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Pesquisadores da UFMA se destacam e colocam a instituição em posição de destaque com premiações no III Congresso DOHaD Brasil

publicado: 15/07/2024 16h04, última modificação: 16/07/2024 10h43
Pesquisadores da UFMA se destacam e colocam a instituição em posição de destaque com premiações no III Congresso DOHaD Brasil

Docentes e discentes de Pós-Graduação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foram premiados no III Congresso DOHaD Brasil, realizado entre os dias 2 e 5 de julho, em Campinas, São Paulo. A Universidade conquistou três premiações em duas categorias: primeiro e terceiro lugar, além de uma menção honrosa. As conquistas foram dos Programas de Pós-Graduação em Odontologia, Ciências da Saúde (PPGCS) e Saúde Coletiva (PPSC). Confira os premiados:

Os trabalhos apresentados e premiados no III Congresso DOHaD Brasil tinham por objetivo principal debater questões centrais relacionadas à teoria DOHaD (Developmental Origins of Health and Disease), que estuda como o ambiente, durante o desenvolvimento embrionário e os primeiros anos de vida, pode influenciar a saúde e o risco de doenças na vida adulta. Esses estudos focaram em temas como nutrição, fatores socioeconômicos, inteligência, entre outros. Ao abordar esses tópicos, os trabalhos contribuíram para um melhor entendimento dos mecanismos que ligam o início da vida a condições crônicas como diabetes, doenças cardíacas e obesidade, alinhando-se com os objetivos do DOHaD de promover intervenções precoces para melhorar a saúde pública.

Pesquisas premiadas

Premiado em primeiro lugar na categorial oral, a pesquisa do discente do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO) da UFMA, Silas Alves Costa, orientada pela professora Cecília Cláudia Ribeiro, teve por objetivo identificar os elementos centrais nas redes complexas de fatores de risco e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) durante os primeiros mil dias de vida de uma criança, período que abrange desde a concepção até os dois anos de idade. A pesquisa destaca a importância desse período crítico para o desenvolvimento infantil e busca compreender como fatores como nutrição, ambiente socioeconômico e cuidados de saúde influenciam o risco de DCNT.

De acordo a orientadora da pesquisa e professora da UFMA, Cecília Ribeiro, o estudo visa contribuir para a formulação de políticas e intervenções que promovam a saúde a longo prazo. “Identificamos que os HUBS (elementos centrais) nas redes complexas de fatores de risco e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), nos primeiros mil dias de vida (da gravidez até os dois anos de idade da criança), foram o consumo de alimentos ultraprocessados e o menor nível socioeconômico nas gestantes. Para as crianças, os principais fatores foram o consumo de açúcares e a amamentação exclusiva insuficiente. Nos adolescentes, o elevado consumo de açúcares foi o principal HUB, seguido pela resistência à insulina, indicando um risco aumentado de diabetes no futuro. Portanto ações direcionadas aos determinantes econômicos, sociais e comerciais são urgentes para o controle das DCNT na nossa população. Políticas públicas que garantam acesso a uma alimentação mais saudável, além da taxação e redução do teor de açúcares e gorduras saturadas nos alimentos, são essenciais para controlar o aumento das taxas de DCNT”, coloca.

Já o trabalho orientado pelo professor da UFMA Marcus Paes e apresentado pela discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Fernanda Lima Soares teve por objetivo observar as condições socioeconômicas relacionadas ao baixo peso ao nascer e sua associação com a obesidade peripuberal no Brasil.

Segundo os autores, o estudo revelou que o consumo excessivo de bebidas açucaradas, como refrigerantes, sucos industrializados, leites industrializados e iogurtes contendo corantes, adoçantes e açúcar, é um fator de risco significativo. O consumo excessivo dessas bebidas aumenta a probabilidade de que adultos jovens tenham filhos com baixo peso ao nascer e também é um fator de risco para que crianças nascidas com baixo peso desenvolvam obesidade na adolescência.

