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UFMA apresenta protótipo de reanimador automatizado que poderá auxiliar pacientes com problemas respiratórios nos hospitais

publicado: 26/04/2021 12h20, última modificação: 26/04/2021 21h33

Na sexta-feira, 23, foi apresentado, na sede do Instituto de Energia Elétrica (IEE), da Universidade Federal do Maranhão, um projeto inovador, fruto da união da UFMA com várias universidades do país, que pode contribuir muito no enfretamento da covid-19: o reanimador automatizado Fasten Vita, aparelho eletrônico que contém uma bomba de ar e uma máscara que serve para reanimar pacientes com problemas de respiração. Na prática, o dispositivo automatiza o ambu, que foi utilizado de forma manual com muito sacrifício por profissionais da saúde durante a pandemia no Brasil, na falta de respiradores.

O encontro teve a presença do pró-reitor da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-Graduação e Internacionalização (Ageufma), Fernando Carvalho Silva; do secretário de Estado Extraordinário de Articulação das Políticas Públicas, Marco Antônio Barbosa Pacheco do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), André Santos; da superintendente do Hospital Universitário da UFMA, Joyce Santos Lages; e do diretor de Inovação e Serviços Tecnológicos (DIST) e coordenador do projeto do reanimador automatizado na UFMA, Shigeaki Lima, que destacou a importância do aparelho no atual contexto, caso aprovado em testes para uso em humanos.

“Houve relatos de pacientes que foram mantidos vivos usando o ambu de forma manual, então a gente resolveu desenvolver um dispositivo que automatizasse isso, tirasse da mão humana e colocar algo que se conseguisse regular a frequência, a vazão de ar, a relação inspiração-expiração”, explicou Lima. Ele acrescentou que o aparelho poderá ser usado em ambulâncias na transferência de pacientes, em hospitais de baixa complexidade e em casos em que pacientes ainda não entraram no processo de intubação, mas têm deficiência na respiração.

O diretor da DIST explanou que o modelo do Fasten Vita foi concebido em conjunto de reuniões com membros de várias universidades, como Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Federal de Goiás (UFG), entre outras. Cada instituição deu sua respectiva contribuição acadêmica ao projeto — em eletrônica, engenharia de produção, ergonomia, software e design mecânico, por exemplo — e construíram seus próprios dispositivos com seus respectivos recursos disponíveis.

No Maranhão, a UFMA fez dez protótipos com recursos disponibilizados pela Fapema por meio do Edital Nº 06/2020, que foi uma chamada pública emergencial da Fundação de fomento à pesquisa no enfretamento à pandemia e pós-pandemia. Com o aporte de aproximadamente R$ 50 mil, foi possível a Shigeaki Lima e sua equipe elaborar um aparelho que custa entre R$ 1.500 a R$ 2 mil. Agora, a meta atual é conseguir novos recursos para realizar os testes e produzir cem unidades do Fasten Vita.

“Este é um equipamento de baixo custo porque, claro, não é um respirador classe 1 dos hospitais, que chega a 50, 100, 200 mil reais, de acordo com a complexidade do aparelho. Então, pelas peças que foram idealizadas na concepção, é um custo razoável. Em produção em larga escala o custo pode até ficar bem menor”, explanou Lima.

Reanimador automatizado Fasten Vita

O pró-reitor da Ageufma aprovou o projeto e enfatizou a relevância da inovação e da ciência no momento em que a humanidade mais precisa. “Esse é um protótipo que ainda temos que fazer a validação para utilização em seres humanos, mas que é notório que, pelo baixo custo, pode ser usado como alternativa para vários casos de pacientes com problema pulmonar para mantê-los vivos, mesmo em localidades que não possuem infraestrutura, assim como pode ser utilizado para transporte em ambulâncias, enfim, existem várias possibilidades. Esperamos agora a obtenção de mais recursos para a continuidade deste projeto”, comentou Fernando Carvalho.

O presidente da Fapema destacou que um dos objetivos da Fundação é este, da ciência aplicada: “Este projeto é um dos contemplados para enfretamento da covid, embora pequeno, por causa das consequências da pandemia, mas está aqui o resultado da ciência, um orgulho os colegas conseguirem isso. Que seja testado, aprovado e daqui a pouco aplicado em seres humanos: essa é nossa expectativa, de que sejam implantados o mais breve possível”.

A superintendente do HU-UFMA mencionou que o desenvolvimento do Fasten Vita significa um grande passo da ciência para benefício da população. “É preciso fazer os testes do uso em seres humanos para validá-lo, mas já enxergamos um equipamento que está sendo trabalhado com muito cuidado, precisão e pensamento voltado à acessibilidade, para que as unidades de saúde que necessitem dele tenham acesso a este aparelho”, pontuou.

Ambu tradicional em uso. Imagem: blog.maconequi.com.br

 

Por: Luciano Santos

Revisão: Jáder Cavalcante

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