Segunda do Português: "datas" e "antropônimos"

1. Datas

Hoje pela manhã, um amigo me telefonou (ele queria uma resposta imediata) e me perguntou se a concordância correta seria:

                Hoje é oito de fevereiro

ou

                Hoje são oito de fevereiro.

Essa dúvida é muito comum, por isso decidi abordá-la na coluna desta segunda-feira. Vamos às explicações:

Na indicação de datas, o verbo “ser” deve concordar com a palavra “dia”. Mas, nos dois exemplos acima, a palavra “dia” não aparece, então o que fazer? Simples! Você deve mentalmente inserir a palavra “dia” na oração. Dependendo do local onde você a inserir, haverá concordâncias distintas. Por exemplo, imaginemos que você decida colocar a palavra “dia” antes do numeral, a construção certa é:

                Hoje é dia oito de fevereiro.

Você observa que o verbo fica no singular para concordar com “dia”, que também está no singular. Mas é possível você colocar a palavra “dia” após o numeral, o que implicará uma concordância diferente. Observe:

                Hoje são oito dias de fevereiro.

Agora o verbo fica no plural, novamente para concordar com “dias”. No primeiro dia do mês, a história é diferente. Vejamos as duas possibilidades:

                Hoje é dia primeiro de fevereiro.

                Hoje é o primeiro dia de fevereiro.

Ou seja, no primeiro dia do mês, o verbo tem de ficar sempre no singular.

2. Antropônimos

Existe uma infração à língua muito comum, que acontece com prenomes ou sobrenomes no plural. Observe:

                A família dos Cavalcante é uma das maiores do Brasil.

É um erro a não pluralização dos nomes próprios e sobrenomes. Não existe amparo gramatical para tal prática, pois é corretíssimo dizer:

                Em minha sala, há dois Eduardos.

                Como são parecidas as três Marias.

                Quantos Joões há em sua família?

                Ontem fui à casa dos Silvas.

                Os Rochas se mudaram para outra cidade.

                Os Sampaios e os Alencares eram famílias inimigas na cidade de Exu.

                A família dos Cavalcantes é uma das maiores do Brasil.

Quando Dona Canô, mãe de Caetano Veloso, faleceu, apareceu a seguinte manchete no jornal:

                Morre a matriarca dos Veloso.

Corrigindo a frase: Morre a matriarca dos Velosos.

Lembre que os nomes próprios não sofrem plural metafônico. Não se lê /velózos/.

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