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Servidor da UFMA lança livro ficcional sobre o medo causado pelo coronavírus

publicado: 13/05/2022 08h37, última modificação: 13/05/2022 13h05
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O revisor de textos da Superintendência de Comunicação e Eventos-SCE da UFMA, Jáder Cavalcante de Araújo, lança hoje, 13, a partir das 20h, na sede do Basa Clube, no Calhau, seu mais recente livro de literatura ficcional. Trata-se de Coroneurose, um conto em que o autor, de maneira bem-humorada, aborda o comportamento superprecavido da personagem principal, que temia ser contaminada pelo vírus da covid-19. Jáder concedeu uma entrevista para a Diretoria de Comunicação da UFMA (DCOM), esclarecendo o processo de escrita do livro.

DCOM: Como surgiu a temática do livro?

Jáder Cavalcante: Toda obra literária, mesmo as de ficção, tem um pouco de semelhança com a vida. Ou seja, é a arte imitando a vida.  A inspiração para Coroneurose veio da observação do mundo ao meu redor. Principalmente no início da pandemia, em que tudo era novidade para a comunidade científica, e não se conheciam medidas profiláticas nem terapêuticas, as pessoas só podiam tentar se precaver. Todos passaram a usar máscaras e adotaram o hábito de higienizar as mãos. Mas um e outro, além desses dois itens, usavam óculos de proteção ou faceshields, chapéu e luvas. Vi, muitas vezes, pessoas dirigindo sozinhas com as janelas fechadas, ar-condicionado ligado, mas estavam usando máscara. Num desses momentos, veio o insight de que o medo do vírus poderia ser um bom tema para discorrer. Ainda que seja um texto ficcional, podem-se encontrar muitos comportamentos semelhantes entre as pessoas de verdade, umas tomando medidas exageradas; outras, superexageradas.

DCOM: Por que o título “Coroneurose”?

JC: É a aglutinação de “corona” e “neurose”. E a justificativa para isso é que Olavo Medina, o protagonista, de tão temeroso que estava, passou a tomar atitudes que beiraram a psicose. E isso acabou se revertendo contra ele próprio, isto é, as ações preventivas contra a covid-19 que ele tomou se tornaram um problema. Na prática, ele trocou um problema pelo outro. E foi o medo que o conduziu a esse radicalismo, corroborando o que Buda apregoou: “É a própria mente de um homem, e não seu inimigo ou adversário, que o seduz para caminhos maléficos”.

DCOM: O que o leitor pode esperar de Coroneurose?

JC: Uma das características que gosto de impregnar em meus textos é o bom humor. Na medida do possível, mesmo abordando um tema árido, que foi o tormento psicológico por que passava a personagem principal, tentei produzir um texto leve e bem-humorado, e as próprias medidas preventivas exageradas de Olavo Medina são, de certa forma, caricatas e meio absurdas, o que, por si só, retira a sisudez a que a temática pode induzir.

DCOM: Existe algum fundo moral no conto?

JC: O subtítulo do livro é “O que é pior: o vírus ou o medo do vírus?”. Essa pergunta é um convite à reflexão sobre os limites das medidas protetivas. Certa vez, logo no início da pandemia, em que se estabeleceu o distanciamento social, eu, de máscara, logicamente, entrei na fila da padaria. O rapaz à minha frente estava distante um metro e meio do cliente à frente dele. Quando eu cheguei à fila, fiquei a cerca de um metro dele, que se virou e pediu rispidamente que eu me afastasse mais ainda. Será que o medo justificaria aquela falta de educação? Coroneurose induz o leitor a questionar os limites da prevenção. Mas, como “cada cabeça é uma sentença” deixo a cargo do leitor decidir se as ações tomadas por Medina para evitar o vírus foram justificadas ou não. Enquanto isso, sugiro que cada um aproveite a história para se divertir, e esquecer um pouco a tragédia que se abateu sobre a humanidade, porque, como disse Fernando Pessoa, “A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida”.

Por: DCom

Revisão: Jáder Cavalcante

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