Notícias
Trabalho de egresso do curso de Estudos Africanos propõe diálogo sobre questões étnico-raciais por meio da capoeira
![Trabalho de egresso do curso de Estudos Africanos propõe diálogo sobre questões étnicos raciais por meio da capoeira.jpeg Trabalho de egresso do curso de Estudos Africanos propõe diálogo sobre questões étnicos raciais por meio da capoeira.jpeg](http://portalpadrao.ufma.br/site/noticias/trabalho-de-egresso-do-curso-de-estudos-africanos-propoe-dialogo-sobre-questoes-etnicos-raciais-por-meio-da-capoeira/trabalho-de-egresso-do-curso-de-estudos-africanos-propoe-dialogo-sobre-questoes-etnicos-raciais-por-meio-da-capoeira.jpeg/@@images/aebe8d48-b5c6-4c43-8699-1782e9dcd7a0.jpeg)
Dança, ginga, música, esporte e arte: esses são alguns dos elementos pela qual a capoeira é vista em sua interdisciplinaridade, uma manifestação cultural afro-brasileira trazida pelos negros africanos e presente até hoje no Brasil. Como uma forma de valorizar essa herança, o egresso do curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros, Cristian Lopes, realizou um projeto de “Expressões Contemporâneas em Dança”, como parte do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), com o intuito de criar cenas baseadas em cantigas, sons e movimentos corporais da capoeira e apresentá-las como fonte historiográfica e de valorização da identidade étnico-racial.
Cristian Lopes conta que a ideia juntou duas paixões: a arte, que conheceu por meio do grupo Casemiro Coco da UFMA, e a capoeira. Segundo o discente, o TCC foi ganhando forma com as oficinas ministradas durante a licenciatura. “A ideia do projeto teve início a partir de uma oficina que eu desenvolvia em escolas de ensino fundamental e médio, depois fui adaptando, pegando forma e se tornando esse trabalho”, explicou.
A apresentação inicia a partir da música “Quando eu venho de Luanda”, do Mestre Toni Vargas. Além de poética, a letra destaca um dos maiores lugares de concentração do tráfico de escravizados, o porto de Luanda. Fazendo essas conexões, a performance pedagógica teve como proposta compreender essa diáspora africana, sua história e inserir a capoeira como símbolo de resistência. “Por meio de algumas músicas de capoeira e alguns fundamentos e simbologias, procuramos associar casos ocorridos com a população negra no passado trazendo aos dias atuais”, relatou.
Projetos como o de Cristian estão alinhados a políticas públicas definidas desde 2003, por meio da Lei nº 10.639, que visa fomentar a inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo escolar. “O projeto em forma de espetáculo foi idealizado como proposta de intervenção, podendo ser encenada em espaços educativos formais e não formais, no intuito de instigar o diálogo sobre as questões étnico-raciais e desfazer alguns preconceitos nesses espaços, trazendo à tona temas e informações importantes”, explicou.
Para Cristian, um dos melhores momentos da performance é a representação do símbolo da justiça. “Posiciono o berimbau na mão como se fosse uma balança com pesos diferentes e a baguete em outra mão como se fosse uma espada. Depois tiro a venda dos olhos e coloco no pescoço, se tornando um lenço de seda, assim como faziam os antigos capoeiras. E, ao final, convidamos as pessoas a pegar alguns instrumentos para colaborar com uma música de capoeira”, destacou.
A capoeira passa pela vida de Cristian há anos. Ele é um dos colaboradores e capoeiristas do grupo de capoeira Mandingueiros do Amanhã. Mesmo sendo um TCC, o agora egresso não limita a apresentação e pontua que pretende levar esses símbolos para outros espaços, expor e dar mais visibilidade à performance artística.
Saiba +
Em 2014, a capoeira foi declarada patrimônio imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda, realizada em Paris.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a capoeira é uma manifestação cultural presente em todo o território brasileiro e em mais de 150 países, com variações regionais e locais. Ela representa a resistência dos escravizados e se desenvolveu como forma de sociabilidade e estratégia para enfrentar o controle e a violência.
Na roda de capoeira, os principais instrumentos utilizados são o berimbau, o pandeiro, o atabaque, o ganzá ou reco-reco e o agogô podendo variar dependendo das tradições do grupo de capoeira ou do estilo de roda.
Por: Alan Veras
Revisão: Jáder Cavalcante