“Isso significa que, se um casal, seja homem, seja mulher, consome essas bebidas açucaradas em excesso, eles têm maior risco de seu filho nascer com baixo peso. E uma criança que nasceu de baixo peso, tendo maior acesso a esse consumo excessivo de bebidas açucaradas, essa pessoa também tem uma maior probabilidade de desenvolver obesidade na adolescência. Isso pode parecer uma conclusão tanto quanto óbvia, entretanto o dado mais interessante desse estudo, quando nós analisamos covariáveis, foi observar que essa associação, pode ser bloqueada por dois fatores socioeconômicos importantes. O acesso à atenção primária em saúde e a renda per capita. Isso quer dizer o quê? Que, se você tem melhor acesso à saúde e se você tem maior renda per capita, mesmo consumindo esses açúcares em excesso, você tem menor probabilidade de ter um filho com baixo peso, e esse filho com baixo peso terá menor probabilidade de ser obeso na adolescência. Enquanto nas regiões onde a maior parte da população tem menos acesso à atenção primária e tem uma renda per capita menor, essa associação é mais forte”, explica o orientador Marcus Paes.

Premiada em terceiro lugar na categoria pôster, a pesquisa da discente Janielle Ferreira de Brito Lima, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSC), orientada pela professora e diretora de pós-graduação da UFMA, Rosângela Fernandes, apresentou os principais achados sobre os fatores que podem interferir na inteligência (QI) humana. O estudo foi realizado com 313 participantes de uma coorte de nascimentos em São Luís, Maranhão, Brasil, avaliados ao nascimento e novamente aos 18 a 19 anos. Rosângela destaca que os fatores predominantes para a inteligência são as questões sociais, como a renda e a escolaridade da família. “Não é o fato de nascer pequeno para a idade gestacional, prematuro ou com baixo peso que será determinante para a inteligência futura”.

Menção Honrosa

A UFMA foi destacada ainda com uma menção honrosa pelo trabalho intitulado “High Protein Dietary Intervention Or High Sucrose Withdrawal Equally Revert Metabolic And Cognitive Impairments Induced By High Sucrose Intake”, de autoria da doutoranda Thamys Marinho, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPCS), sob orientação do professor Marcus Paes.

A contemplada do prêmio de menção honrosa expressou o sentimento em receber o título: “Receber a menção honrosa foi uma experiência incrível. Ser cientista no Brasil não é fácil, nós enfrentamos muitos obstáculos, desde a falta de recursos até o pouco reconhecimento. Então, quando nosso trabalho é valorizado, é um sentimento de missão cumprida. Para mim, esse prêmio é ainda mais especial porque representa o Maranhão, um estado que muitas vezes fica à margem das grandes pesquisas. Saber que nosso esforço e dedicação estão fazendo a diferença é realmente gratificante”, expressa.

Por meio de grupos e projetos de pesquisa, inovação e internacionalização, a UFMA tem aprimorado o desenvolvimento acadêmico e profissional dos estudantes, visando à excelência em diversas áreas de pesquisa. Esses esforços resultam em conquistas como as obtidas no III Congresso DOHaD Brasil, destacando o progresso no conhecimento científico.

Ao comentar as premiações, a docente e Diretora de Pós-Graduação da UFMA, Rosângela, destacou a qualidade dos programas e a capacidade da Universidade de produzir pesquisas de grande impacto social. Ela expressou a alegria dos professores em ver seus orientandos sendo reconhecidos pelos trabalhos desenvolvidos, reforçando o compromisso da UFMA com a excelência acadêmica e científica. “São três programas de excelência que nós temos aqui e que os professores, claro, trabalham para ver o brilho dos alunos. Então, assim, se for perguntar como orientadora, a maior alegria não é o prêmio em si, é ver a alegria do aluno recebendo aquele prêmio, porque é fruto do trabalho deles. Eles passaram ali quatro anos, o doutorado, trabalhando e pesquisando”, frisa.

Devolopmental Origins of Health and Disease (DOHaD)

O DOHad é um evento internacional com uma linha de pesquisa que parte de abordagens cientificas como observações epidemiológicas, clínicas, experimentais e translacionais sobre a origem do desenvolvimento de doenças ao longo da trajetória de vida, que vem desde as fases da infância e primeira infância. Desse modo, apresenta estudos que analisam os fatores de riscos à saúde, desde fatores determinantes do ciclo vital da estrutura, função e metabolismo.

Por: Camilla Fernanda e Sarah Dantas

Revisão: Jáder Cavalcante 

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