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Professores e alunos da UFMA debatem zoneamento costeiro de São Luís em sessão na Câmara Municipal

publicado: 20/04/2023 16h06, última modificação: 24/04/2023 10h12
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A Câmara Municipal realizou, nessa sexta-feira, 14, uma audiência pública para debater a criação e o desenvolvimento do Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro de São Luís (ZEECSLZ). O evento, que ocorreu no Plenário Estácio da Silveira, contou com a presença de professores e alunos do curso de Oceanografia da UFMA, engenheiros, analistas e gestores das áreas portuária e ambiental.
O foco da reunião, promovida pelo vereador Álvaro Pires, foi discutir a importância do ordenamento territorial da orla marítima da cidade em diálogo com estratégias de preservação e sustentabilidade.
De acordo com o docente do curso de Licenciatura em Ciências Humanas, do Centro de Ciências de Pinheiro, Arkley Marques Bandeira, as políticas públicas devem ser pensadas de forma a conciliar o meio natural e o patrimonial. “Qualquer iniciativa de gerenciamento da nossa costa deve levar em consideração os aspectos da nossa história e cultura”, destacou.
Para ele, uma parcela significativa da população depende da área costeira, seja como fonte de renda, seja como meio de realizar manifestações religiosas. “Existem celebrações, procissões, polos de conhecimentos tradicionais, bens de natureza arqueológica a serem descobertos, pesca e mariscagem”, elencou.
Em sua fala, o Pró-Reitor de Assistência Estudantil (PROAES), representante da universidade, Leonardo Silva Soares, defendeu o papel social, cultural e econômico da região da costa. “Na nossa orla, temos atividades turísticas; o Centro Histórico; uma série de atividades de mineração, comércio, serviços e cadeias produtivas que se desenvolveram baseadas na dinâmica costeira da cidade”, exemplificou.
Segundo Edilea Dutra Pereira, professora do Departamento de Geociências (DGEO) do curso de Geografia da UFMA, os agentes de gestão devem atentar para a disponibilidade de água dentro da ilha. “Nós temos uma grande parte do nosso abastecimento hídrico baseado nas águas subterrâneas e a intrusão salina pode comprometer essas reservas”, afirmou.
Ainda de acordo com a professora Edilea, a crescente impermeabilização do solo, devido à urbanização da cidade, é um problema. Para evitar que a cunha salina alcance níveis críticos, ela aconselhou que o processo de revegetação de parques e áreas próximas seja feito quanto antes.
Na sequência, tomou o direito de fala o professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DEOL), Leonardo Golçalves de Lima. Ele explicou: "A formação da faixa marítima de São Luís é resultado de transformações que vêm ocorrendo há milhões de anos”. Em seu discurso, mencionou a erosão e o assoreamento como duas das principais causas das mudanças visíveis na geografia de regiões como Espigão Costeiro, Centro Histórico, Lagoa da Jansen, entre outras.
Também se fez presente na audiência a professora Claudia Klose Parise, da Coordenação do Curso de Oceanografia (CCOC). A docente abordou temas como aumento do nível do mar, aquecimento global, a participação do corpo acadêmico nesse debate, parcerias para o desenvolvimento sustentável e a garantia da qualidade de vida.
Para o vereador Nato Júnior, o envolvimento da comunidade científica e acadêmica da universidade é essencial nesses debates. "Foi ótimo ter presente especialistas e interessados no assunto. Dessa forma, podemos ter grandes expectativas de desenvolver, juntos, um grande trabalho para nossa cidade e estado", finalizou.

Por: Júlio César

Produção: Bruna Castro

Revisão: Jáder Cavalcante