses, lá em casa, compramos uma pizza desses estabelecimentos que fazem entrega domiciliar (delivery, para os que dão preferência ao inglês). Na caixa padronizada, havia o slogan da rede de pizzarias:
Disparada, a melhor!
Se a fome não estivesse tão acentuada, ter-me-ia abstido de comer a pizza. Pensei: se o slogan daquela rede de pizzarias continha erro de português, será que eles não eram desleixados também com a qualidade do produto que vendiam?
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Revisão: Jáder Cavalcante