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Regina Zilberman ministra aula inaugural do Mestrado de Letras do Câmpus Bacabal
Abordando a temática “Literatura e Direitos Humanos”, a doutora em Romanística pela Universidade de Heidelberg e pós-doutora pelo University College, na Inglaterra, Regina Zilberman, ministrou a Aula Inaugural Virtual do Programa de Pós-Graduação em Letras do Câmpus de Bacabal na terça-feira, 9.
A palestrante, que também é professora do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciou a discussão com um breve histórico do surgimento dos direitos civis. Para ela, a pauta vai se ampliando e abrangendo grupos mais distintos e circunstâncias mais complexas e, às vezes, bastantes delicadas.
“Nós estamos tentando estabelecer uma cronologia de quando o tema ‘direitos civis’ entra em cena. Não podemos prever o seu final e, esperamos que somente com o estabelecimento de uma ampla sociedade fundada, exclusivamente, na justiça, igualdade e liberdade, não seja mais objeto de discussão, mas apenas de reconhecimento da sociedade”, apontou Zilberman.
Segundo ela, a expressão “direitos humanos” no formato que a conhecemos não é tão antiga. “Suas manifestações aparecem nas décadas finais do século XVIII, canalizando um conjunto de reflexões sobre a natureza do Estado, do exercício do poder e a liberdade do indivíduo formuladas no século XVII por dois pensadores ingleses – Thomas Hobbes e John Locke —, e no século XVIII, pelos pensadores Montesquieu, Rousseau e Voltaire. As literaturas desses pensadores estão lidando com a organização do estado, exercício no poder e, decorrente disso, o tratamento a ser dado às pessoas que formam esse Estado”, apresentou.
Sobre a conexão com a literatura, Regina Zilberman destacou grandes escritores que abordaram em suas obras temáticas relevantes no campo dos direitos humanos. “A literatura brasileira contemporânea não deixou de se posicionar diante dos direitos humanos sem abrir mão de suas propriedades como criação artística, como por exemplo, a obra ‘O Amor de Pedro por João’, de Tabajara Ruas; ‘Ponciá Vicêncio’, de Conceição Evaristo; ‘Torto Arado’, Itamar Vieira Junior”, elencou.
E completou dizendo que a literatura não precisa abrir mão das suas prerrogativas como forma artística para se posicionar como porta-voz dos direitos humanos. “A literatura até faz mais: coloca os leitores no lugar daqueles que carecem de direitos, colaborando para a nossa compreensão e convidando-nos a refletir a respeito. Pode-se esperar mais de um texto literário? Acredito que não”, finalizou Regina Zilberman.
Veja a palestra da professora Regina Zilberman na íntegra:
Por: Maiara Pacheco
Revisão: Jáder Cavalcante